
Era 28 de dezembro de 1992 quando um crime brutal chocou o Brasil. As figuras centrais dessa história: dois atores da principal novela da época. Na ficção, o personagem Bira era apaixonado pela jovem Yasmin. Na vida real, o ator Guilherme de Pádua perseguia e assassinava a sua colega de cena, Daniella Perez, filha da autora da novela em que os dois contracenavam.
30 anos depois do crime que confundiu ficção com realidade, Gloria Perez, autora da novela e mãe da vítima, abre os arquivos sobre o caso em um depoimento emocionante para uma nova série lançada pelo canal de streaming HBO Max. Em cinco episódios, o documentário conta com depoimento de atores e amigos de Daniella Perez, que relembram com riqueza de detalhes os minutos que antecederam o crime e a mobilização para descobrir o assassino da atriz.
Leia também:
- Conheça a história de Margarida Bonetti, ex-socialite que vive em mansão abandonada e é procurada pelo FBI
- Série documental valoriza a história de patrimônios de Santa Maria e região
- Anitta é a primeira artista brasileira solo indicada ao VMA, maior premiação da MTV
- De Stranger Things a Rebelde, mais de 150 lançamentos em plataformas de streaming
O assassinato de Daniella Perez
A três dias do Réveillon de 1993, os atores de De Corpo e Alma, da TV Globo, gravavam as últimas cenas da novela das oito em exibição na época, nos estúdios da Tycoon, no Rio de Janeiro. Naquele dia, as gravações foram até mais tarde, e em uma das cenas finais, a personagem Yasmin (Gabriela) terminava com Bira (Guilherme).
Conforme depoimentos dados para a série por funcionários da Globo que estavam presentes no local nos dias das gravações, Guilherme de Pádua estava obcecado por Daniella Perez há algum tempo. No dia do crime, ele teria perseguido a atriz pelo estúdio até o final do expediente.

A série documental narra os últimos passos de Daniella. Após encerrar as filmagens, ela se dirigiu até o estacionamento dos estúdios onde foi parada por alguns fãs que pediram fotos e autógrafos. A série recuperou arquivos da época. Neles, a atriz Marilu Bueno, mãe da personagem Yasmin na novela, conta que iria voltar para a casa de carona com Daniella, mas que, devido aos fãs terem parado a atriz, resolveu voltar para casa sozinha. Marilu também relatou que viu Guilherme de Pádua no estacionamento junto com Daniella Perez quando foi embora.
Daniella era casada com o também ator Raul Gazolla. Segundo ele, após as gravações, ela iria para a casa onde os dois moravam. Mas, naquela noite, tudo foi diferente. Raul contou ao documentário que estranhou a demora da esposa e ligou para alguns amigos que avisaram que ela já teria saído dos estúdios da novela. Raul, então, pegou a moto e refez o caminho que a atriz costumava fazer do trabalho até em casa. Mas sem sucesso, não a encontrou.
A partir daí, as próximas horas foram de tensão para Raul e para o resto da família. A história só foi ter uma solução horas depois, já na madrugada no dia 29 de dezembro de 1992, quando a polícia foi acionada para conferir um carro abandonado em uma avenida no Rio de Janeiro.
Ao chegar no local, o policial encontrou o veículo sozinho próximo a um matagal. O policial, então, entrou na mata. Foi nesse momento que se deparou com o corpo de Daniella Perez caído e com 18 punhaladas. Durante o decorrer da noite, a família da jovem foi avisada e, em poucas horas, chegaram ao local do crime. Amigos e populares também lotaram a cena do crime, e a imprensa começou uma cobertura ao vivo.
A notícia espalhou-se intensamente por todo o Brasil em uma época sem internet e smartphones. Enquanto a TV noticiava exaustivamente qualquer atualização sobre o caso, as revistas de fofoca, como mostra a série, encarregaram-se de dar um tom sensacionalista – termos como crime passional e traição foram recorrentes na cobertura.
Os motivos desse crime brutal? O assassino confesso, Guilherme de Pádua, o Bira da novela De Corpo e Alma, afirmou que estava sendo assediado por Daniella e que ela teria o levado até o local para conversar e tentado apunhalá-lo com uma tesoura. Entretanto, a versão foi logo desmentida pela policia e pelas pessoas que conviviam com Daniella.
No crime, Guilherme de Pádua contou com a ajuda da então esposa, Paula Thomaz, que estava grávida na época. Guilherme foi condenado a 16 anos de prisão, e Paula, a 19. Por bom comportamento, ambos tiveram as penas reduzidas para seis anos e hoje estão em liberdade.
Conforme o que se especula até hoje, Guilherme de Pádua assassinou Daniella Perez pois temia que, com a separação dos personagens Bira e Yasmin, a sua carreira seria prejudicada.
Gloria Perez e a luta por justiça


Aos veículos de notícias e em depoimento na série, Gloria Perez afirmou que resolveu entregar todos os documentos e fotos do caso e contar a sua história para que a memória da filha seja respeitada e não mais tratada como “uma novela barata”. Durante sua fala, Gloria se emociona diversas vezes ao relembrar os últimos momentos com Daniella.
Além da mãe da atriz, Pacto Brutal também conta com os depoimentos de Raul Gazolla, Maurício Mattar, Claudia Raia, Fábio Assunção, Cristiana Oliveira, Eri Johnson e Marieta Severo e da jornalista Glória Maria. Policiais que investigaram o caso também dão suas versões sobre o crime.
Pacto Brutal
A série de cinco episódios chegou ao fim nesta quinta-feira, 28 de julho. A produção, que é dirigida por Tatiana Issa e Guto Barra, está disponível na íntegra para assinantes do HBO Max.