
Foto: Beto Albert (Diário)
Se você transita frequentemente pelas ruas de Santa Maria, seja como condutor de veículo, seja como pedestre, já deve ter se deparado com situações de acidentes de trânsito em potencial ou, até mesmo, com alguma ocorrência. Isso porque, de acordo com dados da Secretaria de Segurança e Ordem Pública de Santa Maria, somente em 2024, foram registrados 733 acidentes no município, com 890 vítimas, sendo que 33 delas morreram. Isso significa que, por dia, pelo menos duas ocorrências foram registradas e a cada 11 dias uma pessoa morreu vítima de acidente de trânsito. Para tentar reverter essas estatísticas tão negativas, várias ações estão ocorrendo dentro do Maio Amarelo, mês de conscientização para prevenção de acidentes.
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Diante de um cenário preocupante, a secretaria trabalha na elaboração anual de um relatório para levantar as principais vias onde os acidentes ocorrem em Santa Maria. O estudo é fundamental também para auxiliar em decisões referentes às intervenções que devem ser feitas, como a instalação de um redutor de velocidade, faixa de pedestres ou semáforos, além de comparar anualmente os aumentos ou diminuições nas ocorrências de trânsito.
A Coordenadora de Educação para o Trânsito da Secretaria de Segurança e Ordem Pública, Lucimar Garcia de Sá trabalha nas ações e no levantamento dos dados do município, que é feito desde 2019 para se analisar os problemas apresentados:
– A partir da implementação do Programa Vida no Trânsito no Município, iniciativa mundial como uma das estratégias para a redução de sinistros e vítimas no trânsito, do qual o Brasil é signatário, fazemos a compilação, qualificação e análise dos dados de sinistros e vítimas no trânsito, gerando um diagnóstico da sinistralidade. A partir dali, começamos a fazer a compilação e qualificação dos dados da sinistralidade, que se teve, realmente, o conhecimento das vítimas de trânsito, desses índices em Santa Maria. Esse trabalho vem sendo feito no decorrer dos anos, com toda essa qualificação de dados, onde se identifica fatores de risco, determinantes ou contribuintes.
Após o levantamento, é preciso pensar o que pode ser feito a partir de outras frentes da secretaria.
– Esse trabalho envolve o tripé do trânsito que é a engenharia, fiscalização e educação. Se trabalha de forma bastante efetiva e bastante intensa nesses eixos. Todo esse trabalho de compilação e qualificação de dados gera um diagnóstico, que vai subsidiar as ações lá nos eixos do trânsito. Eu trabalho no eixo da Educação, que se desenvolve através do diagnóstico elaborado da sinistralidade e que se desenvolve ações, com vistas a prevenção desse sinistro e às reduções dos índices de vítimas – afirmou Lucimar.
Comandante da 3ª Companhia Rodoviária de Santa Maria, o capitão Thiago Nunes e o agente Jussie Pettine Santos, da 9ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal, também falaram sobre os números no perímetro urbano de competência das corporações, como funcionam os atendimentos e as atividades realizadas na tentativa de reduzir os acidentes e consequentemente de vítimas.
O termo utilizado na linguagem dos órgãos de trânsito para uma ocorrência que envolve danos materiais, vítimas ou animais é sinistro. A palavra pode aparecer em determinado momento da reportagem ou até mesmo nos relatórios disponibilizados pela secretaria.
Os números
O levantamento é feito pela SSOP no município, através do Programa Vida no Trânsito, assim atendendo o que dispõe o Código de Trânsito Brasileiro, que determina a responsabilidade do município de coleta e gestão de dados dos acidentes e vítimas de trânsito. As informações são coletadas por meio dos registros de ocorrências nos sistemas dos órgãos estaduais de segurança, do Comando Rodoviário da Brigada Militar, para casos em vias estaduais, e da Polícia Rodoviária Federal, para ocorrências em vias federais, que atuam na cidade. Os dados levantados dizem respeito somente aqueles que compreendem o perímetro urbano de Santa Maria e vão de 2019 até 2024. Os números utilizados nesta reportagem são públicos e podem ser conferidos aqui.
Anual e mensal
O levantamento aponta que, nesse período, foram registrados 4.564 acidentes no trânsito de Santa Maria, em vias municipais, estaduais e federais no município. O ano com mais registros foi 2019, com um total de 979. Já o ano com menor número é 2021, com 638.
Entre os anos, o mês com o menor registro de acidentes foi abril de 2020, com 29 no total. Já o maior número foi em outubro de 2019, com 100 ocorrências em um único mês.
Em 2020, apesar da pandemia de coronavírus, os números de acidentes no município continuaram elevados, somando 751ocorrências. Já em 2021, os números caem, sendo este o ano de menor ocorrência entre os seis analisados: 638 no total. Em 2024, apenas das enchentes que atingiram o Estado, inclusive a Região Central e Santa Maria, o número de acidentes de trânsito aumentou em relação a 2023. De 673 registros no ano anterior, passou para 733.
É importante reforçar que alguns acidentes podem causar apenas danos materiais e constam como registro, assim como lesões corporais. Em compensação, apenas uma ocorrência pode deixar um ou mais mortos.
Outra questão abordada pelos três agentes que trabalham com o tema é o aumento do número de veículos nos últimos anos, o que impacta o fluxo de veículos e o comportamento do trânsito. Segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS), em 2024, a frota em circulação era de 176.933, mais de 10 mil comparado ao número de 2019: 163.351.
Em seis anos – total de 2019 até 2024
Maior número
- 2019 liderou o ranking com 979 acidentes
- No período de seis anos, o mês de agosto foi o campeão em ocorrências: um total de 464
Menor número
- 2021 foi o ano que menos registrou acidente dos seis anos: 638
- No período de seis anos, janeiro foi o mês com o menor registro de ocorrências: um total de 322
Morte e lesões
Dos seis anos, com um total de 4.564 acidentes, foram 5.355 vítimas com lesões corporais e 158 pessoas morreram.
Lesões
Maior registro
- 2019 – 1.163 pessoas com lesões corporais
Menor registro
- 2021 – 608 pessoas com lesões corporais
Mortes
Maior registro
- 2024 – 33 mortes
Menor registro
- 2020 – 20 mortes
Natureza do acidente
Ao analisar a natureza dos acidentes registrados, o que se sobressai ao longo dos seis anos é a colisão lateral, com um número total de 2.520, o equivalente a mais da metade das ocorrências nos seis anos: 55,21%. Em segundo lugar, fica a colisão traseira, com 12,44%. O registro por atropelamento também é significativo, foram 12,09%
Conforme Lucimar, a colisão lateral pode ser compreendida por toda colisão entre dois ou mais veículos em cruzamentos, desde que o encontro ocorra transversalmente na via.
Em seis anos – total de 2019 até 2024
Maior registro
- Colisão lateral – 2.520
- Colisão traseira – 568
- Atropelamento – 552
Fator determinante
O fator determinante do acidente também é registrado nos relatórios, porém somente a partir de 2021, que há esse quantitativo. Além disso, a maioria deles consta como não informado. Em 2023, há um registro significativo em avanço de sinal, com 323, assim como em 2024, com 430.