
Nesta quarta-feira, Santa Maria promoverá atividades alusivas ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, após dois anos sem programação devido a pandemia. Em entrevista para o Jornal do Diário na segunda-feira, a coordenadora da Politica de Saúde Mental de Santa Maria, Cláudia Melo falou sobre a programação e os avanços no cenário desde o começo da reforma psiquiátrica no Brasil, entre final dos anos 1970 e início dos anos 1980.
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ASSISTÊNCIA
Antes da reforma, as instituições que prestavam atendimento a pessoas com transtornos mentais eram os manicômios e hospícios. Em 1989, um projeto de reforma psiquiátrica foi apresentado por Paulo Delgado, na época deputado, visando acabar com qualquer tipo de abuso e exploração dessas pessoas no âmbito destas instituições. O documento foi aprovado e sancionado apenas 12 anos depois, transformando-se na Lei 10.216/2001, conhecida também como Lei Antimanicomial.
Além do fechamento gradual de manicômios e hospícios, a medida prevê a realização do tratamento de pacientes dentro de um hospital, entre outros pontos. Cláudia explica que essa movimentação ainda é percebida no contexto atual:
–Desde 2017, por exemplo, em Santa Maria, estamos trazendo essas pessoas que estavam nesses espaços. Hoje, priorizamos os leitos em hospital geral, com os cuidados de uma equipe multiprofissional. Mas, Santa Maria não tem esses leitos. Nós temos uma unidade na Casa de Saúde, que está para ser aberta agora: o Madre Madalena. Então, nossos leitos são solicitados ao Estado para quem precisa desse atendimento.
Com a aproximação do Dia Nacional da Luta Antimanicomial, celebrado no dia 18 de maio, a coordenadora argumenta sobre o cenário de avanços no cuidado com a saúde mental em Santa Maria e região, destacando o papel de espaços como o Centro de Atenção Psicossocial nesta luta.
–Sabemos da importância deste acesso e tecnicamente, nada passava pela atenção primária. Tudo ia para uma questão especializada, para uma internação e hoje, nós sabemos que o cuidado tem que ocorrer no território, com apoio das equipes multiprofissionais. Em Santa Maria, nós temos quatro CAPS: para transtornos, que é o Prado Veppo; AD, que são de encaminhamento por território e cada um atendendo uma região e a parte de álcool e outras drogas, e um CAPS Z, para crianças e adolescentes – argumenta.
Conforme Cláudia, atualmente, o cuidado inicia nas unidades de saúdes, sendo que o encaminhamento para o CAPS é realizado em casos mais graves, quando a necessidade de apoio de uma equipe multiprofissional é constatada. Neste contexto, uma rede é criada para auxiliar o paciente.
–Os CAPS tem psiquiatra, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, então, é um cuidado multiprofissional junto com a Atenção Básica. E a gente não consegue imaginar hoje, um cuidado só de uma equipe especializada. Sempre tem que ter uma rede de cuidado – enfatiza Cláudia.
PROGRAMAÇÃO
Após dois anos sem atividades, as equipes da Rede de Atenção Psicossocial e Acolhe Santa Maria irão promover uma programação com passeata, roda de conversa, apresentações artísticas e oficinas nesta quarta-feira em dois locais importantes de Santa Maria: na Praça Saldanha Marinho e Parque da Medianeira. Para Cláudia, a retomada é motivo de comemoração e reflexão.
–Estamos todos animados. Fazem dois anos que não programávamos atividades em função da pandemia. Nesse dia, toda essa rede irá se unir para essas atividades. Acho que temos muitos avanços a comemorar, mas ainda precisamos lembrar da importância desses cuidados – afirma.
Confira a programação alusiva ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial:
- 13h – Passeata com início na Praça Saldanha Marinho rumo ao Parque da Medianeira
- A partir das 13h30min – Rodas de conversa, apresentações artísticas e oficinas no Parque da Medianeira
Arianne Lima – [email protected]