Santa Maria responde se considera importante relembrar a tragédia; confira resultado das redes sociais

Maurício Araujo

Santa Maria responde se considera importante relembrar a tragédia; confira resultado das redes sociais

A tragédia na boate Kiss marca o capítulo mais triste e doloroso da história de Santa Maria. Há 10 anos, a cidade não é mais a mesma nem deve ser. Ao longo da década, as principais lutas para que as 242 vidas perdidas no labirinto que era a Kiss não sejam esquecidas ficaram mais restritas às famílias e amigos próximos, cada um da sua forma. A comunidade santa-mariense, no entanto, não abraça como deveria a sua principal dor. A impunidade depois de tanto tempo pode até ser usada de argumento por parte das pessoas para o cansaço da luta sem respostas efetivas. Mas “esquecer”, “superar” ou “deixar eles descansarem” (palavras constantes em publicações de reportagens relacionadas) é silenciar as famílias. Não podemos permitir que calem quem luta pela memória dos filhos e para que tragédias evitáveis – como na Kiss – voltem a acontecer.

Nesta semana, o Diário perguntou no Instagram: “uma década depois do incêndio, você considera importante relembrar a tragédia na boate Kiss?”. Mais de 90% das pessoas disseram que “sim”. Das que responderam “você pretende participar das homenagens para as vítimas”, 43% afirmaram que “não”. Os números da enquete contrastam com as centenas de comentários nas redes sociais do Diário, em que boa parte dos internautas pareciam incomodados pelas publicações e muitas pediam “para que parássemos de falar sobre…”. Não iremos.

A psicóloga e psicanalista do Eixo Kiss, Ariádini de Andrade, destaca que “aquilo que silenciamos não conseguimos entender. Vai para baixo do tapete”. A especialista também ressalta que essa é uma ferida de todos nós, de toda Santa Maria, e precisamos assumir como nossa, de fazer isso de forma coletiva:

– Palavras como superar, de algo tão traumático como a tragédia, é dizer “fiquem quietos”. É claro que vai doer, porque a dor se impõe. Se esses sobreviventes, familiares e amigos são excessivos, é porque o evento é excessivo – pontuou.

Que possamos refletir mais sobre o que foi a tragédia da boate Kiss e as marcas que ela deixou, que possamos ser mais empáticos e solidários com familiares e sobreviventes. Que respeitemos a dor e o luto, afinal, segundo Ariádini, ninguém tem o direto de dizer quando um luto acaba. Antes de pedir para que alguém “supere”, lembremos a frase estampada em cartazes da associação de familiares e sobreviventes: “resgatar a memória é construir o futuro”.

O Diário perguntou

Uma década depois do incêndio, você considera importante relembrar a tragédia na boate Kiss?

Sim – 91% (892 votos)

Não – 9% (93 votos)

Total de participações – 985

Você pretende participar das homenagens para as vítimas

Sim – 57% (386 votos)

Não – 43% (289 votos)

Total de participações – 675

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Autoridades do país se manifestaram em solidariedade às vítimas da boate Kiss Anterior

Autoridades do país se manifestaram em solidariedade às vítimas da boate Kiss

“Todo Dia a Mesma Noite”: Netflix revive dor da tragédia da Kiss com luta Próximo

“Todo Dia a Mesma Noite”: Netflix revive dor da tragédia da Kiss com luta

Geral