"É uma situação muito delicada, fruto desse discurso violento que tem se propagado pelo país", diz ministro Pimenta sobre explosões em Brasília

Foto: Bruno Peres (Agência Brasil)

As explosões serão investigadas pela PRF com estratégia semelhante à reconstrução de cenário na identificação dos crimes de 8 de janeiro de 2023.

​O ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, disse que o ataque na Praça dos Três Poderes não foi um ato isolado, e afirmou que o episódio da última quarta-feira (13) foi alimentado por um discurso de ódio propagado no Brasil nos últimos anos. Segundo ele, o evento se conecta a outros casos de extremismo no país, como os atos golpistas do 8 de janeiro de 2023. Ao vivo no programa Bom Dia, Cidade! desta quinta (15), ele comentou sobre o atentado.


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Segundo Pimenta, o caso está sendo investigado em sigilo pela Polícia Federal (PF). Agora, o objetivo é tentar entender quem ajudou a financiar a presença do chaveiro Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiu França, em Brasília, onde permaneceu por 90 dias antes do ataque.

Além de uma casa, o autor do ataque também havia alugado um trailer em uma área de food trucks próxima ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde mantinha artefatos explosivos. Nas redes sociais, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, disse que uma gaveta aberta por um robô antibombas gerou uma "explosão gravíssima", que destruiu o interior da casa do homem. Ele era ex-candidato a vereador pelo PL em Rio do Sul, Santa Catarina.


 Para o ministro, o caso pode ser visto como uma continuidade dos atos antidemocráticos no dia 8 de janeiro de 2023:

— É uma situação muito delicada, fruto desse ambiente de ódio e intolerância, desse discurso violento que tem se propagado pelo país e que precisa ser proibido. [...] Se um robô não tivesse aberto a gaveta, policiais teriam perdido a vida. Estamos sempre no risco dos criminosos terem êxito numa ação que, evidentemente, tem por objetivo criar um ambiente de caos e de desestabilizar o ambiente político do país, porque esse é o objetivo deles. Ele mesmo escreveu que queria provocar uma reação de apoio em sua ação criminosa. Então, todos esses elementos, eles têm conexão, não há dúvidas sobre isso.

Ele também criticou a viabilidade de anistia para envolvidos no episódio do ano passado. 

— A grande maioria não foi julgada, ainda não há uma investigação concluída sobre os mandantes e financiadores. Como é que você vai anistiar alguém que não foi nem julgado? Falar sobre isso neste momento é assinar para a impunidade, é sinalizar uma naturalização de ações criminosas que, nesse momento, só permitem que situações como essa possam voltar acontecer. Não podemos conviver com a impunidade, os criminosos precisam pagar, e a sociedade precisa dizer em alto e bom som que "aqueles que atentarem contra a democracia serão tratados como criminosos e vão responder pelos crimes que cometerem” — reforçou.

G20

Pimenta está no Rio de Janeiro para a Cúpula de Líderes do G20, que será realizada na próxima segunda (18) e na terça-feira (19), na capital carioca. Segundo ele, o esquema de segurança foi reforçado.

— Nesse local ali onde ele morreu nós vamos ter a solenidade com o presidente da China na quarta-feira. Vamos receber o Biden (presidente dos EUA), o presidente da Turquia (Recep Tayyip Erdoğan), a primeira-ministra da Itália (Giorgia Meloni), o Macron (presidente da França). Todos os principais líderes políticos do planeta estarão presentes no Brasil neste momento. Então, isso naturalmente cria um ambiente de instabilidade. Eventos de grande porte já tem um protocolo de segurança, então é natural que ele seja reforçado em função do que aconteceu.

Desde quinta-feira (14), são as Forças Armadas que atuam na operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na capital fluminense. No que cabe à pasta, os preparativos envolvendo a segurança do evento seguem conforme o planejado.

Em nota, o Ministério da Defesa informou que um efetivo de 9 mil homens vai atuar na operação de GLO durante a Cúpula de Líderes do G20. Militares da Marinha, do Exército e da Força Aérea Brasileira (FAB) trabalharão na segurança das comitivas no perímetro externo do Museu de Arte Moderna (MAM), da Marina da Glória, do Monumento a Estácio de Sá e dos locais de hospedagem das delegações dos chefes de Estado.

Decreto nº 12.243 foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e busca reforçar a segurança das comitivas no entorno do local do evento, que receberá 19 países-membros, além da União Africana e da União Europeia, totalizando 56 delegações.

"O trabalho dos militares ocorrerá em articulação com os órgãos de segurança pública federais e do Estado do Rio de Janeiro. A GLO se encerra no dia 21 de novembro", informa o ministério no comunicado.

Ataque

As explosões ocorreram por volta das 19h30min. Primeiro, foram detonados explosivos em um carro estacionado no anexo 4 da Câmara dos Deputados, próximo ao STF. Em seguida, houve e explosão de artefatos no corpo do autor do ataque, em frente à sede do Supremo.

A suspeita é de que o autor e o dono do carro ligado à explosão seja o chaveiro Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiu França, ex-candidato a vereador pelo PL em Rio do Sul, Santa Catarina.


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Vitória Parise

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