santa maria

Estudante nega que tenha forjado ataque racista contra ele próprio

da redação

Foto: Renan Mattos (Diário)

ATUALIZADA às 19h13min do dia 8 de maio de 2019

O estudante de Direito da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Elisandro Ferreira, 44 anos, denunciado ontem pelo Ministério Público Federal (MPF) por ter forjado ataque racista contra ele próprio e outra colega, convocou uma coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira.

Ele negou as acusações pelos crimes aos quais foi denunciado: injúria racial, falsidade ideológica, ameaça e denunciação caluniosa. Conforme o advogado dele, Patrik de Oliveira, eles ainda não tiveram acesso ao inquérito, mas acreditam que as mensagens tenham sido enviadas por pessoas próximas a Elisandro, que afirma ter o costume de emprestar o celular para os colegas de aula: 

- A defesa teve acesso a denúncia proposta pelo Ministério Público Federal, mas não tivemos provas que instruem o inquérito da Polícia Federal. De antemão podemos afirmar que os elementos trazidos na denúncia não são suficientes para imputar ao Elisandro o que está sendo posto a ele. Pelo contrário, o fato de que as mensagens saíram da mesma antena na qual estava conectado o telefone do Elisandro, levam a defesa a entender que corrobora com o que ele vem desde o início informando: essas mensagens e ameaças são do círculo acadêmico do Elisandro, ou seja, são pessoas do convívio acadêmico dele - alegou o advogado.

O estudante diz que ficou surpreso com as acusações e diz que essa situação pode ter sido mais uma situação de intolerância racial. 

- Não vou desistir dessa luta, a defesa vai ser feita. Me surpreendeu passar de vítima para réu, até porque a causa que eu defendo não permite isso. Se o intuito era me fazer parar ou recuar, deu errado. Eu chamo isso de racismo institucional, isso está em todos os lugares. Ontem recebi o 2º soco no estômago, o primeiro foi quando vi o meu nome nas pichações _ disse Elisandro.

A Polícia Federal concluiu que o conteúdo era enviado do aparelho de Elisandro, mas de outro chip, para ele mesmo e para Fernanda, outra estudante vítima de ataque racista.  Além disso, a PF e o MPF concluíram que ele usou o CPF do colega quando comprou o chip usado no envio das mensagens. 

Elisandro seria um dos estudantes que teria sido vítima do segundo ataque racista registrado nos últimos dois anos na UFSM. Em 14 de setembro de 2017, o nome dele e de outra estudante apareceram escritos na parede junto de frases racista, com os seguintes dizeres: "Elisandro e Fernanda, o lugar de vocês é no tronco, fora negros, negrada fora".

Cerca de três meses depois da suposto crime, Elisandro procurou a PF e disse receber, por celular, mensagens de ameaça e de cunho racista. Ele teria dito que desconfiava de um outro estudante do Direito da UFSM. Fernanda, que foi vítima do ataque na UFSM, foi novamente atacada e recebeu, por mensagem no celular, relatos com o mesmo teor racista.

MPF garante que textos partiram do telefone de Elisandro
A procuradora da República Camila Bortolotti explica que, por isso, ele foi indiciado pelos quatro crimes: ameaça e injúria racial, por suspeita de ter enviado mensagens com esse teor para Fernanda; falsidade ideológica, por suspeita de ter usado os dados de um terceiro na compra do chip e, por fim, denunciação caluniosa por suspeita de mover uma investigação de um crime que sabia ser inexistente. A investigação foi feita por peritos da Polícia Federal (PF). 

- As mensagens foram enviadas pelo celular dele de acordo com a quebra de dados referente ao Emei (número de identificação) do telefone e as estações de rádio base. Ou seja, conforme a denúncia, não há dúvida que ele comprou um chip novo, habilitou com o CPF do colega, enviou as mensagens para ele e para Fernanda e fez ligações. Eles realizou vários atos para incriminar o colega que é negro e não se sente negro, crime de injuria racial - informa Camila.

INVESTIGAÇÃO

A PF investiga, ainda, a escrita nas paredes do Diretório Acadêmico de Direito. Conforme a investigação, os erros de português das mensagens enviadas pelo telefone são os mesmos que aparecem nas pichações com ataques racistas feitas nas paredes.   


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