Um guri inquieto, um homem batalhador e um pai presente. Essas são só algumas formas que as mulheres que inspiram o candidato Valdeci Oliveira o definem. Não faltam histórias sobre a infância em Dilermando de Aguiar, as campanhas à base de risoto e sobre um amor que começa longe do padrão dos filmes de romance. Com a palavra, a esposa Elaine de Oliveira, as filhas Tamara e Diossana, e a amiga Cerlene Machado.
O guri inquieto e arteiro
Na infância, nada de carrinhos ou desenhos animados. Da época, as principais lembranças da mãe de Valdeci, contadas à esposa do candidato, Elaine de Oliveira, dão conta de um guri arteiro e inquieto. Com essas características e diante da necessidade da família, que morava em Dilermando de Aguiar, na época distrito de Santa Maria, não demorou muito para que toda a agitação se transformasse em vontade de trabalhar e de ajudar os pais.
Valdeci é o mais novo entre os quatro irmãos. Elaine lembra que era comum a mãe de Valdeci contar que, desde muito pequeno, ele já se envolvia nas lidas da lavoura, ao lado do pai:
– Ele era uma criança que sempre gostou de trabalhar, de ajudar em casa. Ia com o pai para a lavoura e, às vezes, chegavam tão cansados que ela (a mãe de Valdeci) tinha que levar comida na cama. E hoje, ele continua sendo uma pessoa muito dedicada e com muita vontade de trabalhar. Se ele não estiver trabalhando, não está bom; férias, então, ele nem gosta de tirar.
Amor de hospital
Foi aos 20 e poucos anos que Elaine conheceu o marido – e em um ambiente nada habitual. Ela conta que, após trabalhar como metalúrgico na Região Metropolitana, Valdeci voltou a Santa Maria para cuidar da mãe, que acabou adoecendo. No hospital, ele revezava os cuidados com quem ainda não imaginava ser a pessoa que dividiria a vida inteira. Um amor de hospital que, antes de ser paixão, foi amizade:
– Eu conheci o Valdeci no hospital, quando ele foi cuidar da mãe. Eu ficava lá quando eles precisavam ir para casa. Antes de namorar, éramos amigos. Só depois de muito tempo, começamos a namorar.
"Calça, no singular"
Muito trabalho, pouco orçamento, o apoio de amigos e uma calça. “Uma calça, no singular”. É dessa forma que Elaine e as filhas relembram a campanha que levou Valdeci ao primeiro cargo como vereador, em 1988. A esposa perdeu as contas de quantos remendos foram necessários na calça, companheira inseparável nos atos políticos:
– Se fosse perguntar, naquela época, do número de pedras que tem Santa Maria, eu acho que ele saberia. Andava só a pé. E usava uma única calça, que foi a que ele usou a campanha inteira e andou por todos os lugares.
A calça, além de um fato curioso, também representa tempos difíceis. Elaine conta que, nas primeiras campanhas, tudo era feito a pé. Foram raras as vezes em que sobrava dinheiro para o ônibus. Foi em uma televisão emprestada que a família assistia às propagandas eleitorais. E, voltando à calça, foi com ela, no chão da casa, na Cohab Tancredo Neves, que Valdeci ouviu pelo rádio a contagem dos votos que o elegeram vereador de Santa Maria, como lembra Elaine, em detalhes:
– No último dia, ele chegou cansado e se jogou no chão, embaixo da máquina de costura quando já estava dando a contagem dos votos. Todo mundo começou a chegar lá em casa, e um radialista falou que ele tinha feito tantos votos e que ia entrar. E ele disse assim: “Ai, eu acho que sou eu!”. Foi quando todo mundo que estava lá começou a chorar, e ele ainda sem acreditar que tinha conseguido.
Campanhas à base de risoto
Quem acompanhou de perto as primeiras campanhas de Valdeci foi Cerlene Machado, amiga da época do movimento sindical. Ela lembra que foram momentos difíceis em que Elaine trabalhava das 6h até a madrugada, já que o marido precisou deixar o emprego para se dedicar à empreitada na política.
Daquela época, chega o cheiro característico do risoto. Para arrecadar dinheiro para a campanha, foram incontáveis paneladas da refeição. O resultado? Não querer saber de risoto por um bom tempo e, claro, um objetivo cumprido:
– A eleição de Valdeci foi um sonho que se realizava porque, naquela época, era uma coisa impossível. Uma pessoa que não tinha um “tostão”... Fazíamos risoto para conseguir o dinheiro para o xerox dos santinhos.
Defensora com unhas e... bandeiras
Em casa, Valdeci sempre contou com filhas participativas na campanha e defensoras ferrenhas. Se fosse preciso, Diossana tinha até uma bandeira reservada para isso:
– Eu era um pouco brava e não admitia mentiras. E por mais pequena que fosse a mentira, eu pegava a bandeira e ia atrás das pessoas. Se alguém passasse na frente da nossa casa fazendo piadinha ou largando alguma coisa, eu tinha minha bandeira no cantinho da área, pegava e saía correndo.
Com Tamara, a filha mais velha, não foi diferente. Com 4 anos, ela já estava na rua com o pai. E ai de quem quisesse o contrário. Era choradeira e até sintomas de doença na ausência de Valdeci.
– Eu lembro também de uma vez não me deixaram ir, e eu fiquei muito brava. Teve épocas que o pai precisava viajar para São Paulo no sindicato, e eu ficava doente, tinha febre e só melhorava quando ele voltava – relembra Tamara.
Apesar de episódios de distância, necessários diante dos compromissos, segundo as filhas, Valdeci é um pai presente e que jamais deixou de participar de momentos importantes. Prova disso foi o memorável “um para a meia-noite”:
– Ele foi convidado, no dia 31, para ser homenageado por uma turma em Toropi e atrasou. Ficamos eu e a Tamara esperando na varanda, e a mãe com as taças. Quando faltava um minuto para meia-noite, o pai encostou com o carro na frente, abriu o portão e entrou gritando “é Ano Novo”. Nós choramos juntos por saber que era um Ano Novo com coisas novas – relembra, emocionada, Diossana.