Caminhada pautada pelas lições da medicina e da política: quem é o vereador Werner Rempel

Se a vida de Werner Rempel (PCdoB) fosse um livro, não faltariam capítulos sobre a infância vivida de cidade em cidade, os tantos jogos de vôlei e a militância. Apesar do enredo diverso, foi na medicina, no debruçar pelos livros e na política que encontrou os papéis principais. Desde então, já são sete mandatos de história na Câmara, contadas em bons discursos, diálogos e voz de tom ameno. 

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Capítulo I: Infância e a medicina entrelaçada de política

Embora as boas lembranças e raízes criadas nas cidades gaúchas onde morou, Werner brinca que era nômade na infância. A profissão do pai, pastor da Igreja Luterana, resultava em mudanças de quatro em quatro anos. Foi assim até se estabelecer em Santa Maria nos anos 70. Nascido em uma localidade chamada Linha 15 de novembro, no interior de Giruá, Região Noroeste, foi lá que Werner deu os primeiros passos, apesar de pouco lembrar daquele período.

Na escola, a idade para ingressar no primário era sete anos. Mas, a vontade de estudar fez com que Werner entrasse com seis, contrariando a ordem natural das coisas. Foi nessa época que dividiu as lições de casa com o vôlei – uma paixão antiga que rendeu a ele até competições nacionais na juventude. 

Capítulo II: Medicina entrelaçada com a militância

Já são quase 42 anos dedicados à medicina e que começaram na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Foram tempos de certeza pela medicina e pela política, mostradas quando precisou escolher entre a seleção gaúcha juvenil e um congresso na União Nacional dos Estudantes (Une). O coração pediu pela militância. Apesar da escolha pela política, nunca deixou de exercer a profissão como nefrologista:

– A minha profissão não é ser político. Ser político é um dever de consciência. A minha profissão é medicina e eu me identifico muito nas relações que ela proporciona. Em nenhum período, deixei de ser médico. É minha profissão, é minha vocação. 

Capítulo III: Ingresso na política

O primeiro grande momento na política foi a greve da medicina nos anos 80 em que os alunos reivindicavam a troca do administrador do hospital. Das pautas estudantis até a política partidária, não demorou muito tempo. A primeira eleição para o Legislativo foi em 1992. Outras seis viriam na sequência. Foi entre um mandato e outro que despachou, também, nos gabinetes do Executivo. De 2004 a 2008, foi vice-prefeito de Santa Maria na gestão de Valdeci Oliveira (PT).

Se alguma coisa mudou de lá para cá? Werner prefere acreditar que todas as decisões foram com base nas convicções, mesmo que tenham mudado em alguma medida ao longo do tempo:

– É próprio, de quando a gente é jovem, ser intempestivo. E seria muito ruim se a gente fosse muito adulto enquanto é jovem. Precisamos passar por todas as fases. Eu não faria coisas que eu fiz. Mas quando eu fiz, eu fiz por convicção.

Capítulo IV: A inspiração para os discursos

É nos livros que o vereador encontra uma parte de si. A rotina, o alicerce para os discursos e o conhecimento, principalmente sobre história. África, América ou Rio Grande do Sul. Não importa a distância geográfica. Não à toa, é na Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria (Cesma), que encontra o lugar preferido em Santa Maria.

– Aqui, eu me sinto em casa. Hoje, temos muitas livrarias, mas quando essa possibilidade não existia para Santa Maria, surgiu a Cesma. Um movimento de estudantes, que construiu isso aqui.  É um ponto de cultura, é a alma e o coração da Feira do Livro. Um patrimônio da cidade – conta Werner. 

Capítulo V: Bandeiras

O desempenho nas urnas – em 2024, ele fez  2.700 votos e foi 13º mais votado – ele atribuiu aos pacientes e a eleitores que se identificam com duas posições. Já entre as bandeiras e prioridades, estão ações na saúde, educação e desenvolvimento econômico. Pautas que reconhece serem audaciosas e, por vezes, difíceis de responder, mas Werner aprendeu nos livros de Nelson Sodré que são as grandes causas que valem a pena.

– Na questão da saúde, temos que evoluir para a parte de municipalização plena da saúde em que o município assume muito mais compromissos, mas tem muita possibilidade de fazer. Precisamos, também, concluir as escolas municipais de educação infantil. Porque é o início de tudo. Além disso, creio que Santa Maria precisa ter um projeto de desenvolvimento pautado na indústria de base tecnológica.

A trajetória

• 65 anos
• Natural de Giruá, região noroeste do Estado
• Médico nefrologista na Clínica Renal da Casa de Saúde, no Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo e no consultório próprio
• Vereador por sete mandatos (1993 a 1996; 1997 a 2000; 2001 a 2004; 2009 a 2012; 2013 a 2016; 2021 a 2024; 2025 a 2028)
• Três vezes presidente da Câmara de Vereadores (1998, 2002 e 2014)
• Filiado ao PCdoB. Antes, foi do MDB, PT e PPL