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Dezembro é o mês com mais mortes de Covid-19 em Santa Maria

Maurício Araújo*

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

O mês de dezembro de 2020 mostrou que a pandemia de coronavírus não tem dado trégua em Santa Maria. Nas últimas semanas, os números subiram, bateram recordes e expuseram uma dura realidade: dezembro, que ainda nem chegou ao fim, é um dos piores meses da pandemia no Coração do Rio Grande. Faltando poucos dias para terminar o ano, a Covid-19 mostra força na cidade apesar do esforço das autoridades e profissionais de saúde. Dezembro é o mês com mais mortes, bateu recordes de maior taxa de ocupação de leitos, de casos confirmados e de casos ativos da doença. 

Do dia 1º ao dia 28 de dezembro, a Covid-19 ceifou a vida de 35 pessoas - o maior registro até então era de setembro, com 32 mortes. Só nesta segunda-feira, foram contabilizados mais cinco óbitos relacionados à doença. O total de mortes desde o início da pandemia é de 146 no município.

Além do número crescente de óbitos, os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) bateram a maior taxa de ocupação, chegando a 92,4% no último sábado. Às 17h07min de segunda-feira, a Secretaria Estadual de Saúde atualizou os dados, e a taxa caiu para 83,7%, já que o governo do Estado atualizou e cadastrou no sistema os 10 novos leitos abertos no Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo ainda na semana passada. Outro número que preocupa e também bateu recorde no domingo é o de casos ativos da doença, que chegou 1.649. Nesta segunda-feira, o boletim epidemiológico aponta redução para 1.248 casos ativos.

Muitos são os motivos para estes aumentos, que variam da maior circulação do vírus, o relaxamento das medidas de segurança, as festas de fim de ano, a maior circulação de pessoas e o menor distanciamento social. A percepção destes quesitos unidos ao aumento dos números ligaram o alerta nas autoridades de saúde, que reforçam a importância de manter os protocolos.

_ Estamos em um dos momentos mais complicados da pandemia, com os números muito elevados. As pessoas precisam se cuidar, pois vamos passar por dias delicados. Apesar disso, em nenhum momento faltou leitos, os profissionais estão trabalhando intensamente, e estamos melhorando os fluxos para dar maior atendimento. O nosso objetivo é salvar vidas_ destacou o secretário municipal de saúde, Guilherme Ribas.

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Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, são realizados mais de 200 testes Covid-19 por dia. Desde o começo da pandemia de coronavírus, já foram feitos mais de 43 mil testes. Ainda de acordo com Ribas, nesta semana serão feitas novas análises. Com isso, a expectativa é que o número de casos curados aumente e, em consequência, o de casos ativos diminua ainda mais.

Para o professor Luis Felipe Dias Lopes, doutor em Engenharia de Produção e estatístico do Observatório de Informações em Saúde da UFSM, que desde o começo da pandemia reúne os dados sobre a pandemia, a cidade vive um momento crítico em relação ao número de casos da doença. Um gráfico com dados até o dia 28 mostra que dezembro é o mês com mais casos confirmados neste ano, com 2.502 infectados. Em setembro, mês que até então estava com mais casos, foram 2.277 infectados

_ Os números e gráficos são importantes ferramentas que ajudam a entender a dinâmica e avanço da pandemia. Hoje, os números estão em ascensão _ afirma o professor.

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Dados até 28 de dezembro

RELAXAMENTO DOS PROTOCOLOS SANITÁRIOS PIORAM OS ÍNDICES
O distanciamento social, o uso de máscara de proteção individual e a higienização são alguns dos principais protocolos a serem seguidos nos próximos dias para evitar números ainda maiores. É o que recomendam os especialistas em saúde. Conforme a coordenadora do Laboratório de Epidemiologia do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), médica epidemiologista Marinel Dall'Agnol, os números recordes eram previstos, e a tendência, segundo ela, é que piorem se não haver conscientização por parte da população.  

_ Estamos em um recrudescimento da primeira onda de coronavírus, porque ainda não superamos essa primeira fase, e janeiro pode ser ainda pior. Muitas pessoas se aglomeram, desrepeitam as orientações e estão se juntando nas festas de fim de ano. É preciso ter consciência neste momento para frearmos o avanço do vírus _ destacou Marinel.

Dentro das UTIs, os números recordes também são sentidos na ocupação dos leitos. De acordo com a responsável técnica da UTI Covid do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), médica intensivista Luciana Segalla, mesmo com a abertura de novos leitos nos hospitais da cidade, os impactos são perceptíveis na rotina dos profissionais. A médica também atua no Hospital de Caridade.

_ Sem dúvidas, o aumento é maior mesmo com as novas vagas disponibilizadas. Os leitos estão sempre com pacientes e a taxa de ocupação está bastante elevada há semanas. É um momento preocupante _ afirma Luciana.

Ambas médicas recomendam orientações para o feriado de ano novo - e que já deveriam ter sido cumpridas no feriado de Natal -, como: evitar viagens, reunir-se somente com pessoas do núcleo familiar, não frequentar festas ou reuniões e cumprir todos os protocolos de prevenção.

*Colaborou Janaina Wille

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