“Eles se amavam muito. Muito mesmo”, comenta familiar de Adriana, Josemar Eduardo e Miguel, vítimas das fortes chuvas

Foto: Arquivo pessoal da Neiva

Os impactos das fortes chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul em 2024 ainda são sentidos. Em alguns locais, além dos estragos e do alto volume das águas, vidas se perderam. Esse é o caso da localidade de Três Barras, no distrito de Arroio Grande, em Santa Maria, onde Adriana Trindade de Oliveira, 39; Josemar Eduardo Lemos Dias, 35, e o pequeno Miguel, de apenas 1 ano, morreram.

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Na residência onde mora no distrito de Arroio do Só, em Santa Maria, a agricultora Neiva de Oliveira Viero, 56, guarda fotos da irmã, do cunhado e do sobrinho. As lembranças são estímulo para continuar.

A Adriana sempre foi uma pessoa feliz e realizada. Casou, teve o Rafael, que hoje tem 18 anos. Depois, separou-se. Começou a se relacionar com o Eduardo e já fazia 4 anos que estavam juntos. Então, veio o Miguel para completar essa felicidade. Eles se amavam muito. Muito mesmo – afirma a irmã.

Filha de agricultores, Adriana nasceu em 10 de outubro de 1984, era a caçula de cinco filhos e foi a única a nascer em um hospital no centro de Santa Maria. Passou a maior parte da infância e adolescência na localidade de Água Boa, no distrito de Arroio do Só. Lá, era vizinha de Josemar Eduardo.

Em março de 2023, a família Oliveira comemorou a formatura de Fabiana (centro) em Pedagogia pela UFSM. Na foto: as irmãs Adriana (à esq.), Neiva, Zeneida, Oneida e o irmão AdemarFoto: Arquivo pessoal da Neiva

Amor de cinema

A história do casal é como um clássico das comédias românticas. Segundo Neiva, Adriana e Josemar Eduardo se casaram com outras pessoas. Tempos depois e já separados, encontraram-se em um bar e começaram a trocar mensagens pelo WhatsApp, oficializando o relacionamento em junho de 2022. Nas redes sociais, Adriana e Josemar trocavam juras de amor, compartilhavam registros de conquistas e agradeciam pela família formada.

Além de Miguel Eduardo, Adriana era mãe de Rafael, 18, e Josemar Eduardo, pai de Palloma, de 8 anos. Ambos frutos de relacionamento anteriores. Conforme Neiva, a irmã era uma mãe muito amorosa e não media esforços para estar ao lado dos filhos. Josemar também era um pai carinhoso e publicava homenagens para a filha nas redes sociais.

O casal, que era apaixonado pela natureza, trabalhava como caseiro há cerca de um ano em uma chácara em Três Barras. Adriana também atuava na cooperativa de crédito Cresol Confiança no Bairro Camobi, em Santa Maria.

Ela era muito festeira e estava sempre rindo. O pessoal da Cresol sempre dizia que nunca viu ela triste. Por mais que ela passasse por dificuldades, não demonstrava. Nós somos assim. Então, quem lembrar dela, vai ser assim: sempre sorrindo – comenta.

Um dos momentos marcantes para Neiva foi o aniversário de Miguel Eduardo. O menino, que nasceu em 12 de abril de 2023, completou um ano nas últimas semanas e ganhou uma linda festa. 

Buscas
Duas semanas antes do ocorrido, Neiva foi visitada por Adriana. Na última segunda-feira (29/4), ela ainda conversou com a irmã por mensagem no WhatsApp:

Na segunda-feira de tarde, ela me mandou um áudio e um vídeo, contando que o rio estava subindo. Eu disse para ela sair de lá e ela deu risada. Falou que estavam sem luz e que o Josemar ia ligar o gerador para que conseguíssemos conversar um pouco. Eu pedia para ela sair, e ela dizia: "agora, não adianta mais". Foram as últimas palavras dela.

Após diversas tentativas de entrar em contato com Adriana e Josemar, a família foi informada, na manhã de terça-feira (30/4), pelo proprietário da chácara, que o local havia sido soterrado.

Ficamos aqui sem saber o que fazer. O proprietário disse que chamou os bombeiros, helicóptero e não tinha o que fazer, porque não tinha como chegar na propriedade. Meu filho é bombeiro civil e foi ajudar também. Não tinha o que fazer, porque caiu muita terra e eucalipto em cima deles – conta Neiva.

Os corpos de Josemar, Adriana e Miguel Eduardo foram localizados na quinta-feira (2). Conforme Neiva, entre os pertences encontrados, estavam os documentos de Josemar, que foram entregues para a ex-esposa, e um álbum de fotos de Adriana, que ficou para o filho mais velho.

Para a recepcionista Neli Trindade, 61, que era prima e madrinha de Adriana, a saudade só cresce.  

Adriana era minha confidente e eu, dela. Eu levaria anos falando dessa minha queridona e sempre com um sorriso. Vai fazer falta ter uma pessoa sempre pronta para conversar. Eu sinto por não ter dado um último abraço, porque nós nunca sabemos quando vai ser a nossa última vez. Meu amor por eles será para sempre – afirma. 

Leia mais

Despedida

O velório de Josemar, Adriana e Miguel Eduardo ocorreu na tarde de sábado (4), no Cemitério Parque Jardim Santa Rita, em Santa Maria. No mesmo dia, os corpos foram transferidos para o distrito de Arroio do Só, onde foram sepultados no cemitério de Água Boa.

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