entrevista

Ex-comerciante conta os desafios do comércio no passado após 60 anos na frente dos negócios

Da redação

Fotos: Arquivo Pessoal

A aposentada Olinda Rosa Beltrame, 86 anos, ficou casada com João Garibaldi Beltrame, falecido há 63 anos, durante apenas quatro anos e meio. Quando ela tinha 22 anos, e ele 28, ficou viúva. O casal não chegou a ter filhos. Olinda tocou os negócios da família junto dos sogros e cunhados e também passou a ajudar o Lar das Vovozinhas. A primogênita do construtor Lucas Rosa e da dona de casa Maria Refosco Rosa, ambos falecidos, também é irmã de Almiro, Elena, Ilda, Elisa, Helio e Elida. Olinda adora a casa cheia. Ela tem seis sobrinhos e oito sobrinhos-netos, que recebe com muito carinho em sua casa, localizada no Bairro Nossa Senhora das Dores. Olinda orgulha-se em ter sido a terceira mulher a tirar a carteira de motorista em Santa Maria, na época, e já ser independente.

Nesta entrevista, ela fala sobre sua vida e sobre como era o comércio local no passado.

Diário - Que desenvolvimento a senhora notou desde que assumiu as lojas da família? 
Olinda Rosa Beltrame - Abriram muitas lojas. A nossa, vendia de tudo, começou como armazém e passou a vender roupas e enxovais. Tínhamos duas. Uma na Rua Pinto Bandeira, ao lado da Churrascaria Tertúlia, e outra onde hoje funciona a Academia KeepFit, na Avenida Nossa Senhora das Dores. Após o falecimento do meu marido, meu sogro disse que eu iria assumir os negócios. E, assim foi, por mais de 60 anos. Na época, o comércio dava muito dinheiro. Tínhamos muito movimento e um dos nossos fiéis clientes até pediu para que agendasse um horário para ele (risos). O movimento e a tanto dentro das nossas lojas que guardávamos o dinheiro embaixo de uma caixa para arrumarmos quando a empresa fechasse. 

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Diário - Sua relação com Santa Maria é muito estreita.
Olinda
- Sim. Nasci e me criei no Coração do Rio Grande. Por muitos anos, morei, e ainda moro, no Bairro Nossa Senhora das Dores. A cidade cresceu e se desenvolveu muito desde 1955, ano em que assumi o comércio da família. Sempre trabalhei muito e resolvemos parar há três anos. Sempre fui muito ativa com a cidade. E o município proporcionou que eu fizesse meu pé de meia para viver tranquila quando me aposentasse. Acabei fazendo só até o ginásio, já que, na época, se quiséssemos, tínhamos que ir para Porto Alegre. Mas me formei na faculdade da vida, aprendendo e ensinando, na prática, sobre o comércio aos irmãos e familiares. 

Com a sobrinha-neta Giovana em frente a segunda loja da família, em 15/10/2006, próximo a antiga rodoviária, na Avenida Nossa Senhora das Dores

Diário - Por que a senhora optou por não mais casar?
Olinda
- Após o falecimento do meu marido, fiquei bem triste e procurei a ajuda do padre e psicólogo João Tomazzi. Na época, ele me aconselhou que, se eu não quisesse casar de novo, poderia começar um trabalho voluntário em uma instituição da cidade. E foi o que fiz. Desde então, ajudo o Lar das Vovozinhas, arrecadando donativos e comidas em supermercados. Fazer esse voluntariado me ajudou a superar a tristeza que eu sentia com a perda do meu marido. Ajudei muito o senhor Constantino Cordiolo, fundador do lar, a alimentar as vovós que estavam na casa. Meu pai ficou muito emocionado ao saber que continuei com o trabalho dele e, em algumas ocasiões, até mesmo chorava de emoção por ver a família seguindo a causa que ele começou. Constantino dizia que não estaria aqui para ver no que o lar iria se transformar, mas acreditava que eu, sim. E, para mim, é um presente de Deus ter o privilégio de ver esse sonho se realizar. 

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Diário - A senhora tem um grande carinho por todas as vovós.
Olinda
- Tenho sim. Algumas são minhas afilhadas, como a gaiteira Marieta Rodrigues, que há quase 50 anos morava no lar e encantava a todos com o som de sua gaita. Ela faleceu aos 79 anos, em abril deste ano. Meus aniversários sempre são comemorados com elas, com uma torta, risadas e muita conversa. Quando a Marieta era viva, quem alegrava as missas e aniversários era ela. O Lar das Vovozinhas está mais silencioso desde que ela partiu. Meu carinho é tão grande que, junto da organizadora, Bibiana Arrua Fantinel, e da autora, Viviane Arrua Fantinel, escrevi um livro sobre a história do lar. Quem nos ajudou também foram a Cássia Guerra Righi e a Celina Fleig Mayer. O livro é da editora e gráfica Pallotti e foi lançado em 2014. Nele reunimos fotos, curiosidade e toda a história do lar. Desde 2011, sou patronesse do lar. 

Em família, no batizado de Antonella

Diário - Qual o sentimento em poder ajudar o lar por mais de 60 anos?
Olinda
- De paz interior, gratidão e que ainda estou cumprindo minha missão. Tenho muito orgulho de tudo o que já construí, com ajuda de familiares, no lar. Como sou muito devota de São Dimas, faço muitas orações para que ele olhe pelo lar.

Colaborou Natália Venturini

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