O Acidente Vascular Cerebral (AVC) continua sendo uma das principais causas de incapacidade e óbitos no Rio Grande do Sul. Segundo o Portal de Transparência do Registro Civil, o Estado registrou mais de 3,2 mil óbitos em decorrência da doença de janeiro a agosto de 2024. Desse número, 93 foram em Santa Maria.
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Para reverter os quadros e salvar vidas, é necessário investir em assistência especializada. Desde 1º de agosto, o Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo conta com um serviço de diagnóstico e tratamento do AVC.
Atendimento
Composta por mais de 50 profissionais, a equipe do serviço de diagnóstico e tratamento do AVC é coordenada pelo neurocirurgião endovascular, Eduardo Pedrolo Silveira. O processo, que envolveu meses de trabalho e treinamentos, já obteve resultados. Até o momento, 10 pacientes foram atendidos pelo setor, que atua com encaminhamentos feitos a partir de planos de saúde conveniados.
Conforme Silveira, o serviço tem potencial para mudar o cenário de Santa Maria e região:
– Se porventura o paciente apresentar sintomas, ele precisa vir rapidamente para a Emergência. O protocolo institucional que temos aqui visa atender esse paciente e ter o diagnóstico em 10 minutos e iniciar o tratamento em até 25 minutos. Com a velocidade do atendimento e nossa equipe especializada, esse tratamento irá proporcionar redução ou reversão quase completa das sequelas, o que é o nosso objetivo. Queremos melhorar os índices de qualidade de vida da nossa região e garantir que esses pacientes possam voltar para suas famílias e seus trabalhos precocemente.
Atualmente, o processo de diagnóstico e tratamento do AVC inicia no Pronto-Socorro do Complexo Hospitalar. Conforme a gravidade, o paciente é encaminhado para a Sala Híbrida e/ou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neurológica, que existe desde março de 2008 e conta com equipamentos de última geração, além de leitos exclusivos.
Em entrevista ao Diário, o diretor técnico do Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo, Luiz Gustavo Thomé, falou sobre a Sala Híbrida. O espaço criado em meados de 2020 faz parte da rede de assistência à doença.
– O investimento na Sala Híbrida foi de cerca de R$ 5 milhões. No local, faz-se o serviço do AVC, especialmente os casos mais complexos e que necessitam de tratamento de trombólise mecânica. Junto a isso, está o nosso serviço de cirurgia vascular – comenta.
Investimento
A oferta do serviço também exigiu investimentos por parte da direção do Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo em infraestrutura. Segundo Thomé, a remodelação do Pronto-Socorro deve custar em torno de R$ 14 milhões. A nova estrutura contará com três salas vermelhas, compostas por leitos dedicados especificamente para o tratamento do AVC e um tomógrafo, no valor de aproximadamente R$ 3 milhões. A previsão de término desta etapa das obras é março de 2025.
De acordo com o diretor técnico, o objetivo é ofertar o melhor atendimento possível para a população de Santa Maria e região.
– Temos uma estimativa no Brasil de 100 casos a cada 100 mil habitantes. Então, só em Santa Maria, seriam mais de 300 casos de AVC por ano. Ou seja, um caso por dia. Esses dados têm uma relevância muito grande, porque o AVC não tratado rapidamente deixa sequelas. O que estamos fazendo aqui é oferecer um serviço para a comunidade de Santa Maria e região onde o paciente possa ser diagnosticado e tratado com rapidez. Temos esse serviço completo, que entrou em funcionamento no dia 1º de agosto e do qual o Dr. Eduardo Pedrolo é o chefe. Agora, estamos implementando e vamos equipar melhor o nosso Pronto Socorro, que no ano que vem, terá até um equipamento de tomografia dentro – reforça Thomé.
O que é AVC?
É uma alteração súbita no fluxo sanguíneo do cérebro que provoca comprometimento ou a paralisia da circulação de sangue na área afetada. O AVC pode deixar sequelas ou até mesmo, levar ao óbito. Portanto, quanto mais rápido for o atendimento, maiores são as chances de sobrevivência e recuperação total.
Conforme o Ministério da Saúde, existe dois tipos de AVC:
- Hemorrágico – Ocorre quando há rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia. Esta hemorragia pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. É responsável por 15% de todos os casos de AVC, mas pode causar a morte com mais frequência do que o AVC isquêmico.
- Isquêmico – Ocorre quando há obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo. Essa obstrução pode acontecer devido a um trombo (trombose) ou a um êmbolo (embolia). O AVC isquêmico é o mais comum e representa 85% de todos os casos.
Sinais
Fique atento aos sinais considerados indicativos de AVC. São eles:
- Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna (principalmente em um lado do corpo)
- Assimetria facial
- Dificuldade de fala
- Dificuldade na visão ou qualquer alteração visual súbita
- Confusão mental
- Desequilíbrio
- Fortes dores de cabeça
Principais fatores de risco para AVC
- Hipertensão arterial
- Idade avançada
- Histórico familiar da doença
- Tabagismo
- Sedentarismo
- Uso excessivo de álcool
- Sobrepeso e obesidade
Prevenção
Para diminuir as chances de AVC durante a vida, a orientação é adotar um estilo de vida saudável. Isso envolve:
- Praticar atividades físicas regularmente
- Ter uma alimentação saudável
- Não fumar
- Não consumir álcool ou fazer uso de drogas ilícitas
- Beber bastante água
- Manter a qualidade do sono
- Controlar doenças como hipertensão, obesidade, entre outras