
Foto: Reprodução
Após a Polícia Civil divulgar o laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP), que apontou falha nos freios do ônibus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que se envolveu em acidente em Imigrante, o reitor Luciano Schuch se posicionou sobre o caso, na tarde desta quarta-feira (30). O acidente ocorreu no dia 4 de abril, na cidade do Vale do Taquari, e deixou sete estudantes do curso técnico de Paisagismo do Colégio Politécnico mortos e 26 pessoas feridas.
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Em um vídeo publicado nas redes sociais do Gabinete do Reitor, Schuch inicia sua fala comentando sobre aspectos identificados no laudo mecânico feito pelo IGP. Ele afirma que essas informações serão usados na sindicância interna da universidade, da qual dois engenheiros mecânicos doutores fazem parte:
– O ônibus tinha um certificado de segurança veicular emitido no dia 23 de janeiro deste ano. Com a conclusão do laudo do IGP, foi constatado que havia cinto de segurança para todos os passageiros do ônibus. Outro aspecto que apareceu no laudo é que existia um problema, um desgaste, na lona do freio traseiro do veículo. Esse laudo vai ser utilizado pela nossa sindicância interna, bem como pela Polícia Civil.
Schuch reforça que o ônibus passou por uma revisão preventiva em setembro de 2024, feito por uma empresa credenciada, no custo de cerca de R$ 14 mil.
– Depois de passar por essa manutenção, o ônibus rodou por aproximadamente 10 mil quilômetros até o momento do acidente. Todos os fatos relatados aqui já foram repassados para a Polícia Civil, que vão ser usados na investigação – afirma.
Confira o vídeo na íntegra:
Nota da UFSM:
"A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) informa que as investigações relacionadas ao acidente envolvendo um de seus ônibus seguem em andamento. Conforme o laudo pericial do Instituto-Geral de Perícias (IGP), o veículo possuía cintos de segurança. E, ainda, foi identificado desgaste na lona do freio traseiro. O documento integrará os procedimentos da sindicância interna conduzida pela UFSM, que conta com a participação de dois engenheiros mecânicos com doutorado e expertise na área.
Quanto à manutenção, reitera-se que o ônibus passou por revisão preventiva em 19 de setembro de 2024. Desde então, o veículo percorreu aproximadamente 10 mil quilômetros até a data do acidente.
Destacamos que a UFSM ainda não teve acesso formalmente ao laudo pericial e que, apesar disso, continua com o compromisso da transparência, encaminhando todos os documentos solicitados tanto pela Polícia Civil quanto pela sindicância interna."
Perícia do IGP aponta falha nos freios como causa de acidente com ônibus da UFSM
A perícia mecânica, divulgada na terça-feira (30), apontou uma falha no sistema de acionamento dos freios, causada por desgaste excessivo em uma das rodas. A condição foi classificada como falha de "potencial catastrófico".
O relatório também informou que todos os equipamentos de segurança obrigatórios, como cintos de segurança, estavam presentes no ônibus. O inquérito policial que apura as circunstâncias do acidente segue sob responsabilidade da Polícia Civil, que continuará com as investigações.
Dois exames técnicos
Foram realizados dois exames técnicos: o laudo de local e a perícia mecânica. O laudo de local analisou a dinâmica do acidente e buscou vestígios que pudessem indicar a causa do ocorrido, como marcas de frenagem, derrapagens ou outras evidências, além de avaliar o traçado e as condições da rodovia. Os vestígios encontrados foram compatíveis com os elementos posteriormente identificados na análise mecânica do veículo.
Próximos passos da investigação
Apesar da conclusão dos dois lados, a investigação por parte da Polícia Civil prossegue. O delegado José Romaci Reis, em entrevista para a Rádio CDN (93.5 FM), afirmou que novos laudos técnicos serão realizados, como no caso do disco do tacógrafo. O dispositivo deve indicar a velocidade do ônibus nos últimos quatro quilômetros de trajeto. A intenção é saber qual era a velocidade quando o veículo começou a descer a serra e qual o pico de velocidade pouco antes de sair da pista e cair no barranco. Reis também estuda a possibilidade de realizar uma nova perícia no ônibus para verificar outras possíveis irregularidades que não puderam ser esclarecidas pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) devido à falta de equipamentos adequados.
O delegado afirmou que, até o momento, não há definição sobre quem será indiciado no caso, e que ainda faltam ser ouvidos dois motoristas e duas vítimas do acidente.
"Agora sim ficou concretizado que Rodolfo também é uma vítima", diz advogado do motorista que dirigia ônibus da UFSM no acidente de Imigrante após o laudo pericial
A defesa do motorista Rodolfo Bopp, que conduzia o ônibus, vê um novo caminho da investigação do caso, após os primeiros laudos periciais de Instituto-Geral de Perícias (IGP) apontarem falha nos freios como uma das causas de acidente. Em entrevista no programa 'Bom Dia, Cidade!, da Rádio Central Diário de Notícias (CDN), 93.5 FM, o advogado Flávio Barreiro acredita que pela primeira vez o motorista possa ser tratado como vítima do acidente, e não suspeito.
Barreiro ainda fala do alívio do motorista após o resultado do laudo apontar uma falha mecânica nos freios, particularmente, no lado esquerdo da roda traseira, que apresentava desgaste excessivo, com as zonas de atrito praticamente no fim. O problema é encarado pelo delegado responsável pela investigação, José Romaci Reis como uma das causas do acidente, o que levou o ônibus a descer a Serra sem controle. Leia a matéria completa clicando neste link.
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