
Foto:Pablo Iglesias (Diário)
Na série com os vereadores reeleitos, nesta edição, é apresentado um vereador com alma de comunicador.
Foi dentro de um estúdio de rádio, na Avenida Rio Branco, e chegando em milhares de residências de Santa Maria, que Antônio Elemar de Oliveira, popularmente conhecido como Tony Oliveira, conquistou rapidamente a audiência e os votos de muitos eleitores da cidade. Popularidade que, inclusive, garantiu mais uma legislatura na Câmara de Vereadores.
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Natural de Vera Cruz, na região do Vale do Rio Pardo, ele chegou a Santa Maria nos primeiros meses de 2018 para trabalhar com a sua maior paixão: o rádio. Mas antes disso, carrega, na bagagem da vida, uma trajetória de bastante trabalho. Casado, pai de duas filhas e hoje com 53 anos, relembra a caminhada profissional desde a infância.
– Eu comecei a trabalhar aos sete anos de idade vendendo picolé, também fui engraxate de rodoviária, na época de laranja e bergamota, eu vendia. Comprava dos agricultores e revendia nas sinaleiras. Já cortei palmito, colhi fumo, fui coveiro de cemitério, trabalhei em curtume e na construção civil – recorda o parlamentar reeleito.
A caminhada
Comunicativo e de gostos musicais variados, a chegada no rádio se deu quando operava de DJ em eventos na região do Vale do Rio Pardo. Foi descoberto por um diretor de uma emissora local de Candelária.
– Eu comprei uma daquelas mesas de DJ e comecei a tocar em festas, aniversários, casamentos e, num desses eventos, entre os anos de 2004 e 2005, veio até mim o diretor de um rádio de bastante audiência de Candelária e me convidou para trabalhar com ele. Eu era muito fã daquela rádio. Acabei aceitando e foi quando comecei com um programa que ia ao ar aos sábados à tarde. O programa começou a cair no gosto do povo e a popularidade veio – relembra o vereador.

Programa popular
Com um programa de músicas populares, linguagem informal e bastante audiência nas periferias das cidades em que trabalhou, Tony fez dos microfones uma ponte entre a vida pública de radialista para a de político.
– Eu sempre fiz um programa de bailão e foi nessa pegada mais popular, de não pensar muito no que você diz, sem ligar muito para aquele português bem falado, que eu me aproximei da periferia, dos trabalhadores, pedreiros, moradores do interior, donas de casas, faxineiras. Eu ajudei muita gente pelo rádio até que surgiu o convite do extinto PSL (Partido Social Liberal) de Santa Maria para entrar na política, e eu aceitei – afirma Tony.
A política
Em 2020, candidatou-se pela primeira vez e foi eleito com 1.280 votos. A partir disso, descobriu uma vocação além da de radialista. Em 2022, concorreu a deputado estadual, desta vez, pelo partido de centro-direita Podemos. Conquistou quase 13 mil votos e ficou na suplência. Em outubro de 2024, tentou um segundo mandato no Legislativo e se reelegeu com 1.804 votos, ocupando a 16ª cadeira entre as 21. É o único representante da bancada do partido.
No entanto, a vereança não foi o primeiro objetivo de Tony na última eleição. Por pouco, não se lançou candidato a prefeito de Santa Maria.
– Eu figurava nas pesquisas como um dos candidatos a prefeito e segurei essa candidatura até o limite, mas eu acabei desistindo, porque eu tive a humildade de entender que ainda me falta um pouco mais de experiência política para administrar uma cidade do tamanho de Santa Maria. E, além disso, construir uma equipe que vá trabalhar junto contigo. Então, eu entendi que ainda não era a minha hora. E nem sei se um dia essa hora vai chegar, mas é um desejo – avalia o radialista.
Projetos
Nas atribuições de vereador, Tony emplacou e conseguiu aprovar algumas leis, como o da doação das sobras limpas dos restaurantes. Também a proposta que dobrou o valor das emendas impositivas de cada vereador e o projeto do cavalo de lata, que substituiu as carroças no centro da cidade para os carrinhos de mão usados por recicladores.
– Eu não sou um vereador de muitos projetos, porque eu enxergo um problema crônico que é a aprovação dos projetos; eles viram lei, mas a prefeitura não fiscaliza e, aí, fica parecendo que o povo nos paga para estar na Câmara para nada, pois muitos projetos não são colocados em prática – destaca Tony.

Na pauta
Para a nova legislatura, dois projetos estão no radar: um referente a escalas médicas das unidades de saúde, para que os usuários possam saber qual é o médico que está atendendo no dia naquela unidade. E o que institui o exame toxicológico de drogas anual para funcionários públicos, vereadores e cargos de confiança. As duas propostas, aliás, o vereador tentou emplacar no Legislativo no primeiro mandato, mas não encontrou respaldo.