PLURAL: Diógenes Chaves

Redação do Diário

A coluna Plural deste sábado traz textos dos psicólogos Maria Giselma Melo e Diógenes Chaves sobre o tema Bem Estar e Saúde Mental. Os textos da Plural são publicados diariamente na edição impressa do Diário de Santa Maria. A Plural conta com 24 colunistas.

Diógenes ChavesPsicólogo clínico

A escolha da cor aqui ilustrada foi aleatória, você pode substituir a cor citada com a cor que você quiser. Então…

Imagine você com apenas um galão de tinta de cor amarela e um pincel, imaginou? Aí, você sai pintando tudo por aí, tudo que você vê, você pinta de amarelo, você não admite outra cor, só o amarelo. Porém, em alguns lugares, as pessoas reclamam, sentem-se mal, afastam-se do lugar deixando você lá sozinha, e por quê? Porque estas pessoas querem outras cores, sei lá, azul, verde, rosa, laranja, mas você vem com o seu pincel em punho e passa amarelo por tudo.

Perceba que você não tem outra tinta, a não ser a amarela, e então você acredita que o mundo tem que aceitar ser pintado com a única cor que você tem, isto é, o mundo, a vida e as pessoas têm que se ajustar a sua tinta e ao seu jeito de pintar. A isto nós damos o nome de inflexibilidade. Não são as coisas, lugares, pessoas ou situações que você tem que sair pintando com a sua única cor para que o mundo seja amarelo como você quer, você precisa carregar com você uma aquarela, várias cores, e a partir disso, pintar a você mesmo, conforme a cor da onde você está. Não é corromper a própria identidade, não é negar o próprio senso crítico, eu falo de flexibilidade, de assertividade, de variedade de repertório.

Sim, flexibilidade psicológica é isto, é você conseguir se ajustar conforme o contexto, o momento, os desafios e deixar de querer que tudo se ajuste a você, às suas ideias, ao seu ritmo, às suas manias e crenças, às suas “verdades”. Flexibilidade psicológica é deixar de insistir que todos e tudo sejam pintados com a única cor que você tem, porque não vai dar certo, você vai confrontar com a vida, produzirá embates desnecessários. Não é a vida que tem que se ajustar a você, é você que tem que se ajustar à vida. Cada contexto, cada pessoa ou momento tem a sua cor original e eles não vão admitir que você venha com o seu pincel em punho pingando tinta amarela mudando tudo ao seu gosto.

A vida é multicolorida, portanto você precisa carregar com você várias cores para conseguir se pintar com a cor do momento. Quando você não consegue fazer isto, ajustar outra cor em você mesmo, você passa a querer mudar a cor dos outros, a cor das situações, mudar o imutável, passa a querer controlar o que você não controla. Portanto, o sofrimento jamais vai estar na negação do mundo em assumir a sua cor, mas sim, na sua incapacidade de possuir outras cores com você. Seja mais flexível, aceite mais a convivência com cores diferentes da sua. Pare de ser chato, perturbador e cansativo, andando com essa tinta amarela e este pincel encharcado pingando a sua única tinta para todo o lado.  

O seu ponto de vista sempre poderá ser defendido, sua ideologia de vida sempre poderá ser apresentada, sugerida, e está tudo bem, mas jamais desconsidere que o mundo poderá discordar de você e você terá que flexibilizar diante disso, não necessariamente aceitando, porém respeitando que outras cores existem além da sua.

Leia o texto de Maria Giselma Melo

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