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Família de Santa Maria compra castelo histórico que pertenceu a Assis Brasil

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: João André Lehr (Jornal Tribuna do Pampa)
Castelo de quatro pavimentos e 44 cômodos foi inaugurado em 1912. No local, foi assinado o pacto que pôs fim à Revolução de 1923

Uma família de Santa Maria está escrevendo seu nome na história do Rio Grande do Sul. Nos próximos dias, os Segat, que atuam no ramo da advocacia, formalizarão a compra do Castelo de Pedras Altas, um dos mais antigos do Brasil, construído no início do século 20.

A família pede segredo sobre a negociação, que será anunciada em evento nesta sexta, às 13h, com a presença da secretária estadual da Cultura, Beatriz Araujo, e de autoridades. Ao Diário, um dos responsáveis pelas negociações por parte da família Segat confirmou a compra e garantiu que a meta será reabrir o castelo para visitação e transformá-lo em centro cultural. O valor não foi divulgado.

Localizado no município de Pedras Altas, perto de Bagé, na Região da Campanha, a fortaleza construída em granito rosado foi inaugurada em 24 de junho de 1912. Além de ter pertencido a um dos mais respeitados diplomatas gaúchos, o advogado Joaquim Francisco de Assis Brasil, o castelo também foi palco de um feito histórico.

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Dentro do imponente imóvel, com nada menos do que 44 cômodos, foi assinado o Pacto de Pedras Altas, que pôs fim à sangrante disputa entre ximangos e maragatos, conhecida como Revolução de 1923. Essa guerra promoveu profundas mudanças nos rumos políticos do Rio Grande do Sul e, mais tarde, do próprio Brasil. A mesa onde o pacto foi assinado segue intacta, assim como as cadeiras.

O novo capítulo de Pedras Altas está por começar em breve, após o fim de uma longa negociação entre os 20 herdeiros de Assis Brasil que permitiu a venda do castelo. A estrutura, localizada a apenas duas quadras da prefeitura, está fechado desde 2017, quando uma das herdeiras deixou o imóvel. Desde então, as visitações foram encerradas, e houve registro de furtos. Atualmente, o local é vigiado.

BIBLIOTECA
Outra bisneta de Assis Brasil, a advogada Suzana de Assis Brasil Mendes, 53 anos, moradora de Porto Alegre, diz que a família tem muito apreço pela edificação, mas não havia mais condições de manter o imóvel.

- É um amor de família, mas a parte alegre é que o sonho dele (Assis Brasil) era que fosse aberto à visitação, principalmente os livros, que são a maior riqueza - afirma.

Suzana se refere à biblioteca com cerca de 7 mil obras raras, muitas de imenso valor histórico. Há livros dos séculos 15 e 16 no acervo.

A bisneta foi quem liderou o grupo de herdeiros, a partir de 2019, para dar um destino apropriado ao castelo. Houve votação, e a maioria aprovou a venda à família santa-mariense.

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No momento, parte da área é arrendada para plantio de soja e criação de gado. Cerca de 120 hectares são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que inclui terras, o castelo e uma antiga fábrica de laticínios que foi de Assis Brasil.

Na quinta-feira, em reunião com engenheiros em Porto Alegre, os novos proprietários definiram as primeiras ações para a restauração da fortaleza, a fim de preservá-la. 

O CASTELO DE PEDRAS

  • A fortaleza está localizada no município de Pedras Altas, na Região da Campanha, perto Pinheiro Machado e Bagé
  • O castelo de quatro pavimentos, feita em granito rosado, foi inaugurada em 24 de junho de 1912. Foi erguida por ordem do diplomata, advogado e estadista gaúcho Joaquim Francisco de Assis Brasil (foto abaixo) para dar de presente a sua esposa, Lídia Pereira Felício de São Mamede
  • O castelo tem 44 cômodos e preserva, entre objetos da época e uma biblioteca com cerca de 7 mil obras, algumas dos séculos 15 e 16
  • Há pelo menos cinco anos, o castelo está fechado. O local foi alvo de vandalismo e sofre com a ação do tempo e de infiltrações que comprometem a sua estrutura

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Reprodução Joaquim Francisco de Assis Brasil (1857-19383) foi advogado, estadista, diplomata e político

A REVOLUÇÃO DE 1923

  • Assis Brasil foi fundador do extinto Partido Libertador. No início da década de 1920, partidários de Assis Brasil, os maragatos, estavam descontentes com o presidente do Estado, Borges de Medeiros. Isso levou os assisistas a travarem uma revolta armada contra os aliados do governo da época, os ximangos, na Revolução de 1923
  • A revolta armada, que deixou muitos mortos, teve fim com a assinatura, em dezembro de 1923, do Pacto de Pedras Altas, nome dado ao documento por ter sido assinado no castelo onde vivia Assis Brasil
  • O acordo garantiu a Borges de Medeiros seguir seu mandato até 1928 e abriu espaço para a eleição de seu sucessor, Getúlio Vargas. Em 1930, Getúlio assumiu o governo do Brasil após o golpe que depôs o presidente eleito, Washington Luís
  • Assis Brasil dá nome do Parque de Exposições de Esteio, onde ocorre a Expointer

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