Fotos: Arquivo
Nem bem os votos das urnas de 2 de outubro eram contabilizados e o assunto santa-mariense passou a ser um só, nos bastidores políticos. Sim, esse mesmo: a próxima eleição, em 2024, na qual será escolhido o futuro prefeito, a suceder Jorge Pozzobom.
Duas questões eram já encaminhadas. E ambas envolvendo vices. Sim, porque continua a ser consenso que o PT apresentará o nome do seu campeão de votos Valdeci Oliveira e o governo (não se sabe ainda por qual sigla) será defendido pelo atual segundo, Rodrigo Decimo.
Já se cogitava, à esquerda, que o nome do vice do deputado petista seria do PDT. E, sem novidades, os rumores indicavam disputa interna no pedetismo para saber quem poderia assumir a missão.
À direita, houve quem sugerisse, para vice de Decimo, Admar Pozzobom, recém-saído das urnas com 11.679 votos santa-marienses conquistados na sua tentativa de chegar à Assembleia. Mais que ele (aliás, bem mais), apenas o próprio Valdeci, com 34.704. Pois o edil seria o nome patrocinado por graúdos tucanos.
Enfim, criou-se uma situação, aliás respaldada por fatos concretos, que há já dois nomes favoritos a conquistar a principal cadeira do Centro Administrativo. Ainda que, como se sabe, nenhum deles assume candidatura alguma, afinal não seria o tempo político ainda.
Atenção: outros nomes surgidos nas urnas podem se transformar também em figuras importantes de 2024, que se apresenta ali, já dobrando a esquina. Não fossem as querelas internas e Paulo Burmann, do PDT, seria um.
De todo modo, no mínimo outros três surgem no quadro que começa a se esboçar. Um é o deputado reeleito Roberto Fantinel. Que tem domicílio residencial e eleitoral em Santa Maria, embora haja quem insista em dizer que não é daqui. Ele será candidato a prefeito pelo MDB. Ou influenciará irremediavelmente na decisão.
Os outros dois são do mesmo partido. No caso, Ricardo Jobim e Giuseppe Riesgo. Independente da quantidade de votos, e não foram poucos, podem, sim, aparecer no pleito de 2024. Em que condição? Juntos? Separados? Não se sabe. Ainda.
Ah, o que você leu acima é só um rascunho. Mas poderá ser o definitivo, ali adiante. A ver.
Se houver somente um turno, candidatos serão poucos. Mas…
Foto: Nathália Schneider (Diário)
Na quarta-feira, líder partidário disse ao colunista: a estratégia muda, se houver turno único ou a possibilidade de dois. E a opinião dele coincide com a de um marqueteiro com experiência eleitoral, com o qual o repórter conversou no mesmo dia.
Há aqui duas questões. A primeira é se haverá, mesmo, o recadastramento do eleitorado no próximo ano e se o resultado significará, como se imagina, a redução para menos de 200 mil o número de santa-mariense habilitados a votar.
E a segunda é decorrente da inicial. Em caso de turno único, a tendência é a redução do número de concorrentes. E a formação de alianças fará com que, excetuadas eventuais postulações ideológicas extremadas, se tenha um máximo de quatro chapas à prefeitura. E talvez apenas duas de fato competitivas.
Agora, se for mantido o status quo, com a possibilidade de um turno final, abre-se o leque de possibilidades, se apresentarão candidaturas menos para ganhar, mais para fortalecer as siglas que as patrocinarem, visando a eleição de número maior de vereadores.
Exemplo concreto, para não ficar apenas no trololó. Um dos partidos que, havendo dois turnos, tenciona apresentar candidato à Prefeitura, e até articula possibilidades internas e externas, é o Republicanos. Alexandre Vargas, seu presidente, disse isso à coluna, sem antecipar nomes – que poderia ser o dele próprio. E por quê? Justamente para tentar ampliar a bancada na Câmara, hoje sustentada por ele e Getúlio de Vargas.
Outros partidos, havendo segundo turno, tendem a seguir pelo mesmo caminho. A conferir.
