A missão de avaliação do Geoparque Quarta Colônia, que pode colocar a Região Central na rede internacional de geoparques, começou às 7h15min desta segunda-feira (24). A primeira atividade foi uma coletiva de imprensa que contou com a participação dos avaliadores da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Ángel Hernandéz e Helga Chulepin, além do presidente do Condesus Clovis Montagner, do reitor da UFSM Luciano Schuch e da diretora do projeto Jaciele Sell.
Clóvis Montagner, Jaciele Sell, Helga Chulepin, Ángel Hernandéz e Luciano Schuch na cerimônia de abertura.
Os avaliadores chegaram a Silveira Martins durante o domingo e já puderam aproveitar algumas características do município como a culinária italiana. Agora, segundo Helga, a expectativa é visitar os geossítios e os patrimônios históricos e culturais da Quarta Colônia.
— Estamos ansiosos para começar as visitas. Uma das principais características de um geoparque é o patrimônio geológico de valor internacional. E aqui já conseguimos perceber o potencial riquíssimo. Além disso, vamos ver como as pessoas se vinculam ao território – explica Helga.
Ainda, para o Hernandéz, os próximos dias serão, também, uma forma de conhecer a comunidade que habita os municípios que integram o Geoparque.— Geoparque não é apenas geologia e paleontologia, é sua gente, seus modos de viver e de sentir o território. É feito por essas pessoas. É um esforço coletivo.
Os avaliadores Helga Chulepin e Ángel Hernandez Sesé.
Após a coletiva, dezenas de pessoas se reuniram no auditório do Espaço Multidisciplinar de Pesquisa e Extensão da UFSM, em Silveira Martins, para participar da cerimônia de abertura da missão. Na ocasião, as novidades e as especificidades do projeto foram apresentados a comunidade.
De acordo com a diretora Jaciele Sell, o território que será avaliado contempla 62 mil habitantes e tem mais de 2,9 mil quilômetros quadrados.— Desde que a UFSM passou a fazer parte desse grande projeto, são quatro anos de conversa com a comunidade, já que o grande objetivo do geoparque é garantir autonomia para o desenvolvimento e geração de renda da comunidade. Por isso esse selo de qualidade é tão importante — ressalta.
Para o reitor da UFSM, Luciano Schuch, os geoparques da Quarta Colônia e de Caçapava do Sul, que deve ser avaliado em novembro, fazem parte de um processo de desenvolvimento regional incentivado pela instituição:— Sem dúvida, é um grande projeto de desenvolvimento para a comunidade apoiado pela UFSM. A extensão é um dos tripés da universidade, e com os geoparques temos conseguido alcançar a comunidade. Não é um projeto de gestão e sim da instituição.
Durante o primeiro dia, mais de 90 quilômetros serão percorridos para visitar as belezas naturais dos municípios de Ivorá, Dona Francisca e Faxinal do Soturno.
Itinerário do primeiro dia
Geossítio Monumento do ImigranteSítio Patrimonial Centro Histórico de Silveira MartinsSítio Patrimonial Centro Histórico de IvoráGeossítio Cascata Cara de ÍndioGeossítio Monte GrappaComunidade quilombola Acacio FloresParque do Tobogã e Teleférico Dona FranciscaGeossítio Parque ObaldinoGeossítio Mirante Cerro CompridoErmida São PioSítio Patrimonial Novo Treviso
O que é um Geoparque?
Os Geoparques são territórios de um ou mais municípios, reconhecidos pela Unesco como regiões que possuem importância científica, cultural, paisagística, geológica, arqueológica, paleontológica e histórica. Nesses locais a “Memória da Terra” é preservada e utilizada de forma sustentável para gerar desenvolvimento para a sua comunidade. Ao final de 2020, existiam 161 Geoparques Mundiais da Unesco em 44 países.
Em todo o Brasil, três geoparques são certificados pela Unesco. Dois ficam no Nordeste, em Araripe e Seridó, e outro entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Agora, a Região Central tem a chance de fazer parte da rede mundial de geoparques a partir dos projetos da Quarta Colônia e de Caçapava do Sul.
Qual o processo para se tornar um Geoparque?
Ao total, são três etapas: apresentação da proposta, com pequenas iniciativas e articulações; o projeto de Geoparque é enviado pelo Itamaraty para a Unesco, que após esta etapa, recebe o reconhecimento de Aspirante a Geoparque; e, por último, é elaborado um dossiê de candidatura do geoparque à Unesco, onde ocorre a avaliação e é, então, realizada uma visita do avaliador para certificação ou não do Geoparque através do recebimento da Carta Verde ou negativa da Unesco.
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