
Sede do conselho tutelar de São Gabriel, na Rua Carlos Antunes, 176, Centro
Antes de ir ao Hospital Santa Casa na última quarta-feira (7), o Conselho Tutelar de São Gabriel diz nunca ter recebido uma denúncia ou chamado envolvendo a menina Isabelly Carvalho Brezzolin, 11 anos. Uma equipe de três conselheiras acompanhou o caso e indicou que não há histórico de maus-tratos, tanto pelo Conselho quanto pela escola. Uma das conselheiras, Roseléia Lima Langendorf, narrou como foi as primeiras horas no contato com a família.
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Sobre as denúncias, Roseléia afirmou que não havia nada no histórico do Conselho. E o próximo passo protocolar foi falar com a escola da menina.
– Nunca chegou nada para nós, nenhuma denúncia. A escola também já nos relatou que nunca desconfiou de nada. Falaram também que ela era uma menina quieta, que tinha dificuldade de aprendizado. Mas que ela nunca chegou relatando algo. Nem de vizinhos, nem de professores. Nada - diz a conselheira.
Ainda sobre o núcleo familiar, Roseléia comenta que Isabelly seria filha única, e que a mãe sempre a levava e buscava na escola.
A chegada no hospital
Na linha do tempo das três conselheiras tutelar de São Gabriel que foram chamadas para o caso, a menina Isabelly deu entrada no hospital às 10h de quarta-feira (7), e o órgão foi acionado por volta das 16h, quando saiu o resultado de uma tomografia. Quando chegaram ao hospital, a menina estava acompanhada pela mãe na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O pai estaria no trabalho. A equipe solicitou o comparecimento dele no hospital.
– A gente estava lá a hora que o pai chegou. Ele estava no trabalho antes. Agora, como a menina faleceu, o caso fica só com a Justiça. Deve haver uma audiência, e iremos comparecer para dar as informações necessárias – conta Roseléia.
Aluna normal na escola
À reportagem do Grupo Diário, a diretora da Escola Municipal Presidente Kennedy, Vívian Melissa Possebon Charqueiro, afirmou que a instituição nunca percebeu nada de estranho em relação ao comportamento da aluna Isabelly Brezzolin. Quem levava e busca a criança na instituição era a mãe.
Um fato que chamou a atenção da escola nesta semana foi a ausência de Isabelly. A menina não ia à aula desde a última segunda-feira (5). Para a supervisora escolar, Soila Carla Gomes Vaz, a mãe justificou que a filha estava doente, de cama.
Mais ligações
Após o caso, a sede do serviço em São Gabriel recebeu uma série de ligações para saber do ocorrido. A comunidade estaria totalmente abalada. Roseléia diz que o esforço da equipe será orientar para como funciona o sistema de denúncia:
– O trabalho daqui para a frente é alertar a população de que existe o Conselho Tutelar e que qualquer pessoa que souber de maus-tratos às crianças pode entrar em contato e denunciar. O nome de quem faz a denúncia não será divulgado. Se as pessoas sabem de situações assim, elas não podem ser negligentes.
O caso
A família da menina Isabelly Carvalho Brezzolin, 11 anos, morava no Bairro Vila Mariana, em São Gabriel. Ela foi levada ao Hospital Santa Casa na quarta-feira e chegou a ser transferida ao Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), mas, na quinta (8), não resistiu. A vítima teve duas costelas fraturadas, pulmão perfurado, hematomas pelo corpo, além de lesões e sangramento nos órgãos genitais.
A mãe, de 36 anos, e o pai, de 55, foram presos na noite de quarta suspeitos de maus-tratos e estupro contra a própria filha. Eles estão no Presídio Estadual de São Gabriel. A Polícia Civil investiga o caso.
*Colaborou Vitória Parise
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