PLURAL: A dinâmica da violência entre jovens

Redação do Diário

A coluna Plural desta quinta-feira traz textos das articulistas Nara Stainr e Noemy Bastos Aramburú sobre o tema Direito e Sociedade. Os textos da Plural são publicados diariamente na edição impressa do Diário de Santa Maria. A Plural conta com 24 colunistas.

Confira abaixo a edição desta quinta-feira (12):

Nara Suzana StainrDoutora em Direito

As reflexões que farei hoje são inconclusas, mas importa enfatizar os acontecimentos e tragédias que vêm se instalando entre os jovens, independente de condição social do local e hora, por meio da violência, até levar à morte.

Parece que a sociedade está convencida que questões como essas se tornam comuns e não passam de mais um número na estatística, porém esse padrão anticivilizatório constitui-se em um fenômeno sócio cultural, histórico, fundante e estrutural na construção social.

Segundo historiadores, a violência no Brasil desenvolveu-se como uma forma de sociabilidade, a partir da política de manutenção da unidade territorial e da base escravocrata. Esse processo histórico motivou reflexos culturais e institucionais que, junto a fatores como a concentração de renda, drogas, desigualdade social, fluxos migratórios entre outros somatizam e conduzem nosso país a uma das sociedades mais violentas. E a parte mais cruel, com um alto grau de tolerância a números demasiados de assassinatos, o que se percebe pelos números de homicídios em nossa cidade neste primeiro trimestre, que podem ser vistos na imprensa e redes sociais.

A respeito desse fato, em nosso país a morte violenta é uma das principais causas de óbito de jovens, entre 18 e 24 anos, em especial do sexo masculino. Pesquisas demonstram que esse fato, a médio e longo prazo, acarretará em uma mudança demográfica, uma vez que o grupo mais atingido por mortes violentas é de jovens.

Nesse processo (cientificamente e estatisticamente), a alta taxa de homicídios nessa faixa etária apresenta consequências econômicas, além de serem vistas como sobre carregamento do sistema público de saúde, pois passa ser considerado como uma epidemia.

Crescem os debates e estudos em relação à violência, às periferias urbanas, às favelas e à delinquência, o que já parece distorcido, até uma forma de discriminação e exclusão, pois a violência não escolhe local geográfico, classe ou raça, ela está instalada entre os jovens de uma forma assustadora.

Justificativas de que os adolescentes passam por um fenômeno biológico, por fases naturais, divididas em infância, adolescência, vida adulta levam a pensar que pode a violência ser mais um desses momentos, mas não é. É importante lembrar a complexidade das relações, do teor social conferido a essas etapas, refletindo nas diferentes culturas e razões para um jovem agredir ou tirar a vida de outro.

Jovens elevam as estatísticas de homicídio, mas por quê? Quais as variáveis?

Diálogo, conversas, argumentações, informações disponíveis, educação formal, são supridas por medo, insegurança, disputas ou desrespeito.

A situação dessa dinâmica destrutiva para ser superada carece de superação da perda de valores em nossa sociedade como a fé, a solidariedade e a educação.

Me questiono numa perspectiva de mãe, de educadora, de jurista, de ser humano, será que a pandemia não nos deixou nenhuma lição em relação ao outro, à condição de cada um, às relações, à tolerância?

Parece que não, a morte de um jovem, jurídica e socialmente, passa a ser mais uma estatística.

A vida é frágil e vulnerável.

Clique aqui para ler o texto de Noemy Bastos Aramburú para Plural desta quinta-feira (12).

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