Morte de mulher na UPA será investigada por suspeita de Covid-19

Atualizada às 20h28min do dia 20 de abril de 2020

A causa da morte de uma mulher de 42 anos em Santa Maria está sendo investigada pela prefeitura por suspeita de infecção por Covid-19. A vítima faleceu na noite deste sábado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Casa de Saúde. Ela sofria de um quadro crítico de obesidade e não estava entre os casos confirmados ou suspeitos de coronavírus em Santa Maria. Um teste já foi realizado e encaminhado a Porto Alegre com pedido de urgência, porém, ainda não há prazo para que o resultado seja divulgado. 

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De acordo com a Associação Franciscana de Assistência à Saúde (Sefas), que administra a UPA, a mulher chegou à UPA na manhã de sábado, com sintomas gripais, como dor de cabeça e falta de ar. O caso evoluiu rapidamente para grave e ela foi levada para o leito de atendimento de emergência, onde precisou de ventilação mecânica e foi entubada. A equipe da UPA tentou estabilizá-la e seguiu o protocolo do plano municipal de contingência para casos suspeitos de Covid-19 e fez contato, por duas vezes, para encaminhar a paciente para a UTI do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), mas não obteve resposta. 

Na nota (leia abaixo), a Sefas ainda informa que a UPA tentou e conseguiu uma vaga no hospital de Santa Rosa e que, nesse meio tempo, o Husm acabou autorizando a transferência, mas a equipe da Samu acabou não podendo fazê-la em função da gravidade do caso. A paciente, após seis paradas cardíacas, não resistiu e morreu. 

Apesar de ser natural de Santiago, o irmão da vítima afirmou que ela não viajou para fora da cidade em 2020.

- Pelo que sei, ela não saiu de Santa Maria neste ano. Ela era asmática e estava acima do peso. Durante essa semana, reclamava de falta de ar e dor no corpo - relatou o irmão.

Uma amiga relatou que a mulher trabalhava como cuidadora de idosos. O corpo foi sepultado no Cemitério Ecumênico Municipal, sem velório.

Confira a notada Sefas sobre o caso na íntegra:

"Uma paciente de 42 anos, suspeita de covid-19, morreu na noite de sábado, dia 19 de abril, durante atendimento na UPA, que é administrada pela Sefas. Ela não fazia parte dos casos confirmados do novo coronavírus em Santa Maria, mas foi coletado exame e encaminhado para o Laboratório Central (Lacen), em Porto Alegre.

A mulher chegou à UPA, na manhã de sábado, com sintomas gripais, como dor de cabeça e falta de ar. O caso evoluiu rapidamente para grave, ela foi levada para o leito de atendimento de emergência, precisou de ventilação mecânica e foi entubada. A equipe da UPA tentou estabilizá-la e seguiu o protocolo do plano municipal de contingência para casos suspeitos de covid-19, já que a unidade é referência em atendimento emergencial da enfermidade, fez contato sem sucesso, por duas vezes, para encaminhar a paciente para a UTI do Husm (Hospital Universitário de Santa Maria).

A UPA ainda tentou e conseguiu uma vaga no Hospital de Santa Rosa. Nesse meio tempo, o Husm acabou autorizando a transferência, mas a equipe da Samu acabou não podendo fazer a transferência em função da gravidade do caso. A paciente, após seis paradas cardíacas, não resistiu e morreu na UPA.

Além do quadro de síndrome gripal grave característico do covid-19, a paciente era asmática e obesa. Ela morava em Santa Maria e era natural de Santiago.

A direção da UPA esclarece que o atendimento desse caso e de outros que chegam diariamente à unidade de saúde são realizados conforme os protocolos que desde janeiro vêm sendo testados e treinados. Toda a equipe adota os procedimentos indicados no atendimento, incluindo o uso de equipamentos de proteção individual, como protetor facial, máscaras, luvas, avental e álcool gel, entre outros. E foi adotado o protocolo para casos de mortes suspeitas ocorreu conforme o protocolo para covid-19. Sem velório, com reconhecimento sem toque e orientação aos contactantes.

Cabe ressaltar que a UPA é uma unidade de referência em possíveis casos de coronavírus. Equipe de enfermagem, médica, recepção e os acadêmicos da UPA e da Casa de Saúde, que funciona no mesmo complexo de saúde, estão preparados para recepcionar pacientes com suspeita do caso.

Na Upa, são 12 leitos de observação e 2 para atendimento de emergência com suporte de respiradores. Na unidade, o paciente recebe o primeiro atendimento, é estabilizado e encaminhado para hospital referenciado conforme o protocolo municipal de contingência da rede pública de saúde para Covid-19.

Na Casa de Saúde, está sendo preparada uma ala para tratamento de casos de menor gravidade com 11 leitos clínicos para coronavírus. Cabe ressaltar que a Casa de Saúde, é um hospital de baixa e média complexidade e não possui UTI."

Na segunda-feira, dia 20, o Hospital Universitário divulgou nota em que diz que não negou atendimento. Em nota, o Husm esclarece que, por meio da sua Central de Regulação, recebeu apenas um telefonema da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), por volta das 18h30min, solicitando a internação da paciente. "Contudo, como o pedido encaminhado via Gerint (programa de Gerenciamento de Informações Hospitalares do Governo do Estado), solicitava vaga na UTI Covid, era indispensável a confirmação do caso por meio do exame de imagens", diz a nota. Ainda segundo o Husm, por tratar-se de paciente em estado crítico, se adentrasse à área sem estar infectada, a contaminação seria inevitável. Cerca de 15 minutos após a ligação e o envio do exame, a internação foi autorizada. Porém, o transporte pelo Samu não foi possível devido ao rápido agravamento do estado de saúde da paciente. "

*Colaborou Rafael Favero