Em votos, resposta de Burmann aos forasteiros apoiados pelos grandões
Foto: Eduardo Ramos (Arquivo Diário)
Franjas importantes do PDT de Santa Maria (e também da região) não assimilaram muito bem o fato de as principais lideranças do partido na cidade simplesmente terem abandonado o candidato a deputado federal Paulo Burmann.
Após um início de campanha cheio de promessas e apoio, o fato é que os graúdos pedetistas da cidade se dividiram entre as campanhas de Afonso Motta e Juliana Brizola, sobretudo. Até ligados a Pompeu de Mattos buscaram votos na comuna. E o ex-reitor da UFSM, na prática, contou, para seu proselitismo eleitoral, praticamente apenas com seus amigos (nem todos pedetistas), a quase totalidade oriundos da Universidade.
Elegante, Burmann não se queixou. Nem mesmo no vídeo de agradecimento, que produziu e publicou nas redes sociais no pós-pleito, se ouviu um ai. “Tapa de luva”, no dizer de um apoiador.
O fato é que o PDT terá que dar rumo na sua vida, sobre o que pretende no futuro próximo, inclusive na eleição que vem. E, como disse alguém, na medida em que o professor não pensa, longe disso, sair da sigla, um lugar para ele terá de ser encontrado. Qual? Boa pergunta, sem resposta até o momento.
Ah, para fechar: em Santa Maria, dos candidatos a deputado federal pelo PDT (onde não havia concorrente local à Assembleia), Burmann fez 9.255 votos. Somados, os apoiados por grandões, Juliana Brizola (1.115), Pompeo de Mattos (726) e Afonso Motta (538) chegaram a 2.379, ou um quarto do total obtido pelo professor. Pooois é.
Luneta
ALIJADOS
A eleição do recente 2 de outubro foi particularmente cruel com algumas agremiações políticas importantes (e mesmo históricas), mas que não conseguiram ultrapassar a cláusula de barreira. Algumas delas com lideranças respeitáveis em Santa Maria, como são os casos do PSC, PTB e NOVO. Esses partidos, e vários outros, não obtiveram o mínimo de 11 deputados federais e 2% dos votos em nove estados.
ALIJADOS II
Esse grupo de partidos que não atingiram o mínimo exigido pela cláusula perderam o direito ao trololó eletrônico nas campanhas, o trocão dos fundos partidário e eleitoral e, ainda, as empresas de mídia estarão desobrigadas de convidar seus candidatos para os debates pré-eleitorais. Isso terá repercussão, basta ver a relação das siglas, inclusive no próximo pleito municipal de Santa Maria.
NO DIVÃ
Foto: Arquivo
As palavras literais são do deputado estadual Giuseppe Riesgo, do Novo, que não obteve a reeleição, embora os 60% de votos adicionados aos de quatro anos atrás: “é preciso que tenhamos paciência e maturidade para examinar os resultados e reavaliar os rumos do partido”. É a primeira e natural reação ao fato de a agremiação, com toda sua peculiaridade, perder parlamentares – e não só no Rio Grande.
EXEMPLOS
Todos os deputados candidatos a prefeito de partido grande, mesmo perdendo, ganham. No caso, a visibilidade e a campanha antecipada para o pleito proporcional posterior. Isso já aconteceu com Paulo Pimenta, Valdeci Oliveira e Cezar Schirmer. E o fato está, agora, na origem de muitos dos que, no MDB, defendem a candidatura em 2024 do recém-reeleito à Assembleia Roberto Fantinel. Mesmo derrotado, venceria.
PARA FECHAR
Militantes petistas de Santa Maria não escondem (nem deveriam) a alegria com o desempenho dos seus deputados. Eles sempre foram bem cotados no Estado, mas é a primeira vez que ambos ponteiam a votação do partido, tanto para a Câmara (Paulo Pimenta) quanto à Assembleia (Valdeci Oliveira). Aliás, Pimenta quebrou recorde adicional: é o deputado federal mais votado da história do PT do Rio Grande.
Leia todos os Colunistas