
Foto: Hermes Bertoldo (Arquivo Pessoal)
Com quase 100 anos desde a construção, a Igreja Matriz de Nova Palma é testemunha da fé de gerações. Desde 1927, centenas de fiéis, padres, freiras e bispos já passaram por seus corredores. No município de cerca de 5,5 mil habitantes, segundo o Censo de 2022 do IBGE, foram ordenados mais de 60 padres e acolhidas mais de 300 freiras.
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A história de Nova Palma está ligada a da Igreja. A emancipação política, em 1960, quando o município ainda era um distrito de Júlio de Castilhos, ocorreu após a chegada do padre Luiz Sponchiado, que idealizou um projeto de separação.
A vocação religiosa no município é fruto de uma combinação de fatores: famílias numerosas, comunidade engajada e uma forte cultura vocacional. Segundo o diácono Hermes Bertoldo, 76 anos, o primeiro diácono permanente da paróquia, ordenado em 2000, a presença da Igreja sempre foi marcante na vida dos nova-palmenses.
– Os padres que aqui estiveram, desde o início, sempre trabalharam em cima da vocação. Por isso que a paróquia também oferece muitos padres à Igreja. Eram famílias grandes, numerosas, e, naquela época, se não tivesse um padre na família, parecia que não era uma grande coisa. Tinha que ter sempre um padre – afirma Bertoldo.
O estímulo à vocação religiosa vai além da orientação direta, ele se constrói pelo exemplo. O ambiente criado em Nova Palma permitiu uma proximidade maior dos jovens com a Igreja, o que favoreceu a formação de novos religiosos.
– Como é que se desperta a vocação? Quando você está em uma comunidade que tem ambiente vocacional. Para ser padre, ser sacerdote, você tem que renunciar a tudo para se colocar a serviço de uma causa, de uma caminhada, por exemplo. Você tem que renunciar à família, e a tantas coisas que o mundo oferece. Então, se você não tem um ambiente que ajuda, não vai fazer isso – afirma o diácono.
Renovação
O mais recente resultado dessa tradição é o padre Maicon Marion, 29 anos, da Arquidiocese de Santa Maria. Ele, agora, atua como animador vocacional, acompanhando jovens em busca do discernimento necessário para seguir na vida religiosa.
Novo bispo
Outra alegria recente para a comunidade foi a nomeação do monsenhor Clésio Facco, 54, como bispo da Diocese de Uruguaiana. Do distrito de Vila Cruz, interior de Nova Palma, ele lembra com carinho da infância e da união da comunidade.
– Eu lembro que a minha mãe costumava perguntar para os meninos se eles pensavam em se tornar padres. É uma pergunta simples, mas que hoje em dia quase não escuta – comenta o novo bispo.

Monsenhor Clésio teve passagem por diversas regiões do Brasil e chegou a atuar como vigário em Roma, entre 2005 e 2007. Atualmente, é pároco da Paróquia de Santo Antônio, em Santa Maria, e se prepara para a ordenação episcopal marcada para 17 de agosto, em Uruguaiana. Apesar da trajetória extensa e até fora do Estado, ele mantém o vínculo com a terra natal.
– Agora mesmo quando eu for para Uruguaiana nas minhas férias, eu quero voltar e pedir autorização para poder celebrar uma missa na minha comunidade. É sempre muito especial para mim – planeja o religioso.
A Paróquia de Nova Palma, que já presenciou tantas vocações, é hoje um símbolo da presença viva da Igreja Católica no Estado.
A Paróquia de Nova Palma guarda com orgulho a lista com os nomes de todas as figuras religiosas que passaram pelo município. Confira: