
Foto: Beto Albert (Arquivo/Diário)
Com a mudança da estação, o clima mais frio começa a ganhar força. Junto dele, o aumento no caso de doenças respiratórias, que em Santa Maria fez aumentar o número de atendimentos em 35% em comparação com o mesmo período do ano passado. A umidade, que passa a variar bastante nessa época do ano, pode ajudar a responder o porquê do aumento de casos respiratórios.
Em entrevista ao programa Fim de Tarde CDN desta quarta-feira (4), o médico infectologista Thiego Teixeira Cavalheiro destaca que a umidade relativa do ar ideal fica entre 40% e 60%. Entretanto, no período atual, a umidade fica acima de 70%. Segundo ele, esse aumento facilita que partículas do ar carreguem microorganismos com potencial inflamatório.
– A infecção ocorre justamente num contexto em que a gente tem o contato com algum agente, seja ele uma bactéria, um vírus ou fungo. Esse microorganismo provoca uma reação inflamatória no nosso corpo, ativa nossa via inflamatória, e o resultado disso é o quadro infeccioso. Nem todo processo inflamatório é infeccioso, mas o momento é propício para que haja uma ativação da via inflamatória por si só – explica.
Além dos casos mais graves, que exigem intervenção médica, a estação também facilita a ocorrência de alergias, como o caso de rinite, ou descompensações de doenças como asma e bronquites crônicas.
– O paciente que tem uma debilidade maior do trato respiratório, que é o órgão mais acometido nesse período, deve estar atento para que consiga controlar a situação – destaca Thiego.
O equilíbrio pode ser feito por meio do uso de medicamentos, desde que com as devidas orientações médicas, mas também pode ser de origem ambiental. O médico destaca que arejar os ambientes é fundamental para manter o ar em circulação e, assim, diminuir a chance de infecção. Além disso, o uso de desumidificadores é uma boa opção para controlar o ambiente.
– Fazer com que a gente tenha o cuidado no contato com outras pessoas que estão com o quadro respiratório alterado, por exemplo, para que se consiga manter o equilíbrio do nosso trato respiratório e, consequentemente, diminuir a quantidade de secreção e risco de infecção – comenta.
Conscientização
O infectologista destaca que não é possível se proteger por completo, visto que as interações humanas ocorrem a todo momento em diversos ambientes, mas que, por ser um período onde há maior incidência de doenças do trato respiratório, é importante prevenir o contágio.
Além da vacinação, disponível para qualquer pessoa acima de seis meses na rede pública de saúde, Thiego cita outras dicas de prevenção, que, somadas, podem diminuir as chances de infecção:
- Vacinação;
- Identificação do indivíduo com quadro gripal e, então, otimização de medidas preventivas de transmissão;
- Higienização das mãos com álcool ou água e sabão;
- Evitar contato com partículas do trato respiratório de paciente contaminado;
- Usar barreiras de proteção, como máscara, enquanto estiver doente.
Ainda, há o que o médico chama de "uma saúde globalmente equilibrada", que deve ser conservada durante todo o ano, mas especialmente em épocas como a atual.
– Não adianta o paciente ser diabético e não estar controlado, ser hipertenso e não estar controlado, que tem doença pulmonar e continua fumando, ou que tem asma e nunca controlou. No momento que ele for acometido por algum agente infeccioso, é provável que ele tenha uma evolução pior. A gente pede um equilíbrio.
Ele encerra alertando que o melhor remédio é a prevenção. Por isso, reconhecer os sinais precocemente é fundamental para evitar a transmissão.