Universitário detido pela Brigada Militar na Calourada na Gare se pronuncia; confira o posicionamento da BM e da UFSM

Um dos estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que foi detido pela Brigada Militar durante a festa da Calourada 2025, na Gare, na noite da última quarta-feira (12), se pronunciou sobre o caso em nota enviada ao Diário. No texto, o universitário reforçou que "não apenas testemunhou o exagero da ação policial com a maioria dos presentes na festa, como fomos vítimas diretas de uma violência exagerada, descabida e completamente desproporcional."



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Além disso, o jovem afirmou que está "realizando todos os procedimentos necessários para que o caso seja investigado e os agentes sejam responsabilizados pela violência que cometeram contra nós." Confira na íntegra:


"No dia 12 de março, última noite de festas na calourada na Estação da Gare fomos vítimas da violência policial, completamente desproporcional, exagerada e descabida. Não bastando tudo que enfrentamos, fomos surpreendidos com a notícia veiculada pelo canal "Bei" e pelo "Diário de Santa Maria", o qual sem nos ouvir e apenas levando em consideração a declaração da Brigada Militar, nos rotulou como culpados por uma situação onde na verdade fomos vítimas.

A ação da Brigada Militar na Calourada da Estação da Gare no dia 12 de março revelou o despreparo das forças policiais em atuar em eventos festivos, como a recepção dos estudantes.

Nós três, que somos estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, não apenas testemunhamos o exagero da ação policial com a maioria dos presentes na festa, como fomos vítimas diretas de uma violência exagerada, descabida e completamente desproporcional, com spray de pimenta, agressões físicas e uma exposição pública que significou uma verdadeira humilhação. Uma de nossas amigas, uma jovem negra, precisou ser levada até a UPA, por conta de uma crise de pânico gerada pelo uso do gás de pimenta e a violência promovida pela polícia. Mesmo estando perante todo o aparato policial montado na festa e fortemente armado, fomos agredidos sob o pretexto de que estaríamos cometendo desacato e intimidação aos policiais pelo simples fato de questionar o por que da violência que estava sendo promovida pela Brigada Militar. Uma estudante foi abordada com força, algemada e levada por policiais homens, sem ter em momento algum a presença de uma policial mulher, ferindo as orientações legais. Eu, que sou um jovem estudante negro, fui alvo direto de spray de pimenta de um policial que estava bem próximo a mim, fui fortemente agredido e completamente exposto de forma humilhante frente a todos que estavam na festa, conforme comprovam imagens e vídeos que circulam em redes sociais, com marcas e dores que seguem até hoje por conta dos cacetetes e agressões dos policiais, tendo minha roupa rasgada e ainda sendo ridicularizado por parte de agentes de segurança ao pedir direitos básicos, como o de que minha advogada fosse chamada.

É inaceitável a situação vexatória, humilhante e violenta a qual fomos expostos e que, além de tudo, está sendo naturalizada, onde nós, mesmo sendo as vítimas da violência exagerada e descabida da Brigada Militar, estamos sendo tratados como culpados e criminosos.

Sob orientação jurídica, estamos realizando todos os procedimentos necessários para que o caso seja investigado e os agentes sejam responsabilizados pela violência que cometeram contra nós. Não é de hoje que acompanhamos inúmeros casos de excessos e violências por parte da polícia militar e é urgente que o modo de atuação e a repressão cometida pela Brigada Militar seja severamente repensada."


Posicionamento da UFSM

"A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ciente dos acontecimentos ocorridos durante a Calourada na Gare, está prestando auxílio aos estudantes envolvidos. Em reunião com a reitoria, relatam que não foram ouvidos nas reportagens veiculadas sobre o caso e que possuem versão dos fatos diferente daquela divulgada.

A UFSM busca, a partir desse episódio, reforçar o diálogo com a Brigada Militar e com a Delegacia do Idoso e Combate à Intolerância para que episódios como os vistos não se repitam, especialmente, no espaço da Calourada na Gare que visa ser um ambiente acolhedor para os estudantes universitários da cidade.

A UFSM reforça seu compromisso com o diálogo e a busca por soluções que respeitem os direitos e deveres dos e das estudantes da instituição.

Gabinete do Reitor UFSM"


Posicionamento da Brigada Militar 

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Brigada Militar de Santa Maria se posicionou sobre o fato na sexta-feira (14). No texto, reforçou que "adotou as medidas para que fosse mantida a segurança e a ordem do evento."

"Primeiramente, cabe ressaltar que a Brigada Militar, como instituição dedicada à proteção e à segurança de toda a sociedade, reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais. Quanto à ocorrência em questão, a Brigada Militar adotou as medidas, com o uso proporcional da força, para fins de que fosse mantida a segurança e a ordem do evento."


Relembre o caso

De acordo com a ocorrência registrada pela Brigada Militar, após a contenção do tumulto, um casal de 20 e 24 anos teria se aproximado dos agentes e questionando a atuação da equipe. Diante disso, foi solicitado que ambos se afastassem para manter a segurança, mas a ordem teria sido ignorada.


Na sequência, os policiais deram ordem de abordagem aos estudantes e solicitaram que se identificassem, o que também não teria sido obedecido. Em um novo momento de aproximação dos suspeitos, os agentes utilizaram spray de pimenta para afastá-los. Nesse momento, a jovem de 20 anos teria jogado um copo de cerveja no rosto de um policial.


Diante do ocorrido, foi dada voz de prisão ao casal pelos crimes de desacato e desobediência, mas ambos teriam resistido à prisão, sendo necessário o uso moderado da força e a aplicação de algemas. Ainda segundo o relato policial, os suspeitos tentaram impedir a ação dos policiais com chutes e pontapés, o que teria resultado em uma lesão no polegar direito de um dos agentes.


Os dois foram conduzidos à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), onde o caso foi registrado.


Investigação

O caso é investigado pela Delegacia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância (DPICOI) de Santa Maria. 


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