Para além de vendas, expectativa de aumento de consumidores motiva lojas entre a Black e o Natal

Para além de vendas, expectativa de aumento de consumidores motiva lojas entre a Black e o Natal

Beto Albert

A Black Friday — neste ano celebrada em 29 de novembro — já não anda mais sozinha. Outras extensões também ganharam espaço.

Para além de apenas um único dia, a famosa criação norte-americana Black Friday se abrasileirou e chega, por vezes, a acumular de um até dois meses de promoções convidativas e tentadoras, especialmente por anteceder a data que maior movimenta as lojas no Brasil, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio: o Natal.

A Black se divide em November, Week ou Friday (em português Novembro, Semana ou Sexta-Feira). A data é aguardada como uma fase de movimento nas lojas físicas e um consequente convite para retornar logo mais às compras de Natal.


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Em Santa Maria, a Black Friday ocorre na próxima sexta-feira, dia 29. A menos de um mês para o Natal. É por isso que, para as principais entidades santa-marienses, as compras na Black e no Natal nem sempre estão interligadas, mas podem afetar uma a outra. A percepção é de dirigentes que trabalham há anos com a observação do comércio local. 

O presidente do Sindicato dos Lojistas (Sindilojas), Ademir José da Costa, afirma que é tradicional que as pessoas reservem dinheiro para gastar em uma liquidação, ou seja, já aguardam pela data. Mas, para além do giro de capital, um dos principais objetivos das promoções é convidar o cliente para conhecer o empreendimento, a fim de que também fique tentado por outros produtos e tenha uma referência de serviço:

— Se o lojista não consegue dar um desconto de 30% ou de 50%, por exemplo, que ele dê o melhor desconto em determinado produto. Não precisa ser em toda a loja, mas que tenha algo para atrair o consumidor, por mais que não tenha lucro. Atrair para que o cliente conheça a loja.

Por conta disso, há anos o Sindilojas trabalha com o incentivo dos empreendedores em participar das promoções, seja em um dia, uma semana, ou até mesmo o mês inteiro. Mas vale o alerta. Assim como há, neste período, inúmeras recomendações aos consumidores, toda e qualquer ação promocional também deve ser feita com prudência por empresários.

— Os lojistas têm que ter um pouco de cuidado. Saber manejar, entre a Black e o Natal. Sempre é bom vender, é claro. Mas há de haver cautela para não queimar todos os estoques, deixando o Natal desfalcado — diz Costa.


O que as pessoas procuram no fim de ano? 

Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Mercado Livre e Mercado Pago mostrou que pelo menos metade dos consumidores gaúchos pesquisados pretende gastar de R$ 1 mil a R$ 2 mil em compras na Black. O dado vem as encontro das preferências dos clientes neste período. Para o presidente do Sindilojas, os itens mais procurados localmente são eletroeletrônicos, principalmente celulares, eletrodomésticos como fogões e geladeiras, além de móveis e materiais para a casa, como ar-condicionado.

Já em dezembro, a procura é principalmente por calçados e vestuário, além de perfumaria e artigos de joalherias e óticas, como afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Santa Maria, Márcio Rabello. Neste ano, em especial, apesar da tragédia climática que assolou o Estado em abril e maio, o otimismo é alto para as vendas do comércio santa-mariense:

— Em junho e julho, o comércio já deu uma reagida. Aqui tem duas situações que favorecem: temos uma matriz econômica que é sustentada em boa parte pelo funcionalismo público, com recursos permanentes que são injetados na nossa economia. E, em segundo lugar, nosso município não foi um dos mais afetados pelas enchentes, não trouxe impactos a longo prazo no comércio — considera Márcio. 

De acordo com a percepção dos lojistas, apesar de não ser a maioria dos casos, também ocorre antecipação de compras de Natal durante a Black, principalmente quando se trata de celulares ou brinquedos infantis.


Qualidade em primeiro lugar 

Estar atento à qualidade dos produtos oferecidos em promoções é um dos cuidados adotados pelo casal Henriqueta, 64 anos, e Nelton Algayer, 68. Em época de Black, os aposentados costumam andar pelas principais ruas do Centro de olho nas vitrines e na procura por descontos. Eles contam que, em anos anteriores, já aproveitaram o período para comprar TVs, geladeira, forno elétrico e micro-ondas.

— A minha dica é pesquisar. Saímos para olhar as lojas e encontrar o melhor preço. Vamos atrás das promoções, mas também da qualidade — afirma Henriqueta.

Por ser a maior cidade da região, quem visita o Santa Maria costuma aproveitar para olhar os descontos no comércio. Foi o que fez recentemente a técnica em enfermagem Lucilene Faleiro, 36 anos. No começo desta semana, ela e o marido procuravam por roupas e calçados com preços mais baixos.

