A regra é simples e seria aceitável se os partidos fossem ideologicamente unos e indivisíveis, apenas com divergências pontuais e específicas: manda quem pode, obedece quem tem juízo. E como quem pode é quem tem a chave do cofre, são as direções nacionais que dão as cartas na quase totalidade das agremiações políticas brasileiras.
Esse “nariz de cera” tem a ver com mais uma junção partidária que está a caminho. Tem-se como certo que nos próximos dias, quem sabe ainda em março, mas não depois de maio (prazo máximo fixado pela legislação), surgirá a quarta federação brasileira.
No caso, a “União Progressista”, fruto da junção do PP e do União Brasil (este, aliás já fruto da fusão DEM/PSL), e por força da articulação dos comandos em Brasília. Ela chega depois da experiência em vigor de outros três conglomerados: Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), PSol/Rede e PSDB/Cidadania.
O diabo é que, vinda de cima, a ordem unida precisa ser cumprida sem muito nhenhenhém. E sem saber como funcionam as questões locais do momento. É verdade que, nacionalmente, e talvez até no Estado, os números tendem dar razão aos adeptos da união.
Veja-se que a novata UP, de pronto, terá a maior bancada na Câmara dos Deputados, com 106 integrantes, à frente do PL (99) e da FBE (com 81). No Senado será a segunda bancada, com 15 parlamentares, e três a frente do PT, a terceira.
No Rio Grande do Sul, a União Progressista só não terá mais deputados que PT e PC do B somados (12). Chegará a 10, com os sete do PP unidos aos três da UB. Se consolidará na vice-liderança, à frente do MDB, que tem seis deputados estaduais.
Sim, mas e em Santa Maria? Aqui, tanto como no Estado, o PP deverá comandar o jogo. Quanto mais não seja porque tem mais filiados que a UB, sem falar na Câmara de Vereadores, onde conta com a bancada mais numerosa do plenário (na foto que ilustra esta nota): quatro edis, contra o solitário Manoel Badke, do União Brasil.
De todo modo, não parece que será assim tão fácil a convivência, de vez que Badke é governista, juntamente com o vice-prefeito Rodrigo Decimo, outra estrela do UB. Em contrapartida, dos oposicionistas, pelo número, atos e por sua aparente unidade, os quatro edis do PP não escondem a contrariedade em relação ao governo da comuna.
Como irão se comportar uns e outros agora, no dia-a-dia do Legislativo? E no próximo ano, quando o governo municipal apresentará seu candidato (provavelmente Decimo) e a federação for majoritariamente oposição? Que ninguém esqueça: o agrupamento impõe algumas regras obrigatórias. Entre elas, nominata única à Câmara. E daí?
Bueno, a solução não estará nos gabinetes dos líderes nacionais, por certo. Ou estará?
Há avanços, mas ainda não lacrou o acordo que levará MDB ao governo
Foto: Lucas Amorelli (Diário/Arquivo)
Segundo fonte com boas informações junto ao partido, o que está em jogo (e na mesa), para fechar o apoio do MDB ao governo, são dois postos de primeiro escalão e, como a coluna antecipou semana passada, pelo menos duas dezenas de postos no segundo e terceiro times da Prefeitura municipal.
Mais, é questão de tempo e até já se trabalharia num plano B, se o preferido Adelar Vargas continuar mesmo reticente de trocar seu mandato por um ano (em abril de 2024 teria de retornar ao Legislativo) pela posição no secretariado (por mais que em pasta dedicada a assuntos comunitários).
Diz-se, em alguns importante gabinetes do MDB, que facilitaria muito se Magali Marques da Rocha (foto) aceitasse a ideia de unidade com os tucanos. A posição da ex-vereadora e presidente do emedebismo local por quase meia década é, até por essa trajetória de liderança, bastante respeitada no partido e fora dele, teria o condão de desatar os últimos nós. A ela, inclusive, seria destinado um dos postos do secretariado.
