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Resiliência para viver: quem é o santa-mariense de 112 anos que pode ser o homem mais velho do mundo

Resiliência para viver: quem é o santa-mariense de 112 anos que pode ser o homem mais velho do mundo

Beto Albert

Como era o mundo em 1912, ano do naufrágio do Titanic e nascimento do Rei do Baião, Luiz Gonzaga? Mais de um século depois, é possível que existam testemunhas para nos contar a história no decorrer de mais de um século?


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Hoje em dia, apesar de crescente, a expectativa de vida do brasileiro é de 76,4 anos, de acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas um santa-mariense passa muito longe disso. É Atílio Machado, que comemora – com saúde – seus 112 anos e três meses de vida.

Nascido em Santa Maria, em 12 de setembro de 1912, ele é hoje um supercentenário – faixa de idade a partir dos 110 anos. Foi espectador de duas guerras mundiais, ditadura militar, da redemocratização no Brasil, da chegada do homem à lua e dos cinco títulos brasileiros na Copa do Mundo de Futebol.

Atualmente, dividindo a convivência com cerca de 60 idosos, Atílio recebe os cuidados do Lar Vila Itagiba. A rotina, que começa cedo, entre 5h e 6h da manhã, é marcada por caminhadas. Uma vida ativa pode ser o segredo da vida longa do ancestral, como conta uma das cuidadoras, Regina Nazaro:

– Ele faz coisas impressionantes,  movimenta-se muito. Às vezes, cai algo no chão e ele mesmo junta. É muito ativo e tem acesso a todos os locais do lar.


Seu Atílio pode ser o homem mais velho do mundo?

Apesar da certidão de nascimento e a carteira de identidade (RG) comprovarem a data de nascimento, o nome dele ainda não está no Guinness, o Livro dos Recordes. O primeiro lugar no ranking de homem mais velho do mundo pertence também a um brasileiro: João Marinho Neto, nascido em 5 de outubro de 1912. Mesmo sem registro oficial, Atílio é alguns dias mais velho do que o cearense.

A direção da casa de permanência já estuda a possibilidade de realizar a inscrição do supercentenário santa-mariense. De acordo com Marcos Delgado, coordenador do espaço, o processo é simples, mas demanda de outras comprovações, além dos documentos oficiais já existentes:

– Estamos, por enquanto,  com a certidão de nascimento e o registro de RG. Oficialmente ,ele tem 112 anos. Mas estamos em busca de outros dados para entender no que o juiz da época se baseou para cravar a data de nascimento.

Beto Albert

Para ser autenticado, o material deverá passar por uma análise da equipe especializada da LongeviQuest - uma autoridade global que reúne banco de dados sobre os mais velhos do mundo. Caso seja verificado, seu Atílio pode, sim, figurar como o homem mais velho do mundo.

- Se conseguirmos o registro, vamos comprovar a longevidade do gaúcho. Também vamos mostrar o quanto ele, assim como os demais que estão aqui, são bem cuidados. Hoje, com 112 anos, ele caminha e faz estrepolias por aqui. Isso precisa de registro - comenta Delgado.


Uma história centenária

O histórico de Atílio é uma incógnita para o lar. Mesmo já residindo no espaço do Bairro Chácara das Flores há três décadas, ele nunca recebeu visita de familiares. Conforme registros do local, o idoso passou a residir no Vila Itagiba, em 1992, no auge dos seus 80 anos. O santa-mariense veio do Lar das Vovozinhas, quando este passou a abrigar somente idosas do gênero feminino.

Antes disso, teve passagens por um hospital psiquiátrico da capital gaúcha, devido ao diagnóstico de esquizofrenia. No entanto, nada mais se sabe sobre a vida de Atílio: onde morou, se teve filhos, netos e bisnetos, o que fazia da vida ou o que estudou. São questionamentos que a equipe do lar ainda pretende sanar.


Qual o segredo para tanta longevidade?

Um passado sem registros, mas um presente de alegrias. Assim é descrita a história de Atílio por quem convive diariamente com ele.

- Viver 112 anos não é fácil. Ele está num ambiente reduzido, dentro de um lar. Mas ele é tão tranquilo. Conversamos com ele e notamos que ele presta atenção. Ele é muito atencioso e carinhoso, é impressionante - comenta Marcos Delgado.

Os colegas de convivência são praticamente garotos - perto de Atílio - com exceção de outro senhor, que comemorou em 2024, 98 anos. No refeitório, junto aos colegas, o centenário recebe o lanche da tarde e come com as próprias mãos, sem necessitar de qualquer auxílio. Não possui quaisquer restrições alimentares e tem uma dieta balanceada, organizada pela nutricionista do local.

Beto Albert


Apesar de conversar pouco, Atílio ouve bem e é atento aos sons do redor. Ao longo do dia, outro entretenimento é assistir TV, na sala de convivência. Uma vida tranquila, com poucos ou nenhum estresse.

- Ele não se queixa de nada, é amável e tranquilo. É tão carinhoso, ele retribui todo o cuidado. Temos um sentimento por ele de proteção, e ele, de segurança - afirma a cuidadora Regina.

O idoso faz uso de medicação por conta da esquizofrenia, o que inclusive não afeta em nada o contato com a realidade e o discernimento do que é real, como afirmam as cuidadoras. Nas poucas palavras do idoso, mas nos muitos gestos e ações cotidianas, Regina conta que aprende diariamente:

- Aprendi uma lição muito grande com ele: nosso tempo terreno deve ser vivido intensamente. Ele nos ensina a viver tudo com bondade. Seu Atílio me ensina que a vida é um dom divino e merece ser vivida.


Região tem a segunda mulher mais velha do mundo

Nascida em São Francisco de Assis, Inah Canabarro Lucas, conhecida como Irmã Inah, é - aos 116 anos - validada e reconhecida pela LongeviQuest como a pessoa viva mais velha nas Américas e a segunda mulher mais velha do mundo.

Bisneta do general David Canabarro, um dos principais líderes da Revolução Farroupilha, Inah se formou freira ainda na juventude. Depois de uma passagem no Rio de Janeiro (RJ), a religiosa voltou ao Sul, para dar aulas de português e matemática em Santana do Livramento, na Fronteira.

Conforme dados do Guinness, Canabarro reside atualmente em um convento em Porto Alegre. Durante a pandemia, aos 112 anos, ela recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19, tornando-se uma das pessoas mais velhas a receber o imunizante.

LongeviQuest


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Tayline Manganeli

tayline.manganeli@diariosm.com.br

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