— Ainda não encontrei bons descontos, parece que está meio morno ainda. Mas sempre vou onde acho mais promoções, mais desconto. É isso que estou esperando - contou Lucilene.

Casal Henriqueta e Nelton Algayer caminha bastante em busca de promoções nas lojas do Centro

Mais que um dia, a semana e até o mês

A alta demanda há muitos anos não se restringe mais a um único dia. A Black Friday — neste ano celebrada em 29 de novembro — já não anda mais sozinha. Além dela, também ganham espaço as extensões, como o Esquenta Black, Black Week e Black November, nestes últimos dois casos se referindo à semana a ao mês inteiro de novembro. O objetivo é criar um universo em torno das ofertas e despertar oportunidades de venda em fase prolongada.

Além da oportunidade estratégica de queimar estoques e abrir espaço para novas coleções, o período é visto como chance de potencializar as vendas de produtos que não estão em promoção.

Em Santa Maria, a rede de Lojas Deltasul organiza a campanha por fases e concede, desde o início de novembro, promoções com preço de Black. Nesta semana, os preços baixaram ainda mais, para valorizar o período. Segundo ​Ana Cristina Faleiro, gerente de uma das três lojas do município, é por esta e outras estratégias que os meses de novembro e dezembro registram crescimento de, no mínimo, 30% nas vendas.

— É o melhor período, com certeza. A expectativa é muito boa. Temos o esquenta Black, a Black propriamente dita, então emenda dezembro com campanhas de Natal e, depois, o Liquida Santa Maria em janeiro - diz a gerente.

Desde o início do mês, a loja Deltasul trabalha com descontos, antecipando a Black Friday. Beto Albert

Na loja, onde os campeões de venda nestes meses são eletroeletrônicos, linha de piscina e ares-condicionados, as táticas de venda também são focadas em atrair novos clientes às lojas físicas:

— Não acompanhamos preço de internet, obviamente, mas procuramos fazer a melhor condição para o cliente, para valorizar a compra em loja. Como o suporte pós-venda. 


Cinco dicas para evitar dor de cabeça

A mesma pesquisa do Mercado Livre e Mercado Pago, revelou que oito em cada 10 gaúchos pretendem comprar na Black Friday de 2024. No entanto, menos da metade (47%) se organiza financeiramente para as compras. Sete em cada 10 não buscam por produtos específicos ou ainda não tinham definido todos os itens que desejavam adquirir. Para evitar endividamento, golpes e outros danos, a coordenadora Procon em Santa Maria, Márcia Rocha, dá algumas dicas em como organizar os gastos em novembro e dezembro, sejam de Black ou Natal:

  • Pesquisa
    A primeira dica para aproveitar com consciência as promoções e achar o melhor preço, é pesquisar. O conselho vale para compras online e presenciais. Márcia diz que vale printar a tela do celular com as promoções encontradas e, na rua, tirar fotos dos preços. Depois, pensar com calma e então decidir em que loja e qual produto comprar.
  • Atenção aos absurdos
    Promoções com preços exuberantes são comuns nestes dias, e por isso é importante ficar atento aos descontos que parecem irreais, principalmente na internet. A chance de cair em golpes é grande. A dica é verificar a veracidade do site e não clicar em anúncios de redes sociais. O cliente pode procurar por selos de segurança, como o certificado SSL (Secure Sockets Layer) - famoso cadeado localizado no lado esquerdo da URL. “Por exemplo, se um celular custa geralmente R$ 6 mil, jamais, você encontra ele por R$ 1 mil. Isso é fora da realidade”, orienta Márcia 
  • Cuidado no pagamento online
    Ao realizar uma compra online, outro fator de verificação é o destino do valor que vai ser aplicado. Em boletos ou Pix, o consumidor encontra os dados do CNPJ do destinatário e, assim, pode analisar esse número com o da loja. A consulta a CNPJ pode ser feita no site da Receita Federal.
  • Pagamento à vista, de preferência
    Pagar a vista para evitar endividamento é a melhor opção para Black e compras de Natal. A medida deve ser levada em conta devido ao aumento de gastos já tradicionais no início de cada ano, como impostos (IPVA e IPTU), matrícula em escola, material escolar e viagens de férias.
  • Direito a troca
    Qualquer produto comprado com dano pode e deve ser trocado. Conforme o Procon, a alternativa é válida mesmo se o produto for de promoção. A dica também é de não comprar produtos de mostruário e ficar atento aos prazos de garantia. Para compras online, vale filmar a abertura do produto, assim que recebido, ainda na presença do entregador.



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Tayline Manganeli

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