Após casos de infecção gastrointestinal em 2024, moradores da Casa do Estudante da UFSM reivindicam melhorias para consumo de água

Após casos de infecção gastrointestinal em 2024, moradores da Casa do Estudante da UFSM reivindicam melhorias para consumo de água

Fotos: Beto Albert (Diário)

Registro do retorno às aulas na UFSM, após paralisação de dois dias pelo rotavírus.

Alunos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) voltam a se preocupar com o consumo de água no campus sede, em Santa Maria. Após o surto rotavírus e gastroenterite em setembro de 2024 no município, moradores da Casa do Estudante fazem um abaixo-assinado para a instalação de torneiras com filtros na Moradia Estudantil da instituição. Um teste realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), após o município registrar 467 casos confirmados, indicou a presença de rotavírus na água bruta dos reservatórios da UFSM naquela época. 


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A petição foi criada nesta sexta-feira (28), e está circulando em diferentes grupos nas redes sociais. Ela é dirigida à Reitoria da UFSM, à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) e à Coordenação da Moradia Estudantil, e busca o engajamento da comunidade acadêmica.  Um dos alunos envolvidos no abaixo-assinado (que não quis se identificar) indica que os filtros seriam um recurso para ampliar a segurança dos moradores, já que não há comprovações científicas que esses objetos contenham a propagação do vírus do rotavírus na água.    


Veja aqui o abaixo-assinado. 


Veja parte do abaixo-assinado 

"Nós, estudantes residentes da moradia estudantil da UFSM, por meio do presente abaixo-assinado, vimos respeitosamente requerer a instalação de torneiras equipadas com filtros nos blocos da moradia, com fundamento no direito fundamental à saúde e na obrigação da administração pública de garantir condições sanitárias adequadas à comunidade acadêmica.

Justificativa:

Devido ao surto recente de rotavírus, diversos moradores foram afetados, levantando sérias preocupações quanto à qualidade da água disponibilizada para consumo. O rotavírus, altamente contagioso, é responsável por quadros de gastroenterite severa, cujos sintomas incluem vômitos, diarreia intensa e febre, comprometendo não apenas a saúde dos estudantes, mas também seu desempenho acadêmico e bem-estar geral."

Posicionamento da UFSM 

A reportagem entrou em contato com a reitoria da instituição. Até às 14h desta segunda (28), o gabinete do Reitor não havia recebido a demanda oficialmente, indica a assessoria. Mas acrescenta que está cumprindo todas as exigências da Vigilância Sanitária orientadas após surto de rotavírus, incluindo a manutenção da concentração de cloro, desligamento de poços contaminados, e realização de análises de água conforme a Portaria 888/2021. 

Em nota, a assessoria destaca alguma das ações:

  • Contratação de Empresa Especializada – UFSM contratou, via licitação, uma empresa especializada para regularização de poços tubulares, incluindo melhorias na infraestrutura, instalação de hidrômetros, bombas automáticas dosadoras de cloro, e realização de laudos de desinfecção. Todos os poços possuem sistema de tratamento de água;
  • Coletas de Água e Análises – A UFSM contratou a empresa Ecocerta Centro de Análises, laboratório acreditado, para realizar análises de água de acordo com a Portaria 888/2021 do Ministério da Saúde;
  • Monitoramento Diário de Cloro – Desde dezembro de 2024, a UFSM realiza leituras diárias da concentração de cloro em 50 pontos da rede de abastecimento, conforme plano de amostragem aprovado pela Vigilância Sanitária. A concentração de cloro é mantida entre 2,0 mg/L e 5,0 mg/L, conforme exigido pela legislação; 
  • Comunicação com a Vigilância Sanitária – A UFSM mantém comunicação constante com a Vigilância Sanitária, incluindo reuniões técnicas para alinhar as providências necessárias. Todas as informações sobre as análises de água são registradas no sistema SISAGUA, conforme exigido pela legislação;
  • Investigação de Fontes de Contaminação – A UFSM está realizando um levantamento técnico para identificar e eliminar possíveis fontes de contaminação fecal nas proximidades dos poços;
    Atualização de Infraestrutura – A UFSM está realizando levantamento técnico para atualizar as informações sobre a localização e condições das fossas sépticas na universidade.

