
A constituição de uma Comissão Permanente para Acompanhamento das Obras na RSC-287, o compromisso da concessionária Sacyr de reduzir as filas decorrentes dos "para e siga" existentes na saída de Santa Maria e a construção de uma rua secundária ao trecho que está sendo duplicado no município de Tabaí foram alguns dos resultados da audiência pública realizada nesta terça-feira (15), na Assembleia Legislativa. Proposta pelo deputado Valdeci Oliveira (PT), a atividade reuniu diversos prefeitos, vereadores e lideranças dos municípios que ficam na área de abrangência da 287, estrada que liga às regiões Central, Vale do Rio Pardo e Vale do Taquari à Região Metropolitana de Porto Alegre.
Outra forte cobrança realizada na audiência foi sobre o cronograma de reconstrução da ponte sobre o Arroio Grande. Nem o representante da Secretaria Estadual da Reconstrução Gaúcha, Diego de Campos (que representou o titular da pasta, Pedro Capeluppi), nem o diretor da Sacyr presente, Leandro Conterato, anunciaram datas, apesar da insistência do deputado Valdeci, que questionou isso com ênfase no final da audiência. Mas Campos foi taxativo sobre o assunto:
– A ponte (sobre o Arroio Grande) está liberada para iniciar a obra. Não existe nenhuma restrição por parte do Estado para o início da ponte, sentido oeste, de Arroio Grande – afirmou.
Já Conterato, da Sacyr, afirmou que existe ainda a necessidade de adequação de uma etapa complementar do projeto técnico da ponte, que é o trecho de acesso à estrutura que será reconstruída, o que levará mais algum tempo. O deputado Valdeci afirmou que a ideia da audiência foi ouvir todos atores envolvidos e atingidos pelos desdobramentos das obras da 287:
– Não temos nenhuma contrariedade à duplicação. Ela é fundamental para a região para a ligação com a região central do estado. O que achamos é que uma empresa da importância da Sacyr precisa esclarecer uma série de questões junto às comunidades, que pagam cinco pedágios de Santa Maria até Porto Alegre. É preciso ter uma relação de transparência e um cronograma organizado.
Valdeci também criticou a falta de organização na execução das obras:
– É inadmissível que ainda não esteja pronto o projeto para a construção de uma ponte que caiu há quase um ano. Nunca vi um pare e siga tão desorganizado quanto ao próximo à chegada de Santa Maria. Na região de Santa Maria e da Quarta Colônia, nem a duplicação está sendo realizada. A parada de uma hora ali, como aconteceu comigo nesta semana, ocorre em função de obras pontuais – apontou, defendendo um planejamento.

Já o prefeito e Agudo, Luis Henrique Kittel (PL), entende que o principal gargalo da obra da RSC-287 é em Santa Maria e reforçou que a comunidade não é contrária aos pedágios, mas sim com a morosidade na obra:
– Precisamos de uma abertura melhor para saber de fato o que está acontecendo. Toda obra causa transtorno, mas por enquanto está muito embaçado. Em um trajeto que demorava 50 minutos, hoje levamos mais de duas horas até Santa Maria – relatou.
O prefeito Lucas Michelon (Progressistas), de Pinhal Grande e presidente do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia, reclamos dos impactos negativos gerados para o turismo da Região da Quarta Colônia, que recentemente foi reconhecida como um dos geoparques da Unesco:
– Só queremos que a a nossa região seja lembrada pela Sacyr assim como foi lembrada na colocação do pedágio, que foi instalado de maneira estratégica, pegando todo o desafogo da Quarta Colônia. Não somos contra o pedágio nem contra a obra, mas precisamos um plano B – justificou.
O vereador Marcelo Bisogno (União Brasil), que é presidente da Comissão Especial da RSC-287 na Câmara de Santa Maria, avalia que a Santa Maria e a Quarta Colônia estão vivendo o “total descaso e desprezo por parte do governo estado”. Ele recordou que Santa Maria é a quinta maior cidade do Rio Grande do Sul, representa o segundo contingente militar do Brasil e possui uma universidade federal, a UFSM, que possui milhares de estudantes e presta serviços para todo estado por meio do Hospital Universitário (Husm).
– Essa rodovia é internacional, e o governo do estado não se deu por conta disso. Não olhou para a região Central, não olhou para a metade Sul e não olhou para o Mercosul. Essa rodovia nos leva a São Borja e é caminho para a Argentina. Hoje nós, santa-marienses, para irmos a dois distritos locais que não tem farmácia e mercado, precisamos pagar pedágio, ponderou o vereador.
Também presente na audiência, o vereador Sidinei Cardoso (PT) lembrou que recursos não faltam para as melhorias e a agilização das obras na 287:
– Foi aprovado pelo governo federal, o não pagamento por 36 meses da dívida do estado com a União, o que representa R$ 14 bilhões, mais um fundo de R$ 6,5 bilhões (para a reconstrução). O estado tem que imediatamente aportar, via Funrigs, recursos nesse contrato, pois, do contrário, vai aumentar a tarifa, a concessionária vai pedir reequilíbrio – reforçou.
*Com informações da assessoria do deputado estadual Valdeci Oliveira
Leia também: