
Foto: Ronald Mendes (arquivo/Diário)
Após casos de síndrome mão-pé-boca (SMPB) serem registrados em uma escola em Jaguari na última semana, o cenário da doença no Rio Grande do Sul voltou a ser pauta. Conforme a Secretaria Estadual da Saúde (SES), foram contabilizados 120 surtos da síndrome em 47 municípios nos primeiros cinco meses de 2025, totalizando 2.034 casos. A pasta define surto como “número de casos igual ou superior a três na mesma instituição”.
Em nota encaminhada ao Diário, a SES também fez um alerta sobre o cenário:
– Tem sido observado aumento de surtos da SMPB no Brasil e também no Rio Grande do Sul desde 2018. O Estado monitora notificação de surtos de SMPB, que é agravo de interesse estadual conforme a Portaria SES RS Nº 440/2024, e casos em que se torne necessária hospitalização. A totalidade dos surtos são notificados em creches/escolas, portanto, na Educação Infantil.
A doença
Causada pelo vírus Coxsackie, a síndrome mão-pé-boca é uma infecção contagiosa muito comum em crianças menores de 5 anos. A doença é transmitida a partir do contato com pessoas, fezes, saliva, secreções, objetos ou alimentos contaminados. Os sintomas podem ter duração de 5 a 7 dias. São eles:
- Febre alta nos dias que antecedem o surgimento das lesões
- Aparecimento, na boca, amígdalas e faringe, de manchas vermelhas com vesículas branco-acinzentadas no centro que podem evoluir para ulcerações muito dolorosas, ocasionando dificuldade para engolir e muita salivação
- Erupção de pequenas bolhas em geral nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, mas que pode ocorrer também nas nádegas e na região genital
- Mal-estar
- Falta de apetite
- Vômitos
- Diarreia
Em nota, a pasta reforça que “o diagnóstico da SMPB é clínico e o tratamento sintomático, devendo ser adotadas medidas do tratamento de outras viroses: repouso, alimentação leve, ingestão aumentada de líquidos e medicamentos sintomáticos, como antitérmicos, anti-inflamatórios, anti-histamínicos, entre outros, caso seja necessário. De forma geral, o quadro é autolimitado, ou seja, melhora espontaneamente”.
Considerando os novos casos, a SES pede que os pais ou responsáveis fiquem atentos ao “risco de desidratação devido à diminuição de ingestão de líquidos relacionada à estomatite” e alerta que “mesmo depois de recuperada, a pessoa pode transmitir o vírus pelas fezes durante aproximadamente quatro semanas. Por isso, a higiene de mãos deve ser intensificada mesmo após melhora dos sintomas. Nas instituições de Educação Infantil, os profissionais deverão “se atentar para as rotinas de troca de fraldas”.
Locais
Até o momento, o município com mais surtos da síndrome registrados em 2025 foi Lajeado, com 16 episódios. Em seguida, vem Teutônia, com 13 surtos; Caxias do Sul e Guaporé, ambos com 7 situações cada. Sobre os altos índices, a SES explica que “os municípios com maior número de surtos significam também que a vigilância em saúde está sensível, realizando o monitoramento e as ações de orientação das medidas de controle em tempo hábil”.
No monitoramento da pasta neste ano, também estão municípios da região como Itaara e Restinga Sêca, ambos com um surto cada. Embora os números de 2025 sejam significativos, o maior índice da série histórica é de 2023, quando 289 surtos foram registrados em 85 cidades.
Histórico de SMPB no Rio Grande do Sul
Surtos
- 2019 – 180
- 2020 – 6
- 2021 – 268
- 2022 – 68
- 2023 – 289
- 2024 – 111
- 2025 – 120
Municípios afetados
- 2019 – 91
- 2020 – 4
- 2021 – 83
- 2022 – 35
- 2023 – 85
- 2024 – 36
- 2025 – 47
Casos/Expostos*
- 2019 – 1644
- 2020 – 40
- 2021 – 2820
- 2022 – 581
- 2023 – 2603
- 2024 – 1281
- 2025 – 2034
*A ficha de notificação para surtos é genérica para outros agravos, por isso, os números podem apresentar variações
Dados atualizados até 19 de maio de 2025
Fonte: Sinan/Cevs/SES RS
Prevenção
Segundo a SES, as medidas de prevenção e controle da doença envolvem a intensificação de práticas de higiene individuais e ambientais como:
- Higiene das mãos com frequência, principalmente após ir ao banheiro e antes de manusear alimentos
- Cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir
- Afastar as pessoas contaminadas das atividades de trabalho e escola até o desaparecimento dos sintomas
- Evitar lugares de aglomeração (recomendação para pessoas sintomáticas)
- Evitar, na medida do possível, o contato muito próximo com o paciente (como abraçar e beijar)
- Trocar e lavar diariamente (em separado) as roupas comuns e roupas de cama de doentes, pois podem ser fontes de contágio (principalmente se houver secreção das lesões da pele)
- Manter uma boa higiene ambiental e um sistema de ventilação adequado em recintos fechados
- Nas creches, é preciso ter muito cuidado com a higiene das mãos na hora de trocar as fraldas para que os profissionais não transmitam o vírus de uma criança para outra (lembrando que após recuperada, a criança ainda elimina o vírus nas fezes por até quatro semanas)
- Descartar adequadamente as fraldas e os lenços de limpeza em latas de lixo fechadas
- Retirar da sala brinquedos cujo material seja de difícil higienização (ex. bichos de pelúcia e objetos semelhantes) durante o período de ocorrência do surto
- Lavar com água e sabão e desinfetar com solução de água sanitária diluída em água pura (1 colher de sopa de água sanitária diluída em 4 copos de água limpa) toda a superfície de objetos, brinquedos, paredes, interruptores, maçanetas, mesas, cadeiras, entre outros que possam ter entrado em contato com secreções e fezes dos indivíduos doentes
- Não compartilhar mamadeiras, talheres ou copos