Por que é tão difícil para a mulher romper o ciclo de violência doméstica

“Por 40 anos, eu vivi justamente este ciclo que a senhora descreveu: primeiro a discussão, depois as agressões físicas e aí ele se arrependia, e vinham os dias bons. Só terminou quando o meu marido faleceu”. O relato da viúva, uma produtora rural, ficou gravado para sempre na memória da advogada e professora universitária Deborá Evangelista. O diálogo ocorreu após o término de uma palestra sobre o ciclo da violência doméstica e as três fases em que ele se desenvolve que a advogada realizou para um grupo de agricultoras.


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Deborá trouxe à tona este drama que atinge milhares de mulheres durante o quinto episódio do programa Jogo de Cintura especial pelo fim da violência contra a mulher, veiculado no dia 6 de junho, com a participação do psicólogo e especialista em estudos de gênero, Thadeu Lucca; a psicóloga e professora com mais de sete anos de experiência no tema, Anniele Rosinski, e o advogado e facilitador judicial atuante no âmbito da violência doméstica, Juarez Fernandes


O projeto é uma parceria do Grupo Diário e do Juizado de Violência Doméstica e Familiar da Comarca de Santa Maria.


– Em média, a cada 10 episódios do Jogo de Cintura, estamos trazendo este tema, sempre com as participações de dois homens e duas mulheres que atuam nesta causa, que é humanitária e precisa ser de toda sociedade. Não podemos mais assistir tantas mulheres serem mortas pelo simples fato de serem mulheres. Temos que intensificar e aprofundar o tema se quisermos mudar esta realidade tão cruel – afirma a diretora de Jornalismo do Grupo Diário e apresentadora do programa Jogo de Cintura, Fabiana Sparremberger.


No quinto episódio do projeto, o questionamento que norteou o programa foi “Por que é tão difícil romper o ciclo da violência doméstica? Medo, silêncio e culpa”. O objetivo foi compreender os obstáculos emocionais, sociais e institucionais enfrentados pelas vítimas e que as impedem de sair desta realidade tão dolorosa.


A advogada Deborá Evangelista explicou como ocorrem as três fases da violência doméstica: aumento da tensão, ato de violência, arrependimento e comportamento carinhoso, esta última chamada de lua de mel. 


A fala de Juarez Fernandes, advogado e facilitador judicial atuante no âmbito da violência doméstica, chamou a atenção para o fato de que o homem precisa reconhecer que é machista para se desconstruir como tal.


– A mulher que consegue dar um fim ao ciclo da violência doméstica da qual é vítima acaba rompendo um padrão que a família acabava repetindo – acrescentou Fernandes.


As dificuldades de sair do ciclo da violência são gigantescas e foram pontuadas pela psicóloga e professora Anniele Rosinski, que trabalha com o tema há sete anos. Ela destacou que a vítima que decide romper com a violência recebe críticas também de mulheres mais próximas, como a própria mãe ou os filhos.


– A mulher que decide romper o ciclo da violência doméstica é vítima também da própria família que a condena como culpada – destacou Anniele.


Misto de emoções

Durante o programa, também foi relatado o misto de sentimentos que acometem as vítimas: vergonha, medo, culpa e constrangimento. Muitas vezes, a mulher tem ainda mais dificuldade para dar um basta ao ciclo de violência porque seus parceiros – e agressores – constroem uma autoimagem de parceiros perfeitos e bons pais, dificultando o rompimento. Os convidados destacaram que é inaceitável a ideia de que a mulher permanece na relação violenta por gostar de apanhar, sendo que, na maioria das vezes, ela ainda é culpabilizada por “estar terminando com a família” quando decide se separar e dar um basta à violência.


Onde pedir ajuda

Centro de Referência da Mulher

  • Endereço – Rua Tuiuti, 1.835
  • Horário – Segunda a sexta-feira, das 8h ao meio-dia e das 13h às 17h
  • Contato – (55) 3174-1519 e WhatsApp (55) 99139-4971


Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam)

  • Endereço – Rua Duque de Caxias, 1.159, Centro
  • Horário – Segunda a sexta, das 8h30min ao meio-dia e 13h30min às 18h
  • Contato – (55) 3222-9646 ou (55) 98423-2339


Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento

  • ​Endereço – Avenida Nossa Senhora Medianeira, 91
  • Horário – 24 horas (inclusive finais de semana e feriados)
  • Contato – (55) 3222-2858 / 190


Onde denunciar

  • Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180
  • Direitos Humanos – 100
  • Polícia Civil – 197
  • Brigada Militar – 190
  • Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher – (55) 3174-2252
  • Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Santa Maria – (55) 3222-8888
  • Ministério Público – (55) 3222-9049
  • Defensoria Pública – (55) 3218-1032


Acompanhe!

Jogo de Cintura Especial (no YouTube do Diário)

1º episódio

Tema – Criada frente parlamentar de homens pelo fim da violência contra a mulher

  • Quando – 14 de abril


2º episódio

  • Tema – 10 feminicídios no RS em 4 dias
  • Quando – 24 de abril


3º episódio

  • Tema – Como a escola pode ajudar na causa humanitária
  • Quando – 12 de maio


4º episódio

  • Tema – O que é a violência doméstica? Nomear é resistir!
  • Quando – 27 de maio


5º episódio

  • Tema – Por que é tão difícil sair do ciclo da violência doméstica?
  • Quando – 6 de junho


6º episódio

  • Tema – As medidas protetivas são eficazes?
  • Quando – 25 de junho

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