Saiba o que é a síndrome de Burnout, tema de lei sancionada recentemente em Santa Maria

Arianne Lima

Saiba o que é a síndrome de Burnout, tema de lei sancionada recentemente em Santa Maria
Com a pandemia de coronavírus e o retorno presencial das atividades, a temática Saúde Mental tem entrado em discussão em rodas e espaços de poder em Santa Maria. Recentemente, a Lei 6.693/2022 foi sancionada pelo Poder Executivo, incluindo a Semana de combate e conscientização sobre a síndrome de Burnout no Calendário oficial do município.

Embora o passo seja importante, muitas pessoas ainda não sabem no que consiste a lei ou quais são os sintomas da síndrome, que desde o início deste ano, é reconhecida e classificada como uma doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Iniciativa

A norma é oriunda do Projeto de Lei (PL) 9.497/2022, submetido a Câmara de Vereadores de Santa Maria, no início de outubro deste ano. Em entrevista ao Diário, o autor do PL, vereador Danclar Jesus Rossato (PSB) falou sobre a origem da iniciativa:

– Conversando com diretores e professores, chamou a atenção o número de profissionais afastados por questões de saúde mental. Eu fiz um pedido de informação para a SMEd (Secretaria de Município de Educação) e também para a Secretaria Estadual e realmente foi constatado um grande número de profissionais da área de Educação afastados por causa desta questão. Baseado nesses dados, nós resolvemos encaminhar um projeto com esta proposta.

Na justificativa do projeto, também são considerados os dados sobre afastamento de profissionais da Secretaria de Saúde de Santa Maria pelo mesmo motivo em 2021 e no período de janeiro a junho de 2022. Ao ser sancionada, a lei prêve a realização de ações de prevenção e diagnóstico precoce, assim como a promoção da saúde do trabalhador e a orientação sobre o acesso aos serviços no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Mesmo que a semana tenha como referência o 15 de outubro, conhecido como Dia do Professor, a programação municipal deve contemplar a todos.

– Outras profissões apontaram esta necessidade também. Então, este é um processo que queremos divulgar cada vez mais, porque muitas pessoas nem sabem do que se trata isso ou nem se deram conta e já estão em um processo de tensão emocional muito grande oriunda do esgotamento físico. Há um momento na vida, em que a pessoa precisa desacelerar, cuidar-se, estar emocionalmente equilibrada para ser um profissional eficiente. E se não for chamada a atenção para isso, se não for conscientizado, provavelmente, as pessoas irão adoecer – afirma Rossato.

O que é a síndrome de Burnout?

Também conhecida como síndrome do Esgotamento Profissional, a doença é definida pela OMS como um “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”. De acordo com a psicóloga e especialista em Terapia Cognitiva e Psicologia Hospitalar, Luciane Benvegnú Piccoloto, a doença é composta por três dimensões relacionadas entre si:

Exaustão emocional – Refere-se ao esgotamento dos recursos físicos e psíquicos por desgaste emocional e resulta em falta de energia e de entusiasmo em relação ao trabalho

Despersonalização – É o distanciamento interpessoal, com diminuição do envolvimento emocional no trabalho e do desenvolvimento de atitudes impessoais e desumanizadas no tratamento de clientes e de colegas

Baixa realização pessoal no trabalho – Corresponde à dimensão de autoavaliação negativa e relaciona-se à baixa produtividade laboral e a sentimentos de ineficácia e de incompetência, que promovem insatisfação profissional

Segundo a especialista, este fenômeno psicossocial também tem consequências negativas em âmbito individual, familiar, profissional e social:

– As relações familiares e sociais ficam de lado e, muitas vezes, aparece o isolamento. Todas as questões de outras áreas da vida ficam em segundo plano e não trazem mais sensações de prazer e bem estar. Baixa autoestima e dificuldade em enxergar o próprio valor e de outras pessoas, sinais e desesperança e depressão aparecem com frequencia, a “perda de graça” em relação as coisas da vida. Esses sintomas indicam que a pessoa precisa de ajuda profissional.

A ansiedade, que atualmente colocou o Brasil no topo do ranking mundial da OMS referente ao transtorno, também é descrita pela psicóloga como um alerta para o Burnout.

– A ansiedade pode surgir com dificuldades em se desligar do trabalho, não conseguir deixar de checar mensagens, e-mails. O pensamento ficar focado no trabalho o tempo todo, com preocupações intermináveis relacionadas a vida profissional. Dores e desconforto físico, isonia, fadiga em excesso. Em muitos casos, pode levar ao consumo excessivo de álcool e outras drogas, compulsão alimentar – detalha Luciane.

A especialista relembra que condições de trabalho com altos níveis de estresse levam ao esgotamento, o que desencadeia o Bournout. Por conta disso, algumas profissões podem estar no topo da lista, mesmo que todas as áreas possam desenvolver a síndrome. As mais propensas são:

Profissionais da área da saúde

Policiais

Professores

Jornalistas

Advogados

Bombeiros

O cenário no qual os casos de síndrome de Burnout vem crescendo também é analisado por Luciane, que destaca o conhecimento e a divulgação de informações como fatores que contribuem para a alta nos índices:

– O excesso de tempo online e os horários estendidos podem contribuir para o esgotamento no trabalho. Além disso, as mudanças no cenário econômico, as incertezas com relação ao futuro no trabalho são fatores que favorecem o estresse. Ao mesmo tempo, o conhecimento e divulgação ampla da doença, bem como a sua classificação oficial pela OMS, trouxe um reconhecimento por parte dos trabalhadores e empregadores que também aumenta o diagnóstico e a procura por tratamento. Esse fenômeno é muito frequente. Sempre que surge um novo diagnostico, também surgem mais casos.

Arianne Lima – [email protected]

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