
Foto: Reprodução
Isabelly Carvalho Brezzolin, 11 anos, morreu na última quinta-feira após marcas de espancamento e violência sexual
O suplício da menina Isabelly Carvalho Brezzolin pode ter durado pelo menos quatro dias. As agressões que levaram o frágil corpo de uma criança de apenas 11 anos a ter duas costelas fraturadas, um pulmão perfurado e diversas lesões podem ter ocorrido no final de semana passado. A tudo isso, soma-se uma possível violência sexual, que só será comprovada após o laudo da necropsia.
A suspeita leva em conta o relato do tio que reside na casa em frente, na Vila Mariana. Ele disse ter visto a sobrinha de cama no domingo passado, dia 4. Na segunda-feira (5), a mãe, Elisa de Oliveira Carvalho, 36 anos, mandou mensagem para a escola informando que a filha estava doente e não iria na aula naquele dia. Ela também não esteve na escola na terça (6) e na quarta-feira (7).
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Questionado pela reportagem, o delegado Daniel Severo, responsável pela investigação do crime, confirma que Isabelly pode ter sido violentada antes de quarta-feira. A cada dia, o quadro de saúde foi se agravando, até a mãe resolver levá-la ao Hospital da Santa Casa, na manhã de quarta.
– É evidente que são (agressões) anteriores a quarta-feira. Quarta foi só o dia em que ela deu entrada no hospital. Estava passando mal desde domingo. Na terça, não conseguia mais falar. Vamos ver se a perícia consegue identificar a cronologia – informa o delegado.
Quando finalmente Isabelly foi socorrida, já era tarde. O estado de saúde piorou, e no mesmo ela foi levada, de ambulância UTI, para o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). Na viagem, sofreu duas paradas cardíacas. Na manhã de quinta-feira, o organismo, já bastante enfraquecido, não resistiu.
O fato de a família ser muito reclusa, com poucos amigos, impediu que outras pessoas percebessem o drama de Isabelly, que era filha única e uma criança reservada, que gostava de brincar de amarelinha no pátio da residência simples, de fundos, da Vila Mariana.
– Quase ninguém frequentava a casa. Isabelly era uma menina muito retraída, fora do normal – diz Severo.
Questões ainda a esclarecer
Muitas dúvidas ainda pairam sobre o que de fato aconteceu com Isabelly. Quando foi agredida? Quem a agrediu? Por que o socorro demorou tanto?
Os pais negam a violência. Em depoimentos na polícia, Elisa e o marido, José Lindomar Nunes Brezzolin, 55 anos, negam o crime. Porém, não sabem dizer o que aconteceu com a filha. Alegaram que ela teria caído da cama, depois falaram em cólicas e, por último, dor de ouvido – este seria o motivo da ida ao hospital.
No final da tarde de sexta-feira (9), a Polícia Civil e agentes do Instituto-Geral de Perícias (IGP) estiveram na casa da família para periciar o local. A intenção é buscar elementos para responder a essas perguntas sobre a morte da menina.

Sepultamento
O corpo de Isabelly foi sepultado na manhã de sexta-feira no Cemitério da Santa Casa de São Gabriel. O pequeno caixão foi carregado por tios e primos, que formavam um pequeno grupo de, no máximo, 12 pessoas.
Sob um céu nublado, o pequeno cortejo seguiu em silêncio até o túmulo simples, que teria sido cedido pela prefeitura. Presos, os pais não participaram do sepultamento da filha.
*Colaborou Vitória Parise