livre demanda

No Agosto Dourado, mães e profissionais refletem sobre a importância do aleitamento materno

Arianne Lima

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Foto: Pedro Piegas (Diário)

Geralmente, os seis primeiros meses de um recém-nascido são repletos de emoção, descobertas e é claro, muito leite. Por conta disso, gestantes e puérperas são cada vez mais incentivadas por profissionais e instituições de saúde a se informar sobre o aleitamento e a importância deste gesto, que vai além de um momento entre mãe e bebê.

Na Semana Mundial de Aleitamento Materno, que ocorre de 1º a 7 de agosto, o Diário de Santa Maria conta as histórias de Luise e Angélica, mães que dedicam seu tempo e atenção para oferecer aleitamento em livre demanda para os pequenos Augusto, de 11 meses, e Ravi, de quase 4.

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VÍNCULO

Primeiro filho da doula e consultora em aleitamento materno, Luise de Araujo, 27 anos, Augusto nasceu no dia 3 de setembro do ano passado, no Hospital Casa de Saúde. Após o parto conturbado, mãe e filho encontraram mais desafios a serem enfrentados, especialmente com relação à amamentação.

Com apenas sete dias de vida, Augusto foi diagnosticado com anquiloglossia, que popularmente é conhecido como a anomalia da língua presa, sendo submetido em pouco tempo a um procedimento chamado Frenotomia. A cirurgia, que consiste no corte parcial do freio lingual, busca diminuir potenciais prejuízos à sucção, deglutição e fonação da criança. De acordo com Luise, o processo de aleitamento melhorou após a intervenção:

- Nosso começo de amamentação foi um pouquinho complicado, por causa dessa alteração que ele tinha na linguinha. Durante sete dias, eu sofri bastante para amamentar e ele cansava bastante também por ter que fazer muito esforço para conseguir extrair o leite. Depois do procedimento, a amamentação melhorou muito. Eu não tive mais dor e ele também não se cansou mais. Foi a partir disso que eu descobri a importância da consultoria de aleitamento materno.

As reflexões como mãe sobre teoria e prática se tornaram os pilares para o trabalho realizado por ela, profissionalmente, desde novembro de 2020. Após contar com as orientações de uma colega de trabalho sobre o assunto, Luise se sentiu incentivada a estudar, ressaltando sempre que possível a relevância da informação durante e depois da gestação:

- Eu acho que é um 'item do enxoval' muito importante para a mulher. Muito mais importante do que um quarto, por exemplo, ou um kit berço, em que gastamos bastante. Inclusive, eu gastei com isso e não me preocupei com a amamentação como deveria. Então, acredito que as mães devem investir mais nisso, para que esse período seja tranquilo e sem maiores intercorrências - conclui.

Aos 11 meses, Augusto segue uma amamentação em livre demanda. E Luise busca equilibrar da melhor forma os compromissos de trabalho com a alimentação do filho. Agora, a mãe, que está imunizada completamente contra a Covid-19 desde julho, comemora a oportunidade de também proteger o filho através do aleitamento. Além da saúde física, a mãe de primeira viagem descreve o ato como de celebração constante para o filho.

- Eu acho que essa tranquilidade dele vem, justamente, porque ele sabe que eu estou aqui. Porque o peito não é só leite. É aconchego, carinho e segurança. Quando ele está com medo de alguma coisa, ele pede peito. Quando ele está feliz, ele quer o peito. Então, eu sempre digo que amamentar é mais do que nutrir. E acredito que isso faz sim muita diferença na vida da criança - afirma a mãe, argumentando que não pretende parar tão cedo de amamentar.

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Foto: Marcelo Oliveira (Especial)

APOIO

Em abril deste ano, a administradora Angélica Pinheiro Medeiros, 32 anos, deu entrada no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), devido a um descolamento de placenta na 32ª semana de gestação.

No dia 10, nasceu o pequeno Ravi. Considerado prematuro, o recém nascido permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal da instituição durante 17 dias. Neste período, as orientações sobre aleitamento foram essenciais.

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- Como ele veio antes, eu não tive todo aquele processo de conseguir amamentar. Eu ficava na UTI das 7h30min até as 23h, todos os dias, tentando estimular (a descida do leite) para ajudar ele a sair daquela situação. Me senti super orgulhosa quando consegui amamentar ele com o meu leite. As enfermeiras da Neo me ajudaram, me ensinaram a como extrair o leite e amamentar - comenta a mãe de primeira viagem, ressaltando que o marido, Alisson, também participou do processo com a orientação das profissionais.

Através de uma sonda, Ravi recebia os primeiros goles de um líquido precioso, que além de benefícios para a saúde, carregava o desejo de melhoras de uma mãe a seu filho. O contato corporal entre mãe e filho veio no 10º dia e para a surpresa de todos, o primeiro aleitamento foi um sucesso:

- Tínhamos medo que ele não conseguisse (realizar a sucção), por ser muito pequeno. Mas, no momento em que tiraram a sonda e botaram ele no meu colo, ele já pegou o peito e seguiu mamando. E não tem palavras que descrevam isso.

