Foto: Vinícius Machado (Diário)
A 10 dias do segundo turno das eleições municipais de 2024, marcado para 27 de outubro, o possível aumento no índice de abstenção é motivo de preocupação para os que prezam por um processo de escolha consciente e democrático para o futuro da cidade.
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Em Santa Maria, 57.661 dos 209.393 eleitores santa-marienses decidiram não comparecer às urnas no dia 6 de outubro, primeiro turno das eleições, para escolher prefeito e vereadores. O índice de abstenção atingiu 27,54%, acima da média nacional, que registrou 21,68%. No Rio Grande do Sul, o dado foi de 23,69%.
Para o cientista político e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Cleber Ori Cuti Martins, é fundamental lembrar o processo de luta que resultou no direito ao voto no Brasil para que hoje ele possa ser exercido de forma plena por todos.
– Primeiro, é preciso entender por que as pessoas não comparecem e, segundo, incentivar que essas pessoas se envolvam com o processo político, participem e votem. É um direito conquistado a duras penas por muitas pessoas, durante o período do regime autoritário, especialmente o de 1964 – destaca.
A entrevista com o professor, realizada na Rádio CDN (93.5 FM) nesta quinta-feira (17), faz parte da campanha do Grupo Diário que une esforços para estimular o voto de cada eleitor santa-mariense e contribuir para o desenvolvimento local.
Multa baixa, desencantamento com a política e população flutuante
O alto índice de abstenção não pode ser explicado de forma simples, segundo o especialista, mas existem fatores técnicos e comportamentais dos eleitores que ajudam a entender o cenário.
Entre as questões técnicas estaria a necessidade de atualização biométrica dos eleitores, para que seja possível obter um panorama mais claro sobre o número de pessoas aptas a votar na cidade. Além disso, o professor cita as brandas sanções aplicadas aos faltantes. O valor baixo da multa e a facilidade em justificar por meio de aplicativo de celular podem favorecer a abstenção.
No que diz respeito a elementos mais complexos que também podem estar relacionados a baixa participação, está o desconforto da população com os modelos tradicionais de fazer política.
– Parte dos estudos sobre desencantamento ou quebra de crédito com a política formal indicam que há um segmento do eleitorado que opta por não participar, não se envolver, porque entende que não tem efeitos. Do ponto de vista simbólico, que é altamente relevante, isso é complexo – afirma o professor.
Em Santa Maria, existe ainda um fator específico: a população flutuante composta, por exemplo, por estudantes que permanecem na cidade por um curto período de tempo, estão aptos para votar, mas não comparecem.
Para reverter o cenário, o cientista explica que é preciso um olhar atento dos diferentes setores da sociedade para além do período eleitoral. Atividades em escolas, campanhas nas mídias e atuação dos partidos são caminhos fundamentais para a mudança.
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