Crise comercial com os EUA gera forte impacto nos principais setores da economia brasileira

A imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos, anunciada na quinta-feira (10) pelo presidente Donald Trump, desencadeou reações imediatas nos setores produtivos do país. A medida, considerada um “ataque à soberania econômica” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, colocou em alerta desde o agronegócio até a indústria de base, passando pelo comércio exterior e mercado financeiro.

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Agronegócio em alerta: soja, carne e café na linha de frente

O setor mais atingido no curto prazo é o agronegócio. Segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), os Estados Unidos representam cerca de 15% das exportações brasileiras de proteína animal e produtos agrícolas industrializados.

Empresas de carne bovina e suína, como JBS e BRF, já alertaram para a necessidade de redirecionar cargas que seguiriam para os EUA nos próximos dias. 


A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) também demonstrou preocupação com o impacto sobre o complexo da soja. 

Indústria: custo e competitividade em jogo

Na indústria de transformação, a repercussão foi igualmente negativa. O setor de calçados e têxteis — com forte presença no Sul do país — teme a perda de competitividade. 

O setor automotivo também acompanha com cautela. Embora as exportações de veículos para os EUA sejam limitadas, autopeças e componentes sofrem impacto indireto com a retração da cadeia global. 

Comércio exterior pede reação diplomática

O agronegócio e a indústria pressionam o governo federal por uma resposta imediata na esfera diplomática e na Organização Mundial do Comércio (OMC). O Itamaraty já sinalizou que prepara uma queixa formal, enquanto o Ministério da Fazenda estuda contramedidas baseadas na Lei de Retaliação Comercial.

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) classificou a medida como “arbitrária e prejudicial a uma relação histórica”. 

Mercado financeiro reage com volatilidade

Na Bolsa de Valores, a repercussão foi imediata. O Ibovespa fechou em queda de 1,2% na sexta-feira (11), puxado por perdas em ações do setor exportador. O dólar subiu para R$ 5,39, em meio à cautela dos investidores diante do novo cenário internacional.

Economistas apontam que, além do impacto direto nas exportações, a crise pode afetar o fluxo de investimentos e comprometer o equilíbrio da balança comercial nos próximos trimestres. 

Governo promete reação firme e defende soberania

O presidente Lula reforçou, em pronunciamento neste sábado, que o Brasil "não aceitará ser prejudicado por medidas unilaterais e eleitorais de outros países". O governo estuda incluir o tema na próxima cúpula dos BRICS e fortalecer alianças comerciais alternativas com Europa, China e países do Oriente Médio.

— Estamos diante de uma crise que exige união nacional. O Brasil não abrirá mão de seus interesses, mas agirá com responsabilidade e firmeza — afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

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