Foto: Renan Mattos (Diário)
Uma das oito pessoas ligadas ao grupo empresarial Supertex, de Santa Maria, que estava entre os presos pela Polícia Federal durante a Operação Caementa, foi liberada. O grupo é investigado pela prática de pelo menos seis crimes: lavagem de dinheiro, desvio de patrimônio, fraude em licitação, omissão de vigência de contrato de trabalho, corrupção e organização criminosa.
Segundo o delegado da Polícia Federal, Getúlio Jorge de Vargas, foi concedida liberdade para uma mulher, ainda ontem, logo após ser ouvida já que a polícia entendeu desnecessária a manutenção da prisão. Ela também estaria amamentando um bebê e, por isso, não chegou a ser encaminhada ao cárcere.
Na quarta-feira, o advogado dos suspeitos, Roger de Castro, chegou a entrar com um pedido de habeas corpus para a mulher que foi solta e para outra suspeita. A Justiça negou a liminar para a segunda envolvida, mas o habeas corpus ainda deve ser julgado. O advogado não informou quais os cargos das mulheres.
O principal investigado e sócio da empresa, Elizandro Basso, continua preso na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm) assim como outros quatro homens ligados a ele na empresa. Além dos cinco, outras duas mulheres - uma funcionária e a esposa de Basso - seguem presas temporariamente no Presídio Regional de Santa Maria.
PEDIDO DE LIBERDADE
Na tarde desta quinta-feira, segundo Castro, os advogados que atuam na questão da recuperação judicial e na esfera criminal devem se reunir para alinhar informações sobre a continuidade do funcionamento da empresa. Na quarta-feira, o advogado manifestou preocupação com a prisão dos funcionários, pois entre eles estavam diretores responsáveis pela compra de insumos para a produção de concreto que abastece grande parte do mercado da construção civil de Santa Maria.
A OPERAÇÃO CAEMENTA
Na manhã de quarta-feira, a Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram a Operação Caementa, que atingiu o maior grupo empresarial de Santa Maria do segmento de produção de concreto, extração e comércio de areia e pedra que movimentaria a cifra de R$ 1 milhão por dia.
O esquema envolveria desvio de patrimônio de parte da empresa, que estava em recuperação judicial, para empresas de fachada em nomes de laranja, não pagamento de impostos - cerca de R$ 189 milhões desviados -e fraude em licitações na cidade de Garibaldi. A investigação calcula que o prejuízo ao cofres públicos possa chegar a R$ 330 milhões.
Segundo o delegado da PF, Diogo Caneda, o "mentor da fraude seria o casal dono da empresa, que começou a ter ascendência nos negócios. Todo o esquema seria liderado a partir de Santa Maria" .
Construção civil pode ser afetada por operação que investiga empresa que fornece concreto para obras
A operação foi desencadeada simultaneamente em 14 cidades gaúchas e catarinenses onde o grupo empresarial tinha filiais: Santa Maria, Porto Alegre, Bagé, Carazinho, Caxias do Sul, Frederico Westphalen, Garibaldi, Maquiné, Panambi, Passo Fundo, Rosário do Sul, São Sebastião do Caí, Três de Maio e em Camboriú (SC).
Foram apreendidos, na residência do sócio da empresa e de pessoas ligadas a ele R$ 365 mil em dinheiro (foto ao lado) e U$ 20 mil dólares (cerca de R$ 75 mil) (foto ao lado), além de caminhões, carros, celulares, HDs e computadores. A Justiça autorizou o bloqueio de contas bancárias e do patrimônio (imóveis e veículos) dos 8 investigados.