Prevenção e combate à violência contra a mulher estará mais presente nas escolas de Santa Maria

Prevenção e combate à violência contra a mulher estará mais presente nas escolas de Santa Maria

Registro de atividade na EEEM Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.

Uma das políticas públicas de combate à violência a mulher é dialogar com o público em idade escolar. Para ensinar a uma criança como identificar os sinais de abuso, os livros podem ser aliados, como o 'Não me toca, seu boboca', de Andrea Viviana Taubman. Essa é uma das obras que já entraram em salas de aula de Santa Maria por meio do projeto piloto da Promotoria de Justiça Regional de Educação (Preduc) de Santa Maria. Além do trabalho lúdico de mostrar o que é e como evitar uma situação de violência, os adolescentes também participam de atividades e os professores recebem orientações. Com dois anos, a ação deve chegar em mais escolas santa-marienses, exatamente quando dez feminicidios foram registrados em quatro dias no Estado

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Para combater a violência contra a mulher, os órgãos de Educação acreditam na multiplicação da sala de aula para o lar. A professora e coordenadora pedagógica Simone Dias Cavalheiro, 51 anos é uma das primeiras aliadas da proposta piloto. Ela e outros professores começaram a participar em 2023 e receberam treinamentos sobre o assunto. No mesmo ano, Simone implementou o projeto Mais Amor e Paz e Menos Violência Doméstica na Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, Bairro Boi Morto. Desde então, já são mais de 400 alunos em contato com a Lei Maria da Penha e a medida provisória, por exemplo.

​– No início das atividades em uma escola, a ideia é falar primeiro com os professores. Depois, pensamos em atividades com os alunos. Existem essas palestras em que trago os números de mulheres assassinadas, dos feminicídios no Brasil, a Lei Maria da Penha e a importância da medida protetiva. E também temos as atividades integradas em sala de aula. Trabalhamos com a interdisciplinaridade, como na produção de texto com Português, pensar a questão histórica, os cards em Artes, os estados mais afetados em Geografia, os gráficos e índices em Matemática. As possibilidades são muitas durante o ano – detalha Simone. 

Na última quinta-feira (15), a turma de 1º ano do Ensino Médio da EEEM Castelo Branco participou de uma roda de conversa sobe bullying e violência doméstica. A estudante Emanuela da Silva Reginato, de 15 anos, diz que o diferencial foi a profundidade como o assunto foi tratado. Antes do encontro, não sabia dos detalhes sobre as vias de proteção. 

Emanuela acredita que a conversa precisa incluir, principalmente, os homens, para que seja realmente efetiva.

– Estudo no colégio há 10 anos, e é a primeira vez que se aprofundaram mais nesse assunto. Como prevenir, como ajudar quando ver alguém que tá passando por isso. Passaram tudo certinho. Os números para ligar caso precisemos de ajuda. Falaram sobre a Delegacia da Mulher. E como a violência não é só física, também psicológica. Foi muito interessante. Acredito que na área em que moro, essas informações são essenciais – reforçar Emanuela, sobre o Bairro Boi Morto. 

Após essa palestra, a turma ficou responsável por uma atividade sobre o tema. 

Todas as idades 

E não para por aí. Ao todo, Simone reproduziu o conhecimento em outras duas escolas. Em 2024, as turmas do 1º ao 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Almiro Beltrame (escola do campo), no Distrito da Boca do Monte, começaram a participar das atividades. E, neste ano, ainda no mês de maio, o trabalho será iniciado na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Darcy Vargas, Bairro Nossa Senhora do Rosário. 

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Desenvolvimento do projeto 

A iniciativa é desenvolvida pela (Preduc) de Santa Maria, com a Promotoria da Violência Doméstica, Secretaria Municipal de Educação e 8ª Coordenadoria Regional de Educação em Santa Maria. Em 2023, escolas situadas em regiões com maior criminalidade e vulnerabilidade socioeconômica (a partir do programa RS Seguro)  foram convidadas a participar. Nos últimos dois anos, professores passaram por formações sobre o tema e desenvolveram projetos junto aos alunos. 

Próximo passo do projeto 
Após o período piloto em algumas unidades selecionadas, o programa deve ampliar suas ações a mais escolas da rede pública de Santa Maria. As particulares também foram convidadas. Com isso, mais professores participarão do treinamento e estarão aptos para multiplicar o conhecimento e identificar os indicadores de violência na comunidade escolar. As representações do setor irão fazer um projeto a ser desenvolvido durante este ano, explica a promotora de Justiça do Ministério Público do Rio Grande do Sul, Rosangela Corrêa da Rosa, que atua na Região Central para a defesa do direito a educação. Integra também a Comissão Permanente de Defesa da Educação. 


Rosangela, à esquerda, durante participação do programa Jogo de Cintura.

– Cada mantenedora, coordenadoria de educação e secretaria municipal, irão realizar um projeto e ele será desenvolvido ao longo do ano. No final do ano, pretendemos fazer um evento com o resultado desse trabalho. A secretaria municipal ficou responsável por chamar também as escolas da rede privada. A ideia é sensibilizar sobre a temática. Frisar sobre o quanto as famílias precisam conhecer sobre as medidas protetivas da Lei Maria da Penha. Isso é importante para os alunos, mães e pais. 

Entre os objetivos está a apresentação da Lei Maria da Penha e seus instrumentos. A discussão priorizará a perspectiva preventiva e de gênero. O piloto municipal deve ser replicado pela Preduc em outros 44 municípios da região.  


Debate 

O projeto foi apresentado pela promotora Rosangela durante participação do programa Jogo de Cinturas, da Central Diário de Notícias, 93.5 FM, e da TV Diário, na última segunda-feira (12), durante o debate sobre a identificação de abusos à vulneráveis pela escola. Foi o terceiro, de uma série de programas que tratarão o fim da violência  contra a mulher e as possibilidades de avanço frente os constantes casos. 

Além de Rosangela, participaram a advogada Deborá Evangelista e o diretor e professor do Colégio G10, Diego Crivellaro, também representante do Sindicato do Ensino Privado filiado à Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep). A apresentação é da jornalista Fabiana Sparremberger, também diretora de Jornalismo do Grupo Diário.


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