"Falar em anistia, agora, para estes criminosos é flertar com a impunidade", diz ministro Pimenta sobre indiciamento de Bolsonaro e outros 36

Foto: Beto Albert

O ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal, na última quinta-feira (21), após a conclusão de um inquérito que apurava a existência de uma organização criminosa formada para impedir que o presidente Lula e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo em janeiro de 2023. Além disso, a PF apontou um suposto plano para matar presidente e vice, além de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).


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Na manhã desta segunda-feira (25), o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta (PT), foi entrevistado no programa Bom Dia, Cidade!., da CDN. Durante a conversa, ele manifestou preocupação com o fanatismo político e comentou como o governo recebeu as revelações da Polícia Federal a partir da conclusão das investigações. Além disso, ele falou sobre o seu futuro na política, que deverá concorrer ao Senado nas eleições de 2026.


Conclusão das investigações

Na última semana, tornou-se público que a Polícia Federal concluiu um inquérito de 884 páginas, que investigava a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria, supostamente, executado no dia 15 de dezembro de 2022. O ministro Pimenta contou que a revelação provocou nos membros do governo uma sensação de perplexidade e indignação. Ele também relembrou que o ato planejado não era a única movimentação do grupo.

– Em um primeiro momento, tentaram desmoralizar a credibilidade da eleição, o que é muito curioso, porque as mesmas pessoas que faziam campanhas para desmoralizar a credibilidade das urnas foram eleitos deputados, senadores e governadores. Depois, nós tivemos aqueles acampamentos em frente aos quartéis. Na realidade, tudo aquilo foi montado no sentido de criar um ambiente político no país, que tinha por objetivo, através da violência e da força, fazer com que o Bolsonaro continuasse presidente. Aí, aconteceram uma série de eventos muito graves em Brasília. A tentativa de explosão de um caminhão-tanque próximo ao aeroporto, o quebra-quebra que foi feito em Brasília no dia da diplomação, em 12 de dezembro, o episódio do 8 de janeiro… – recordou o ministro.

Pimenta revelou que conversou pessoalmente com Lula e Geraldo Alckmin e que os dois estavam incrédulos com a situação. Ele também lembrou que o plano só não foi executado com Alexandre de Moraes, pois o ministro do STF havia mudado a sua agenda de última hora.

– E só não foi consumado este plano criminoso, porque o Alexandre de Moraes estava em uma sessão do STF e teve um pedido de vistas, quando o julgamento estava 5 a 4. Ele acabou alterando a agenda dele e foi para um outro compromisso, e não para casa, porque os criminosos estavam na frente da casa dele. Armados, planejados e com tudo organizado para sequestrar o ministro do STF e, em um segundo momento, acabar com a vida dele –  acrescentou o ministro.


Fanatismo político e anistia

Para Pimenta, o principal responsável por tais acontecimentos no país é o fanatismo político, capaz de criar um ambiente de ódio e violência e impedindo que muitos tenham uma leitura racional dos fatos. Ele torce para que o julgamento seja concluído o mais rápido possível pelo STF, citando o segundo semestre de 2025 como uma possível data. Além disso, manifestou que acha injusto em falar sobre anistia, pois há pessoas que nem foram julgadas até o momento.

– Essa questão da anistia sempre foi uma ilegalidade completa, porque não se pode anistiar alguém que não foi julgado. Falar em anistia, agora,para estes criminosos é flertar com a impunidade. É a sensação de que não vai dar nada e que não há no Brasil uma tradição de responsabilização de mandantes em tentativas de golpe – argumentou Pimenta.


Movimentações do PT para 2026

No final da conversa,  Pimenta foi questionado sobre o futuro do Partido dos Trabalhadores, pensando nas eleições de 2026. Quanto ao presidente Lula, o ministro revelou que o mesmo manifesta que seu nome estará à disposição para buscar a reeleição. Para o governo do Rio Grande do Sul, o nome mais forte é o de Edegar Pretto, atual presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e que foi candidato em 2022, ficando fora do segundo turno por cerca de 2 mil votos de diferença em relação ao governador Eduardo Leite (PSDB).

Para o senado, Pimenta admite que Lula deseja contar com o seu nome para concorrer ao cargo, principalmente em função de Paulo Paim (PT), atual senador, revelar que não será mais candidato. Mesmo assim, o ministro reforça que não há nada decidido e que a decisão cabe ao partido.

– É natural que as pessoas cogitem que eu seja candidato a algo que não seja deputado federal. Acompanho o debate com muito respeito a outros nomes que o partido tem e, no momento adequado, vamos bater o martelo. Se me perguntassem hoje, a probabilidade maior seria de eu ser candidato a senador – concluiu ele.


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