
Na troca de cadeiras, da assessoria parlamentar para a do Legislativo de Santa Maria, a história de uma vida passou pelos olhos de Sidinei Cardoso (PT). O “coloninho”, que veio para a cidade estudar nos anos 1990, capinou pátio, cortou lenha e vendeu suco na praça até se estabelecer na política, e dela, nunca mais sair. Com 2.892 votos, ele ganha os holofotes e passa a integrar a Câmara de Vereadores pela primeira vez.
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Os tempos de Água Boa
Filho de agricultores familiares, Sidinei passou os primeiros anos de vida na localidade de Água Boa, distrito de Arroio do Só. Da época, recorda as lidas no campo, a compra e venda na “cidade” e a escola, que afirma ter sido muito dedicado. O vereador afirma que era o sonho dos pais que ele concluísse os estudos:
– O pai e a mãe sempre diziam que não tiveram condições de concluir os estudos deles, mas era prioridade, enquanto eles pudessem, trabalhar pra gente poder estudar. Então, sempre fui estudioso, nunca repeti de ano. Meu maior orgulho foi chegar na primeira série sabendo escrever meu nome.
Quando completou o Ensino Fundamental, as opções de estudo em Arroio do Só se findaram. Foi quando se mudou para a região central de Santa Maria para fazer o Ensino Médio. No Colégio Estadual Manoel Ribas (Maneco) não demorou muito para que os desafios de morar sozinho fossem amenizados com a militância.
Movimento estudantil como porta de entrada
Para Sidi, como é conhecido, os corredores do Maneco guardam fatos determinantes para as escolhas de vida. Lá, despertou o interesse pela política. As primeiras articulações foram no Grêmio Estudantil, a partir do qual contribuiu com mudanças na escola. Uma delas foi a aquisição de um som, o que rendeu a ele o título de DJ oficial dos intervalos.
Também foi neste espaço que conheceu Paulo Pimenta e começou a participar das primeiras reuniões do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1997, com 16 anos, já estava filiado ao PT. No ano seguinte, como militante do partido, participou das primeiras campanhas eleitorais: a de Olívio Dutra para governador, de Marcos Rolim para deputado federal e Paulo Pimenta para deputado estadual. De lá para cá, nunca mais parou.

As vivências da política
A cada passo na militância, o caminho se voltava ainda mais a espaços políticos. Em 2001, foi convidado para trabalhar na prefeitura de Santa Maria, com cargo de comissão e seguiu durante os dois mandatos de Valdeci Oliveira (PT). Em 2007 foi nomeado servidor concursado e, no ano seguinte, foi licenciado para assumir como assessor parlamentar do Paulo Pimenta.
No gabinete coordenou as últimas campanhas do deputado federal. De 1998 para cá, nenhuma eleição passou despercebida por ele. Foi nesse compromisso, a cada dois anos, que afirma ter aumentado a bagagem na política:
– Sempre fui muito ativo internamente no partido. Tenho a experiência da assessoria do Pimenta, em que tratava com as prefeituras e os vereadores a questão das emendas, a de ser funcionário da prefeitura e um ano na Famurs que me possibilitou, também, ampliar os horizontes.

A decisão pela estreia
Em uma vida política dedicada ao partido, cada desafio foi aceito em prol do coletivo. Quando a decisão, na tentativa de ampliar a lista de candidatos, foi colocar o nome a disposição como vereador, não foi diferente.
– Foi um desafio muito grande porque eu sempre trabalhei nos bastidores e ajudei a organizar a campanha de outros. Então, (fazer isso por mim) muda muito. É preciso chegar e comunicar – explica Sidi.
Conforme o vereador, o período de pré-campanha foi importante. Foi quando percorreu todos os cantos da cidade e se apresentou à comunidade – especialmente a do interior, com quem sempre teve facilidade em dialogar. A estratégia deu certo e em 2015, Sidi fez a estreia na tribuna.
– Eu vou ser da oposição, mas propositivo. Se for algo interessante para a cidade, eu vou ser o primeiro a ser parceiro. Se tiver algum problema, vamos cobrar a responsabilidade. Nós vamos buscar, e por ter essa experiência na prefeitura e por essa relação direta com Pimenta e Valdeci, de fazer acontecer e ser entregue.
O eleitorado e as bandeiras plurais
O vereador tem dificuldade de traçar o eleitorado com um único perfil. Para ele, a origem está nas pessoas que já votavam no Pimenta, no Lula e no Valdeci. Mas, também, no apoio de pessoas da sociedade que não são filiadas e que acompanhavam o trabalho.
Na saúde, o petista tem a principal bandeira e trabalha para um atendimento humanizado, acesso facilitado aos serviços básicos e a redução das filas e tempo de espera. Segurança pública também é prioridade. O vereador afirma que deve buscar recursos a nível federal e pedir agilidade para a prefeitura em outros, como o da Reconstrução.
– E o principal é ter entregas na comunidade, porque as pessoas ouvem no rádio o anúncio de milhões, mas precisam que essa demanda chegue a elas – afirma o vereador.
Sidinei Cardoso
- Natural de Santa Maria
- Nasceu em 31/05/1981 e tem 43 anos
- Casado com a jornalista Camilla Lopes e pai de Antônio, Pedro e Valentim
- Servidor concursado da prefeitura de Santa Maria, mas está licenciado
- Filiado ao PT desde os 16 anos (em 1997)
- Cursa graduação de Marketing Digital, na Unopar