Medidas de Contenção
• Monitoramento Contínuo – A UFSM mantém o monitoramento diário da concentração de cloro e realiza análises regulares de água para garantir a qualidade da água tratada;
• Desinfecção Profunda – A UFSM está realizando desinfecções periódicas nos poços;
• Análise em feriados e finais de semana – A UFSM está em processo de aditamento contratual para garantir a realização de coletas e análises de água também nos finais de semana e feriados, conforme exigido pelo programa VIGIAGUA.


Os casos de 2024 

Dos mais de 450 casos confirmados no município, grande parte era relacionado aos residentes da casa e frequentadores da instituição. Os relatos dos moradores eram semelhantes – ou estavam com os sintomas, ou viviam com quem estava ou sabiam de alguém que procurou orientação médica. A reitoria indicou que 30% a 40% dos estudantes dos cursos de graduação haviam contraído o vírus. Por sua vez, aulas e atividades administrativas foram canceladas no campus em dois dias, devido ao alto índice de propagação. E o retorno foi marcado por adaptação para toda a comunidade acadêmica. 


Sobre o surto de 2024 

O vírus

  • O rotavírus (vírus RNA da família Reoviridae, do gênero Rotavírus) é um dos principais agentes virais causadores das doenças diarreicas agudas e uma das mais importantes causas de diarreia grave em crianças menores de 5 anos no mundo, principalmente nos países em desenvolvimento;
  • Pessoas de todas as idades são suscetíveis à infecção por rotavírus. No entanto, a gastroenterite, ou seja, a manifestação clínica, é mais prevalente em crianças menores de 5 anos. Recém-nascidos normalmente têm infecções mais leves ou assintomáticas.

Transmissão

  • O rotavírus (rotavirose) é transmitido pela via fecal-oral (contato pessoa a pessoa, ingestão de água e alimentos contaminados, contato com objetos contaminados, e propagação aérea por aerossóis) e é encontrado em altas concentrações nas fezes de crianças infectadas;
  • O período de incubação é de dois dias, em média;
  • A transmissão máxima acontece nos 3º e 4º dias a partir dos primeiros sintomas.

Sintomas

  • Os sinais e sintomas clássicos do rotavírus, principalmente na faixa etária dos 6 meses aos 2 anos, são as ocorrências repentinas de vômitos. Na maioria das vezes, também podem aparecer, junto com os vômitos;
  • Diarreia com aspecto aquoso, gorduroso e explosivo;
  • Febre alta.

Podem ocorrer formas leves e subclínicas nos adultos e formas assintomáticas na fase neonatal e durante os quatro primeiros meses de vida. Nas formas graves, pode provocar:

  • Desidratação;
  • Febre;
  • Morte;
  • Tratamento;
  • Como o rotavírus geralmente é autolimitado, o paciente deve ser tratado por meio da reposição de líquidos e minerais, para prevenir ou corrigir a desidratação. Após a avaliação clínica do paciente, o tratamento adequado deve ser estabelecido conforme o Manejo das Doenças Diarreicas Agudas.

Prevenção

Algumas medidas podem prevenir a infecção, como a administração da vacina para rotavírus humano G1P1[8] (atenuada) em crianças menores de 6 meses;

Outras ações de prevenção incluem práticas de higiene e consumo adequado de alimentos, tais como:

  • Lavar sempre as mãos antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular/preparar os alimentos, amamentar, tocar em animais;
  • Lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos;
  • Proteger os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais (guardar os alimentos em recipientes fechados);
  • Guardar a água tratada em vasilhas limpas e de boca estreita para evitar a recontaminação;
  • Não utilizar água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados;
  • Ensacar e manter a tampa do lixo sempre fechada. Quando não houver coleta de lixo, este deve ser enterrado;
  • Usar sempre a privada, mas se isso não for possível, enterrar as fezes sempre longe dos cursos de água;
  • Manter o aleitamento materno (aumenta a resistência das crianças contra as diarreias), evitando o desmame precoce.


*Fonte: Ministério da Saúde


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Bibiana Pinheiro

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