Hoje, com quase quatro meses, Ravi segue com acompanhamento mensal de diversos profissionais no Husm, contando principalmente com consultas com oftalmologista e fonoaudiólogo. Acompanhando o filho crescer e apostando no aleitamento em livre demanda, Angélica, que também já tomou a primeira dose da vacina contra a Covid-19, reflete sobre a necessidade de paciência e informação para passar por esse processo da melhor forma:

- É muito importante ter um suporte, um apoio. Porque, se você não tem, se torna algo que pesa muito mais no nosso psicológico do que o próprio ato de amamentar.

A professora do curso de Nutrição e do mestrado profissional em Saúde Materno Infantil da Universidade Franciscana (UFN), Franceliane Jobim Benedetti, confirma que, no caso de bebês prematuros, o processo de aleitamento exige maior paciência e dedicação:

- Com 34 semanas, dentro da barriga da mãe, o bebê já começa a ter a habilidade de sucção. Então, depois que nasce, com estímulo, ele consegue se alimentar, pegar o seio da mãe e sugar. Antes desse período, ele não tem essa habilidade ainda. Neste caso, precisa haver um trabalho muito grande, uma parceria entre mãe e profissionais de saúde, porque será preciso estimular o bebezinho a esse processo de sucção.

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ORIENTAÇÕES

De acordo com Franceliane, no momento em que a gestante entra em trabalho de parto, hormônios são liberados para facilitar a produção do leite. Em média, este processo pode levar de três a cinco dias. No caso de procedimentos eletivos, como cesáreas, nos quais não há indícios da entrada natural em trabalho de parto, as mães devem optar pela realização da Hora Dourada, um contato corporal entre mãe e filho nas primeiras horas de vida.

- O contato pele a pele vai ajudar na produção e gestão desses hormônios que trabalham na lactação. Então, em algumas ocasiões, a Hora Dourada é um fator que pode ajudar muito - afirma a profissional.

Antes do leite materno comum, surge o colostro, um tipo de leite amarelado e espesso repleto de nutrientes e proteínas. Segundo a nutricionista, uma puérpera pode gerar até 5 ml de colostro por mamada, auxiliando no crescimento do recém-nascido nos primeiros dias. Ainda de acordo com a profissional, até os seis primeiros meses, o bebê deve ser alimentado exclusivamente com leite materno. Após este período e com o acompanhamento de uma profissional, podem ser inseridos outros alimentos ou frutas. 

Outros assuntos relacionado à saúde das crianças ganharam notoriedade, especialmente durante a pandemia. A contaminação e uma possível imunização de recém-nascidos contra a Covid-19 através da amamentação são alguns destes pontos. Segundo Franceliane, a melhor forma de proteger é seguir amamentando:

- Na pandemia, muitas mães ficaram realmente preocupadas e os profissionais de saúde também. Inclusive, no inicio, tinha-se dúvidas de como isso poderia acontecer ou se o vírus passava pelo leite materno. Mas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e todos os estudos atuais apontam que não. As mães podem amamentar seus bebês, porque, inclusive, o leite materno vai proteger essas crianças contra a Covid-19.

Tanto no relato de Luise, quanto no de Angélica, a procura por informações foi importante para ultrapassar as barreiras e mitos na hora de amamentar. Para as novas gestantes, a nutricionista indica que estudos comecem desde cedo.

- Sempre oriento que comecem a buscar informações no pré-natal, porque esse é o melhor momento para a mulher se empoderar e estudar sobre a amamentação. Porque, depois que o bebê chega em casa é muita novidade. É um bebezinho novo e os hormônios daquela mulher já estão a mil. Então, realmente é importante começar a ler e estudar lá no pré-natal - afirma Franceliane, ressaltando que a Caderneta da Gestante pode ser uma aliada na busca por informações oficiais e seguras.

Caso a mãe sinta dor, perceba que seu bebê está mamando menos ou não ganhando preso, é aconselhado que a mulher busque ajuda de um profissional de confiança, de uma unidade de saúde ou de uma consultora de amamentação.

AÇÕES LOCAIS

No final deste mês, deve ocorrer o 4º Seminário Integrado de Aleitamento Materno em Santa Maria. Promovido pelo Governo do Estado, Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Franciscana (UFN) e por acadêmicos da Residência Multiprofissional, as inscrições para o evento, que será transmitido pelo YouTube no dia 26 de agosto, devem ser divulgadas em breve. 

PROGRAME-SE

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Foto: Pedro Piegas (Diário) / Aos 11 meses, Augusto, filho de Luise, desfruta do aleitamento em livre demanda

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