com a palavra

Jornalista e cineasta conta sobre carreira na comunicação e na arte

Victoria Debortoli

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Arquivo pessoal
Kytta em uma de suas viagens, em Toledo, na Espanha

Apaixonada por contar histórias. É assim que Maria Cristina Tonetto, a Kytta Tonetto, se define. Nascida em Santa Maria, ela é jornalista e cineasta. Entre diversas obras realizadas, foi primeira assistente de direção do longa Manhã Transfigurada e produtora do filme Hamartia - Ventos do Destino. Com doutorado pela Universidade da Beira Interior, de Portugal, ao longo de sua carreira como pesquisadora organizou dois livros sobre mulheres no cinema. Kytta também atuou como professora no curso de Jornalismo da Universidade Franciscana, onde foi uma das responsáveis pelo nascimento da TV Unifra e do curso de Especialização em Cinema.  

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Diário de Santa Maria - Como você foi para a área da comunicação?

Kytta Tonetto - Desde criança, sempre gostei de contar histórias. Fiz o curso de Jornalismo na Universidade Católica de Pelotas e meu primeiro emprego como jornalista foi no jornal O Estado, em Florianópolis, que foi uma escola para uma recém-formada. Depois, fiz assessoria de imprensa e, na sequência, resolvi trabalhar na televisão. Na TV Globo do Rio, tive a oportunidade de trabalhar em vários telejornais e, também, em outros programas. Foi um grande aprendizado que carrego para a vida. Sou imensamente grata a minha carreira como jornalista e pelas oportunidades que recebi nos grupos de comunicação onde trabalhei. Através do jornalismo aprendi a olhar o mundo de forma mais crítica, a perceber a sociedade e as pessoas de outra forma. A profissão me possibilitou trabalhar com algumas das minhas referências e através desses trabalhos fiz amigos para a vida e obtive um conhecimento muito grande.

Diário - O cinema entra quando na sua vida?

Kytta - A televisão me colocou muito próxima do documentário e para o cinema de ficção foi uma escolha. A TV já nos proporciona o contar histórias através das imagens e o cinema é uma expansão das ideias e da criatividade. Assim, o cinema que tinha entrado na minha vida timidamente em 1995, com os filmes documentais, a partir de 1999 passou a protagonista com a pesquisa e os filmes ficcionais.

Diário - Quais foram seus projetos mais expressivos como realizadora e produtora audiovisual?

Kytta - De volta ao Rio Grande do Sul, conheci o Sérgio Assis Brasil, amigo e parceiro em muitos trabalhos. Falar quais foram os de maior relevância é difícil. Todos tiveram importância. O curta-metragem Amizade, da série Curtas Gaúchos da RBS, foi meu primeiro roteiro e direção ficcional aqui no sul e foi importante para mim, uma oportunidade de trabalhar com uma equipe local e colocar em prática tudo que eu pensava naquela época (hoje, com certeza, faria diferente). O Manhã Transfigurada, filme do Sérgio, onde fui primeira assistente de direção, foi uma escola para toda equipe. O Hamartia - Ventos do Destino foi outro ensinamento, ali fui a produtora, tarefa que dividi com o Marcio Negrini. Enfim, poderia citar todos os trabalhos realizados até aqui, pois cada um tem algo especial, o que o torna único. O cinema nos ensina a trabalhar em equipe e, dessa forma, nos possibilita vivenciar as experiências de outras pessoas. 

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Durante a defesa do doutorado, em Portugal

Diário - Você também atua como pesquisadora em Cinema. Quando começou?

Kytta - Começou com o mestrado que conclui em 2006 em Integração Latino-Americana (Mila), na UFSM, onde pesquisei o cinema neorrealista no Mercosul. Depois do mestrado, vieram outras pesquisas dentro da área, até o doutorado. Meu doutoramento foi na Universidade da Beira Interior, em Portugal, e minha pesquisa foi sobre a circulação do cinema universitário brasileiro e português nas redes sociais digitais, que concluí em 2017. Foram quatro anos de aprendizado, um período que me proporcionou conhecer culturas, pessoas de várias partes do mundo e ampliar meus horizontes.

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Diário - Você é organizadora de dois livros que falam sobre mulher no cinema. Como vê o cenário atual?

Kytta - No meio das minhas pesquisas, organizei o primeiro livro, lançado em 2011, O Olhar Feminino no Cinema; e o segundo, em 2015, O Olhar Feminino no Cinema Hispano - americano. Quando olhamos para o papel da mulher no cinema, constatamos que ainda é preciso evoluir muito. Embora as mulheres tenham ganhado destaque na Sétima Arte, com duas indicações ao Oscar neste ano, não podemos deixar de observar que é pouco para todas que construíram a cinematografia até hoje. Claro que estas não são as únicas premiações que o cinema fez até hoje para as mulheres, mas ainda temos um universo machista no audiovisual e precisamos modificar esse olhar. Esperamos até 2010 para o Oscar premiar uma mulher como melhor direção (Kathryn Bigelow, por Guerra ao Terror) e agora, em 2021, na 93° edição teremos, quem sabe, outra mulher premiada. 

Diário - Além de cineasta e pesquisadora, você também atuou na docência.

Kytta - Meu caminho na docência tem início em 2001, quando comecei a ministrar aulas no curso de extensão de Cinema Digital da UFSM. Em 2005, dei início à docência no curso de Jornalismo da UFN, onde ministrei algumas disciplinas (Cinema, Documentário, Telejornalismo entre outras), montei a TV Unifra, lançada em maio de 2008, e criei o curso de Especialização em Cinema, em março de 2011. Sou grata a todos os anos de docência, quando pude orientar muitos alunos inspiradores, ampliar meu conhecimento, realizar muitas trocas com meus pares e com os próprios alunos. A docência é uma experiência enriquecedora em todos os sentidos. 

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Com a sobrinha Luiza, o filho Matheus e a irmã Marta

Diário - A família foi apoiadora na sua trajetória?
Kytta -
No meio de tantos trabalhos, encontros e desencontros, sempre é possível achar um tempo para a família e para os amigos. Me considero uma pessoa privilegiada, pois em todos os lugares que morei e trabalhei trago comigo amigos verdadeiros. Minha família que já foi grande, hoje ficou pequena. Minha irmã, que mora em Santa Maria, Marta Tonetto, minha sobrinha, Luiza Tonetto e meu filho Matheus Tonetto Muniz são o meu baluarte, meus grandes incentivadores e apoiadores de todas as minhas jornadas. Me considero imensamente feliz e grata de tê-los comigo nessa vida. Acho que a palavra que define minha vida nesse momento é gratidão.

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