
Foto: Charles Guerra (Diário/Aquivo)
A especialista alerta: a exposição solar intensa traz riscos tanto a curto quanto a longo prazo.
Verão é sinônimo de praia, piscina e, consequentemente, muita exposição solar. Para algumas pessoas, essa é a época perfeita para colocar o bronzeado em dia, porém, passar horas no sol sem a proteção adequada ou realizar bronzeamento artificial pode trazer danos reais à saúde, como o câncer de pele — o mais comum de todos os tipos de câncer no Brasil, responsável por cerca de 30% de todos os tumores malignos no país.
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Por isso, é importante ter responsabilidade e saber como se expor ao sol de maneira saudável e segura. Em entrevista ao Diário, a médica dermatologista graduada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Laura Mombach Mota, esclareceu alguns pontos sobre o assunto.
Afinal, existe bronzeado saudável?

A resposta é simples: não. Nem com protetor solar, suplementos em cápsulas, ou óleos protetores. Qualquer exposição que deixe a pele bronzeada é um sinal de dano solar, como explica a especialista:
— O fato de bronzear já é um mecanismo de defesa da nossa pele se protegendo contra a radiação ultravioleta (UV). Então, a radiação UV ativa os melanócitos, que são células que produzem a melanina, responsável pela cor da nossa pele. Ou seja, quando a pele escurece, ela está se protegendo contra uma agressão. Infelizmente, a exposição solar não é uma forma de bronzeamento saudável — explica.
Sem os cuidados adequados, a prática pode trazer consequências pouco benéficas a curto e longo prazo, como queimaduras, manchas, lesões, envelhecimento precoce e, o mais grave de todos, o câncer de pele.
— Queimaduras solares antes dos 35 anos são um fator de risco extremamente importante para câncer da pele no futuro. Além disso, uma pele exposta ao sol vai envelhecer de forma muito mais precoce do que uma pele não exposta. Isso porque as fibras de colágeno, responsáveis pela firmeza da nossa pele, são destruídas com exposição solar. Então, isso está muito relacionado ao envelhecimento precoce e as doenças do câncer da pele.
Quando falamos de malefícios, o mesmo vale para bronzeamento artificial, feito em câmaras de bronzeamento. Inclusive, o método é proibido no Brasil desde 2009, e é bem mais agressivo que o sol.
— Uma sessão possui uma quantidade tão grande de radiação UV que só aquela exposição pode gerar um câncer de pele no futuro, porque causa danos no DNA da célula que não vão ser recuperados — reforça Laura.
Aliados do bronze seguro

Por não oferecer riscos, o autobronzeador tem sido um aliado para quem gosta da pele bronzeada. Disponível em diversas texturas, cores e marcas, o produto pode ser encontrado a partir de R$ 25. A recomendação é aplicar à noite, na pele seca e hidratada, aguardando o produto secar 30 minutos antes de colocar a roupa. O tempo que o autobronzeador deve ficar na pele depende do produto e do efeito desejado. Para a manutenção do bronze, é recomendado reaplicar o produto a cada três ou quatro dias.
Além do autobronzeador, o bronzeamento a jato, geralmente feito em clínicas estéticas, também é seguro para a pele:
— Os dois métodos não agridem a pele e não lesam o DNA, diferente dos raios UV. Eles formam uma "tinta temporária", então não tem nenhum dano irreversível a pele — explica a dermatologista.
Aumento da procura

Em uma farmácia localizada na Rua Pinheiro Machado, no centro de Santa Maria, a compra de autobronzeadores cresceu mais de 50%.
Já em relação ao protetor solar, a procura aumenta até 80% no verão, conforme Letícia Nascimento da Rosa, 27 anos, gerente da unidade. Para a farmacêutica, o índice preocupa:
— Se for colocar na balança entre a venda dos dois produtos, o protetor fica disparado na frente, porque a pessoa quer ir para o sol, piscina, ir para o mar para se expor e se bronzear. Isso nos preocupa principalmente pelo aumento do câncer de pele. Aqui na farmácia a gente tenta fazer a nossa parte, explicar os riscos e os benefícios de ir para o sol, ficar com a marquinha. Ir para a praia, piscina é ótimo, só que infelizmente existe essa falta de conhecimento. Precisamos pensar daqui a 20, 30 anos, como vai estar a nossa pele?

Cuidados necessários
A especialista não orienta, mas existem alguns cuidados que podem tornar a exposição solar menos prejudicial à pele. Uma delas é evitar horários de maior incidência de raios violeta (UV), reaplicar o protetor solar a cada duas horas (ou sempre que entrar na água), e proteger-se com roupas que tenham fator de proteção solar.
Horários recomendados
O melhor horário para tomar sol é antes das 10h ou depois das 16h — sempre com protetor solar. Das 10h às 16h, o ideal é evitar a exposição solar.
O FPS ideal

FPS é a sigla para Fator de Proteção Solar, que indica a capacidade de um protetor solar proteger a pele dos raios UV. Segundo Laura, com base nas orientações da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a indicação é de, no mínimo, FPS 30 para se proteger do sol. Em casos com uma maior exposição, é indicado o uso de um FPS maior, como o de 50 ou 60.
Na hora de medir a quantidade para o corpo, a dermatologista explica sobre uma regra caseira que pode ser medida com a ajuda de uma colher de chá:

Para o rosto, a quantidade, de acordo com Laura, também pode ser disposta entre os três dedos da mão. Segundo ela, deve-se cobrir os dedos indicador, médio e anelar com o produto e espalhar por todo o rosto.
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