Foto: Lucas Amorelli (arquivo, Diário)
Desde quinta-feira (26), muitas pessoas relataram sentir náuseas, diarreia e ânsia de vômito em Santa Maria. Os sintomas são característicos de rotavírus. Apesar de a maior parte dos sintomáticos ser adulto, possívelmente pela contaminação na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), três escolas municipais suspenderam atividades devido às suspeitas em alunos. Vale destacar que, em crianças, o vírus é mais perigoso e a chance de transmissão é maior.
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
Rotavírus em crianças
No público infantil, o vírus é o principal causador de doenças diarreicas. Pensando que a transmissão do rotavírus é fecal-oral, as crianças estão mais sujeitas ao contágio, visto que possuem uma imunidade mais frágil, além de uma maior tendência ao contato físico com colegas nas escolas. De acordo com a infectologista pediatra do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), Marceli Zamboni Bertoncello, as crianças apresentam maior risco de desidratação e de complicações, principalmente se tiverem menos de um ano.
– A transmissão é fecal-oral, ela vai passar por mãos. As crianças menores não costumam fazer a higiene adequada, se abraçam brincando, tem um contato físico maior. Então, a transmissão é muito mais rápida – explica.
A médica também destaca que o inverno e a primavera são estações com maior probabilidade de contágio do rotavírus. Os períodos mostram uma queda na imunidade da população, além de pessoas ficarem em ambientes fechados com mais frequência, principalmente em se tratando da estação mais fria.
Apesar do vírus ser mais impactante em crianças, a infectologista pediatra informa que os casos mais extremos relacionados ao rotavírus costumam ocorrer com pessoas que não buscaram tratamento nos primeiros dias. Ou seja, são casos extraordinários.
Vacinação
Assim como os demais vírus, o rotavírus circula normalmente na sociedade, como informa a doutora Marceli. No entanto, o motivo para um novo surto pode estar relacionado ao atual momento da vacinação no Brasil. Em 2023, o Ministério da Saúde informou que, no ano anterior, apenas 73% da cobertura vacinal do rotavírus foi realizada. Vale destacar que a meta para a vacina seria superior a 90%.
A vacina contra o rotavírus é fornecida pelo SUS desde 2006. Com caráter monovalente, protegendo contra uma cepa, ela é aplicada em duas doses para crianças entre três e sete meses de idade. No sistema privado, existe a vacina de caráter pentavalente, que protege contra cinco cepas e é aplicada em três doses. A vacina contra o rotavírus é fundamental na redução de sintomas e do tempo das doenças ocasionadas por ele.
– É como qualquer vírus, ele está sempre circulando, mas a vacinação reduz os sintomas e diminui o contágio. Como a vacinação está diminuindo, os casos voltam a aumentar – ressalta a especialista.
Sintomas e formas de prevenir
Entre os principais sintomas de rotavírus estão náuseas, vômito, diarreia, febre e dor abdominal. No que diz respeito à prevenção, as orientações dos especialistas estão ligadas a realizar uma boa higiene das mãos, assim como uma boa higiene de objetos e ambientes fechados, em especial, os banheiros. Quanto aos bebês, a amamentação é fundamental na criação de anticorpos e no aumento das respostas imunológicas.
– É importante ressaltar a higiene correta. Higienizar as mãos, o banheiro, limpar o vaso corretamente e não utilizar a mesma toalha que pessoas sintomáticas. Também é importante higienizar maçanetas, pois é comum que elas sejam contaminadas, assim como outros locais em que se costuma colocar as mãos – alerta a médica.
Os especialistas recomendam que os sintomáticos não frequentem locais públicos, podendo retomar a rotina casual após ficar 24h sem sintomas. O rotavírus é eliminado por meio das fezes e o processo pode levar até 10 dias.