arte e história

Vale Vêneto sob o olhar artístico do desenho bico-de-pena de Antônio Isaia

Matriz Corpus Christi de Vale Vêneto tal como se apresenta desde 1936, após a reforma externa da primitiva igreja erguida no mesmo local em 1901, graças aos esforços dos curas Valentim Rumpel e Francisco Baldassare. A nova fachada, projeto do construtor João Lapitz, marcou solenemente o cinquentenário da chegada dos primeiros sacerdotes palotinos em Vale Veneto.Imagens: Reprodução


Antonio Isaia amava fotografia, desenho e história. Amava, de forma muito especial, a sua cidade natal, Santa Maria, e as suas origens italianas. A soma de seus amores está materializada em duas dezenas de estudos histórico-artísticos que desenvolveu até um pouco antes de 4 de julho de 2008, quando seu coração parou de bater, aos 89 anos. Para apresentar um de seus documentários, nada melhor que as palavras do autor:



Vale Vêneto, primeiro núcleo de colonização italiana da Quarta Colônia, após Silveira Martins, foi fundado em 1878 por dezenas de famílias procedentes da região vêneta e do Friuli, norte da Itália. Segundo padre Rafael Iop, no livro Vicente Pallotti e a sua obra (1936), o território, que então abrangia a paróquia de Vale Vêneto, tinha uma superfície de 12 léguas quadradas e comparou-o a uma esmeralda engastada na montanhosa borda verdejante que marca o limite entre o planalto da Serra e as planícies do Vacacaí e Jacuí. Em julho de 1977, o bispo de Vicenza, dom Arnoldo Onisto, visitou Vale Vêneto. No alto do perau, procedente de Silveira Martins, o ilustre viajante se deteve no caminho e, contemplando o povoado envolto pela serrania e campos cultivados, exclamou, cheio de alegria:
- Che bela vallata!


A coleção original sobre Vale Vêneto, de 2000, reúne 17 desenhos em bico-de-pena, acompanhados de legendas, todos extraídos de fotografias do autor. Em outra versão, Isaia os reorganizou em uma série com 11 peças. É essa segunda seleção que está apresentada em galeria ao fim desta matéria.

Antônio aprendeu a fotografar com o pai, o imigrante italiano Giuseppe Isaia, quando ainda era adolescente. Com a fotografia, cultivou um acervo de cerca de 3 mil negativos de paisagens, ambientes e personagens de Santa Maria e da Quarta Colônia. Mais tarde, encantou-se pelo desafio que a dificuldade da técnica bico-de-pena exigia. E buscou em suas imagens fotográficas a matriz para seus desenhos.

Criá-los era dedicação prazerosa que o ocupava por muitas horas. O ritual de produzir traço a traço, voltando ao nanquim continuamente, ainda inclui deixar secar, retocar quando necessário, além da manutenção cuidadosa dos instrumentos. Mas era pouco. Antônio gostava de usá-los para, auxiliado por sua “memória atenta e saudosa” e pesquisa autodidata, despertar as pessoas para “o apreço” por Santa Maria e região. Nas décadas entre 1970 e 1990, publicou mais de cem artigos em jornais e revistas locais e estaduais. A primeira publicação, conforme anotações dele próprio, foi no fim de semana de 15/16 de novembro de 1969, no hoje extinto jornal A Razão.

Em 2002, um mês depois do lançamento do Diário de Santa Maria, começou a publicar a série Santa-marienses do Passado: Retratos e Relatos. Em 60 semanas, trouxe ao público de hoje seis dezenas de personalidades que por aqui viveram entre a metade do século XIX e o início do século XX. Ele comemorou. Era uma nova oportunidade de divulgar seus amores.


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