
Foto: Vitória Parise (Diário)
Isabelly vivia com os pais em um imóvel dos fundos, na Vila Mariana. Na casa da frente morava o tio, Gilson Brezzolin, 70 anos. "Não esperava isso do meu irmão", disse à reportagem
A defesa de Elisa Carvalho de Oliveira, 36 anos, presa por suspeita de envolvimento na morte da filha em São Gabriel, aguarda o resultado oficial de laudo da necropsia do corpo da menina para comprovar a inocência da cliente. Os advogados garantiram que a mãe começou a tratar Isabelly Carvalho Brezzolin, de 11 anos, ainda no sábado (3) contra uma infecção no ouvido, quatro dias antes de o quadro de saúde da criança evoluir e ela ser levada ao hospital.
Em entrevista ao Bom Dia, Cidade da Rádio CDN desta terça-feira (13), os advogados Rebeca Canabarro e Andrei Nobre reafirmaram que Isabelly morreu em decorrência de sepse (infecção generalizada), conforme aponta laudo obtido com exclusividade pela reportagem do Bei/Diário, e não por violência ou abuso, como foi inicialmente apontado pela Polícia Civil.
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De acordo com os advogados, Isabelly começou a apresentar sintomas no sábado, dia 3, quando se queixou de dor no ouvido, e desde então estava sendo cuidada pela mãe. O tratamento seguiu em casa até a manhã de quarta-feira (7), quando a menina foi levada ao hospital. Os pais, Elisa e José Lindomar Nunes Brezzolin, 55 anos, estão presos preventivamente e são apontados como os principais suspeitos. Eles negam qualquer envolvimento na morte da filha e dizem que ela teria caído da cama.
Segundo Rebeca, ainda no sábado, Elisa comprou um medicamento para tratar a possível infecção no ouvido (otite) da filha, que apresentava sintomas leves naquele momento. Com o agravamento do quadro, a menina permaneceu acamada em casa, sob os cuidados da mãe, que prestou a assistência necessária, conforme relatado pela defesa.
Já na segunda-feira (5), Isabelly começou a reclamar de dor de garganta, e Elisa percebeu que o estado de saúde da filha teria piorado em relação ao dia anterior. Entre a segunda e a terça-feira (6), a mãe manteve o tratamento em casa, administrando os medicamentos já comprados, além de oferecer outros cuidados caseiros, como chá e sopa.
Na manhã de quarta-feira passada, diante da piora do quadro e sem resposta referente aos tratamentos caseiros, Elisa levou Isabelly de táxi até o hospital Santa Casa de São Gabriel. De acordo com a advogada, ao dar entrada na unidade, a equipe de enfermagem identificou um quadro respiratório grave e, tendo em vista a discrepância entre os sintomas e a versão apresentada pela mãe, acionou o Conselho Tutelar.
Em seguida, segundo a advogada, o Conselho chamou a polícia para acompanhar o caso e adotar os procedimentos cabíveis.

Versão do hospital
Inicialmente, foi noticiado pela Polícia Civil que a menina teria sido vítima de agressões e abuso sexual. No entanto, por meio de nota enviada à reportagem, a Santa Casa de São Gabriel negou que menina Isabelly teria fraturas de costelas ou indícios de violência sexual quando foi atendida na instituição. Para a defesa, a manifestação não foi uma surpresa:
— Não nos causa espanto essa nota publicada pelo hospital, pois tivemos acesso ao inquérito policial e verificamos que essas informações já estavam aportadas nos autos. Enfim, é resultado naturalístico dos exames que foram feitos, dentre eles, a tomografia a e a radiografia, que foi feita tanto de crânio, quanto de tórax - diz Rebeca.
Além de costelas fraturadas, pulmão perfurado, hematomas pelo corpo, Isabelly também teria lesões nos órgãos genitais. No entanto, a informação também foi desmentida pela Santa Casa de São Gabriel. A defesa também critica o fato de que foi solicitada e homologada a prisão preventiva dos pais antes mesmo da chegada dos resultados dos exames:
— Também não nos causa espanto o fato de que o hospital disse não haver sangramento vaginal, que o sangramento que havia nesse momento seria resquícios de menstruação. Eram documentos que já haviam sido aportados no inquérito policial. No entanto, não foram mencionados pela autoridade policial, pois optou-se em pedir a representação pela prisão preventiva, a homologação da prisão em flagrante e também a prisão preventiva dos investigados da nossa cliente, antes mesmo de vir o resultado desses exames como uma forma de reprimir e, eventualmente oferecer uma resposta à sociedade - acrescentou a advogada.
Na noite de segunda-feira (12), Elisa foi transferida para um presídio em outra cidade, a pedido da defesa. Conforme nota, esse seria o terceiro presídio para onde Elisa seria levada.
Elisa nega abusos inicialmente relatados em depoimento
Em um primeiro depoimento, ainda nas dependências do hospital de São Gabriel, segundo o delegado titular da Delegacia de Polícia de São Gabriel, Daniel Severo, a mãe de Isabelly relatou ter visto o pai oferecer colo para a menina de maneira inapropriada. Porém, ao conversar com os advogados na sexta-feira (9), Elisa teria negado o eventual abuso, e relatou que teria "uma incapacidade de bater na própria filha".
Agora, a defesa aguarda o requerimento da concessão urgente da liberdade da cliente.
— Queremos demonstrar, neste momento, que a Elisa, essa pessoa com uma capacidade cognitiva reduzida de entendimento, com baixa escolaridade, extremamente humilde, que é uma pessoa do lar, ela é incapaz de oferecer um risco à sociedade, e nós precisamos demonstrar isso. Ela é a primária de bons antecedentes, nunca antes se envolveu em nenhum outro delito. Agora, certamente, para recuperar o psicológico de uma mãe, é muito difícil, é um trauma, um impacto — afirma Rebeca.