Julgamento de médico acusado de matar ex-companheira e o namorado dela seguirá nesta quinta em São Gabriel

Teve início na manhã de quarta-feira (9), no Fórum de São Gabriel, o julgamento do médico Wilson Ross Junior, acusado pelos assassinatos da ex-companheira Thiéle Sallet Molina, 29 anos, e do namorado dela, o militar do Exército Rodrigo Falcão, 38. O crime ocorreu no dia 16 de maio de 2023. A primeira parte da sessão deve seguir até 22h e será retomada na manhã desta quinta (10).

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Ross Junior, que está recolhido no Presídio Estadual de São Gabriel desde a época do crime, responde por homicídio duplamente qualificado e feminicídio triplamente qualificado. De acordo com a Polícia Civil, os crimes foram cometidos por motivo torpe, com recurso que dificultou a defesa das vítimas, em um contexto de violência doméstica e familiar. Também foi incluído o agravante de ter sido cometido na presença de um descendente da vítima (as filhas gêmeas de 3 anos do médico e Thiéli), o que pode aumentar a pena em caso de condenação. 

Conforme acusação do Ministério Público, a motivação para o crime seria que o réu não aceitaria o fim do relacionamento.

Conforme a UP TV, a defesa de Ross Junior, formada pelos advogados Ezequiel Vetoretti e Rodrigo Grecellé Vares, manifestou-se por nota oficial, afirmando que alguns pontos da denúncia são "completamente equivocados" e que durante o julgamento apresentarão "detalhes dos fatos" que comprovariam essa alegação.

O júri popular é composto por sete pessoas, sendo quatro mulheres e três homens. As primeiras testemunhas ouvidas pela manhã foram os policiais que atenderam a ocorrência naquela noite. Segundo informações da UP TV, um dos policiais teria afirmado que o médico teria em sua posse, no momento do crime, mais de 70 munições. Ele tinha porte de arma de fogo. 

Na residência e no consultório do médico, teriam sido encontradas armas de diversos calibres, de pequeno e grande porte. Ele teria armazenado mais de 1,6 mil munições de 9 milímetros. Thiéle também teria porte de arma de fogo. 

Além disso, as duas últimas mensagens enviadas por Ross para a sua ex-companheira na noite do crime  teriam o seguinte conteúdo: "Esse milico já está aí? Tô indo aí."

Outra informação divulgada no julgamento, segundo a UP TV, aponta que um dos policiais interrogados teria relatado sobre um registro de violência doméstica contra Ross Junior, feito por uma ex-companheira do médico. Inclusive, ela teria uma medida protetiva contra ele.

Também foram ouvidas testemunhas de acusação e defesa. Ross acompanha o julgamento junto de seus advogados. No início da noite, atiradores profissionais foram interrogados. Um deles, de Rosário do Sul, de onde Ross fazia parte. A sessão está prevista para ser encerrada às 22h e retomada na quinta pela manhã.

Tanto as equipes de defesa quanto de acusação falarão nesta quinta, seguidas com réplicas e tréplicas. Após os trâmites, o Conselho de Setença se reunirá para definir o destino de Ross. O resultado da sentença deve sair no turno da noite.

A sessão de julgamento é presidida pela juíza Liz Grachten, titular da Vara Criminal de São Gabriel. Atuam no julgamento os promotores de Justiça Leonardo Giardin de Souza e Graziela Vieira Lorenzoni, integrantes do Núcleo de Apoio ao Tribunal do Júri (NAJ). Na defesa do réu, além de Ezequiel Vetoretti e Rodrigo Vares, atuam mais dois advogados. 

Relembre o caso

O crime aconteceu na noite do dia 16 de maio de 2023, em um condomínio na Rua Interna, na zona sul de São Gabriel. Na ocasião, o médico Wilson Ross Junior, então com 64 anos, matou a tiros a ex-companheira Thiéle Sallet Molina, de 29 anos, e o namorado dela, o militar do Exército Rodrigo Falcão, 38.

Segundo as investigações, Thiéle e Ross Junir estavam em processo de separação desde o fim do ano anterior. Durante o ataque, o militar foi baleado e morreu em frente a uma residência. Thiéle também foi baleada, chegou a ser socorrida e passou por uma cirurgia de emergência na Santa Casa de Caridade, mas não resistiu aos ferimentos, falecendo por volta das 4h de 17 de maio.

Após cometer os crimes, Wilson Ross Junior fugiu, mas se apresentou na Delegacia de Polícia horas depois, já na madrugada, acompanhado de um advogado. Ele foi preso em flagrante. O réu segue no Presídio Estadual de São Gabriel.

Thiéle deixou duas filhas gêmeas de 3 anos, que estavam presentes no local no momento do crime.

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