Foto: Beto Albert (Diário)
O crescimento acentuado de eleitores idosos em Santa Maria trouxe à tona a urgência de pensar em políticas públicas e serviços que garantam uma melhor qualidade de vida para este público. Mesmo com o voto facultativo, o número de eleitores com mais de 70 anos aumentou 58% em relação às eleições municipais de 2012, passando de 18.244 para 28.929 neste ano, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao vivo no Bom Dia, Cidade! desta sexta (25), a presidente da Comissão Especial dos Direitos da Pessoa Idosa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Santa Maria, Elizabeth Braunstein, salientou que o cenário evidencia ainda mais a importância desta parcela na escolha do gestor municipal no domingo (27).
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Em 2024, Santa Maria terá 3,2 mil eleitores idosos a mais, em comparação com o último pleito de 2020. Para Elizabeth, são raros os casos de idosos que optam por não exercer o direito da cidadania. Na maioria dos casos, são pessoas acamadas e/ou portadoras de algum tipo de doença degenerativa. Fora isso, a cultura do voto segue firme entre o público:
— Elas têm consciência do voto e elas querem votar, são bastante ativas e têm consciência da importância do voto. [...] Há pouco tempo, fizemos um evento na OAB sobre os direitos da pessoa idosa, onde foram convidados 31 grupos e todos enviaram representantes. Então, realmente, eles estão interessados na vida, então vivendo e são conscientes sobre a importância do voto. A pessoa com mais de 70 vai continuar votando, sim, desde que ela tenha condições físicas.
Evitar a exclusão dos idosos é fundamental
Ao votar, o idoso garante uma forma de reivindicar os direitos em relação aos desafios do dia a dia, que vão da saúde a segurança. A escolha também é uma forma de vencer uma luta importante: o esquecimento da população à sociedade. O tema ainda é um desafio para a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (CDPI), segundo Elizabeth.
Mesmo com a criação do Estatuto do Idoso, assegurado pela Lei 10.741, em 2003, as regras estabelecidas nem sempre são postas em prática como deveriam.
— Quando a pessoa fica idosa, até a família olha com exclusão. Nós temos um costume de descartar esses grupos, tanto é que foi obrigado a fazer uma lei do Estatuto do Idoso para garantir alguns dos direitos, e, na realidade, esses direitos estão apenas na letra da lei, porque grande parte desses direitos não são cumpridos. [...] Por exemplo, nós mandamos uma correspondência para todos os políticos (no 1° turno), o que eles estavam prevendo para os idosos nos seus planos de governo. Para dizer a verdade, só dois responderam. Tínhamos sete candidatos, nós fomos todos céticos e estamos aguardando as respostas deles até hoje. É impressionante que até aquele que se candidata não inclui nos seus programas todas as faixas etárias, e isso é muito importante. O idoso que ainda está na ativa, que são a grande maioria, eles estão mais praticamente excluídos da sociedade. [...] Nós fizemos uma pesquisa e até nos postos de saúde e têm pessoas com mais de 80 anos que tem que aguardar muito tempo na fila. Então, temos muitos problemas para ser resolvidos e esperamos que esse novo prefeito tenha uma visão bem importante para essa classe — pontua.
Propostas
No debate promovido pelo Grupo Diário na última segunda-feira (21), os candidatos que disputam o segundo turno, Valdeci Oliveira (PT) e Rodrigo Decimo (PSDB), responderam uma pergunta enviada pelo Conselho Municipal do Idoso sobre estudos demográficos da população idosa e as propostas dedicadas ao público.
Decimo anunciou que pretende criar espaços de acolhimento e lazer, além de fortalecer o conselho. Já Valdeci prometeu criar um Centro de Referência dos Idosos e melhorar as condições de calçadas, além de apoiar grupos de terceira idade. Leia mais detalhes aqui.