Jovens são as principais vítimas de homicídios na cidade em 2022

Redação do Diário

Jovens são as principais vítimas de homicídios na cidade em 2022

No feriado de terça-feira, aniversário de Santa Maria, Vitor Moreira Machado, 18 anos, foi executado com 11 tiros no Bairro Divina Providência. Ele entrou para as estatísticas de uma triste realidade que assola a cidade em 2022. Das 33 pessoas assassinadas neste ano, 15 eram jovens com até 30 anos.

O crescimento dos assassinatos deixa o município em alerta. Neste ano, os crimes tiveram aumento de 73,6% em relação aos 19 crimes registrados de janeiro a maio de 2021. As principais vítimas dessa crescente onda de violência são os jovens do sexo masculino. O tráfico de drogas é o pano de fundo que está ceifando vidas tão cedo no Coração do Rio Grande.

Após nove semanas, todas as 21 regiões Covid do Estado recebem Avisos

A cada três pessoas mortas na cidade, uma tem até 30 anos. A violência não poupa sequer adolescentes. Veja os dados no gráfico:

!function(e,i,n,s){var t="InfogramEmbeds",d=e.getElementsByTagName("script")[0];if(window[t]&&window[t].initialized)window[t].process&&window[t].process();else if(!e.getElementById(n)){var o=e.createElement("script");o.async=1,o.id=n,o.src="https://e.infogram.com/js/dist/embed-loader-min.js",d.parentNode.insertBefore(o,d)}}(document,0,"infogram-async");Homicídios SM_maio22Infogram

Diante de um cenário com três dezenas de vítimas, as notícias de assassinatos de jovens já não parecem despertar tanta atenção. Há uma certa banalização dos crimes, como descreveu a doutora em Direito Nara Suzana Stainr em artigo publicado no Diário em 12 de maio. “Parece que a sociedade está convencida que questões como essas se tornam comuns e não passam de mais um número na estatística”, apontou.

A advogada ressalta que a morte violenta é uma das principais causas de óbito de jovens entre 18 e 24 anos no Brasil, em especial do sexo masculino. E alerta para as consequências disso, tanto na área econômica quanto na de saúde pública, pela sobrecarga nos hospitais para atender as vítimas da violência.

Nara diz que os especialistas tentam compreender por que a violência tem atingido os mais jovens. Uma das explicações é de que a pandemia do coronavírus provocou uma crise global, com impacto em diversos setores e implicações sociais e econômicas. Isso incide diretamente no contexto da criminalidade e da violência.

– Em países em desenvolvimento, fatores como a fome, o desemprego, a vulnerabilidade social, o cenário de violência sexual, psicológica, familiar, bem como o acesso às drogas, todos esses elementos são indicadores criminais relacionados à violência que ocorre na rua – diz.

Nara relaciona o aumento dos índices de criminalidade e homicídios à volta da “normalidade”, à maior aglomeração de pessoas e à flexibilização das regras de distanciamento social.

– No auge da pandemia, estávamos todos isolados. Os índices de homicídios eram mais baixos, mas outros crimes, como violência doméstica e cibercrimes, tiveram aumento.

A doutora em Direito considera necessária a discussão de algumas implicações criminológicas que decorreram da pandemia. Trata-se de um cenário novo, tanto para os pesquisadores quanto para o sistema de justiça e sistema criminal.

Contra isso, é fundamental rever os papéis de cada um no ambiente social, e investir em educação, uma falha histórica dos governos brasileiros.

Suspeitos de matar jovem com 11 tiros são presos em Santa Maria

ANTECEDENTES

O sociólogo, psicólogo e professor Francis Moraes de Almeida, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pondera que o aumento da taxa de homicídios não implica diretamente no aumento da criminalidade ou da violência de um modo geral.

– Em escala nacional, a maior parte desses homicídios, cerca de 70% a 80%, é cometida por pessoas que têm antecedentes criminais contra pessoas que têm antecedentes criminais. São conflitos entre pessoas que pertencem a facções, muitas vezes sobre o contexto da disputa por pontos de venda de ilícitos.

Segundo Francis, não há uma violência generalizada que afete a maior parte da população, pois os indicadores de homicídios acabam se tornando indicadores das atividades e conflitos das facções da região. Para o professor, quanto mais alguém tem medo de ser vítima de um crime, menor a chance de realmente se tornar uma vítima, pois irá deixar de se expor aos riscos.

– Ser vitimado por homicídio ou latrocínio é um medo muito recorrente. Mas na verdade é muito pouco provável, do ponto de vista epidemiológico e estatístico, que uma pessoa sem antecedentes criminais seja vítima de um homicídio por uma pessoa desconhecida na rua – observa o professor.

ÓRGÃOS DE SEGURANÇA INVESTEM EM AÇÕES PARA O COMBATE À VIOLÊNCIA

Operação contra o crime apreende armas, drogas e recaptura foragido em Santa Maria. Foto: Mauricio Barbosa (Diário)

Os órgãos de segurança têm intensificado as operações conjuntas no combate à violência em Santa Maria. Para a Polícia Civil, o trabalho tem sido cada vez mais intenso, na maioria das vezes junto da Brigada Militar.

– Os resultados concretos evidenciam isso, ou seja, os altos índices de elucidação, as prisões. Já fizemos a prisão de 20 adultos, a apreensão de 10 adolescentes e apreendemos nove armas de fogo, continuamos representando cautelarmente pela prisão de investigados e adolescentes infratores, apreensões. O nosso objetivo é identificar e responsabilizar todos os envolvidos nos homicídios tentados e consumados – afirma o delegado Gabriel Zanella, titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa.

Ele lembra que a Civil é uma polícia repressiva, de investigação, e atua quando o crime já aconteceu. Por isso, é importante o trabalho conjunto para que as prisões e apreensões de armas e de adolescentes infratores possam repercutir de forma indireta na redução dos homicídios e nas tentativas de assassinato.

Conforme Zanella, cada vez mais ocorre o envolvimento de pessoas abaixo de 18 anos com o tráfico de drogas, e isso reforça os índices de jovens e adolescentes mortos.

– Começam como usuários e, depois, acabam se inserindo no mundo do crime. As repercussões negativas desse envolvimento são as piores possíveis e, não raro, uma dívida de drogas acaba redundando em um homicídio consumado ou tentado – diz o delegado.

Zanella alega que as forças de segurança são cobradas muitas vezes para dar fim à violência, mesmo cumprindo com o seu papel corretamente.

– A Polícia Civil e a Brigada Militar são cobradas por aspectos ou atribuições que não são de sua alçada. Tanto isso é verdade que nós prendemos muitos indivíduos pela terceira ou quarta vez em um curto período de tempo. Indivíduos com gravíssimos antecedentes policiais que, no nosso entender, não deveriam estar na rua em liberdade – diz.

Caso Rafael: perícia em arquivo de áudio foi autorizado

INTELIGÊNCIA

Segundo o tenente-coronel Paulo Antônio Flores de Oliveira, comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (1ºRPMon) da Brigada Militar, a polícia tem intensificado as ações de combate à criminalidade nas ruas.

– Reconhecemos que houve um aumento no número de homicídios nos últimos quatro meses, em razão de uma briga entre facções locais por território de drogas. Através da inteligência policial, pontuamos os principais locais e horários onde estão acontecendo os homicídios e procuramos reforçar as nossas patrulhas nesses locais com abordagem policial – informa.

De janeiro a abril, foram feitas mais de 15 mil abordagens, com 70 armas recolhidas e 65 foragidos capturados.

– Estamos “poluindo” de policiamento ostensivo os locais onde a inteligência pontuou como os locais com maior incidência de criminalidade. Estamos trabalhando em conjunto com a Polícia Civil, visando diminuir os índices de criminalidade, principalmente o número de homicídios – assegura o comandante Paulo Antônio.

Lenon de Paula, Marcos Fonseca e Maurício Barbosa

Leia mais notícias da Segurança

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Atleta do ATC se prepara para disputar competição na França Anterior

Atleta do ATC se prepara para disputar competição na França

Jogador castilhense é campeão na República Tcheca Próximo

Jogador castilhense é campeão na República Tcheca

Geral