De todo modo, as peças se movimentam e a gestão municipal, com adesão formal ou não, já conta com apoio decidido de dois dos três vereadores do MDB. Além de Vargas, Rudys Rodrigues também já embarcou na nau governista. O último (e provavelmente assim será, nem que se veja obrigado a sair da sigla) resistente é o vereador e ex-líder e secretário do governo de Cezar Schirmer, Tubias Callil.
Resumo da ópera: há avanços na negociação e ela deverá chegar a bom termo, com o aval dos líderes locais e estaduais. Só não se sabe a que tempo. A conferir.
O núcleo de poder da Prefeitura e quem dele faz parte e dá opinião
Foto: Redes Sociais (Reprodução)
As reuniões acontecem sempre no início da manhã das segundas-feiras. Como apurou o colunista, os encontros se realizam independente do quórum, uma vez que uns e outros podem estar noutro compromisso oficial ou mesmo em férias ou licenciados.
O fato é que na foto que ilustra esta nota (e que foi publicada no Facebook de um dos participantes) só falta um integrante do chamado ‘núcleo de poder’ da Prefeitura – na ocasião em que foi feita ele estava em férias.
Até onde foi possível saber, os encontros tratam da gestão, e não de articulações políticas, embora elas também possam aparecer no papo. A prioridade é mesmo a mais “normal”: o planejamento das atividades da semana e, claro, as consequências das ações administrativas.
Nesses encontros, claro, também se faz a análise estratégica das ações de governo, o que implica necessariamente também de apontamentos de natureza política. Ah, e quem faz parte desse seleto grupo?
A exceção de Ramiro Guimarães, secretário de Comunicação e titular do time, e que não estava presente no momento, a imagem traz todos os demais integrantes do grupo. A saber: o prefeito Jorge Pozzobom e o vice Rodrigo Decimo, o Chefe de Gabinete Alexandre Lima, o Procurador Guilherme Cortez e o consultor, ligado ao gabinete do Vice-Prefeito e sistematizador do que é dito e decidido, Ronie Gabbi.
Luneta
DISPUTA
Por escassa margem de votos no Diretório, 31 a 29, o PT gaúcho escolheu Juçara Dutra como presidente. Ela é do mesmo grupo do então titular do cargo, Paulo Pimenta, que se afastou para ser ministro da Comunicação do governo Lula. Sua oponente, Ana Affonso, contou com o apoio das principais correntes tidas como mais à esquerda na agremiação. Assim, a tradição de disputa interna se manteve no PT.
PARTIDOS
Além de PSDB, no final deste mês, e PDT, em abril, que precisam resolver quem será o presidente para os próximos dois anos, em seguida quem define o seu rumo é o Progressistas (independente da virtual federação com o União Brasil, que é outra história). Mauro Bakof (foto), presidente há quatro anos, já declarou pretender deixar o cargo, o que deve acontecer em convenção municipal prevista para maio.
PROGRESSISTAS I
No PP, Bakof, que se articula para concorrer a uma vaga na Câmara nas urnas de 2024, apresenta interessante folha de serviços ao partido. E se coloca, com suas razões, como um dos responsáveis pela mobilização partidária que garantiu à sigla a maior bancada no Legislativo, no pleito de 2020. Nem mesmo a derrota de Sérgio Cechin à Prefeitura chega a obscurecer esse feito. Tá, mas e quem o substituirá?
PROGRESSISTAS II
Há dois anos, grande discussão se montou no PP para chegar à recondução de Bakof à presidência. E agora, como será? Além de Cechin, que não pretenderia ocupar a função, há os nomes de sempre no partido, todos tradicionais, inclusive a ex-dirigente, secretária e vereadora Sandra Rebelato. É nome forte. Como também o dos vereadores João Ricardo Vargas e Pablo Pacheco. Mas, eles querem? Eis a questão.
PARA FECHAR!
Enquanto a patuleia se diverte com moções sem nenhuma outra serventia que não marcar posições ideológicas, não se trata de questões importantes no parlamento santa-mariense. A miudeza e a marcação de posição parecem mesmo ser a preferência da maioria dos parlamentares da comuna. Como disse alguém, em famosa reunião ministerial, coisa de três anos atrás, daqui a pouco a boiada passa. E fácil.