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Radialista fala sobre seu trabalho ao promover o automobilismo em Santa Maria

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Arquivo Pessoal
Com a esposa Rosane, no Encontro da Associação de Veículos Antigos de Santa Maria (Avasm)

Guto Penna, 65 anos, foi radialista durante 36, nos quais trabalhou na Rádio Medianeira e Rádio Universidade. Ele é casado com Rosane Penna, 61 anos, e teve dois filhos, Marcos, 30 e Mauro, 29. Seu amor pelo automobilismo começou cedo, na década de 1970. Seu primeiro ídolo foi Emerson Fittipaldi, que corria na Fórmula 1. O rádio e a velocidade sempre foram suas principais paixões, então ele decidiu unir estas duas coisas. Em 1983, o programa Circuito 1130 estava no ar na Rádio Medianeira. Inicialmente, Guto o apresentava sozinho, mas, após um tempo, convidou o seu amigo Renato Molina, que compartilhava dos mesmos gostos. Em 1986, o programa saiu do ar, voltando em 1988, já na Rádio Universidade, como Fórmula Uni, onde permaneceu no ar até junho de 2017.

Diário - Que lembranças tem da infância?
Guto Penna - Tive uma infância normal. Estudei na Escola Olavo Bilac. Em 1965, passei um ano interno em Ivorá. No outro ano, entrei para o Colégio Santa Maria. Fiz parte dos pequenos cantores e depois ingressei na Banda Marcial Irmão Leão, o que para os participantes era, e ainda é motivo de orgulho. Uma pena que isso não existe mais. Aprendi o companheirismo, respeito, a gostar de estudar, dedicar tempo à escola. Fazíamos por amor.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Lembrança da Banda Marcial Irmão Leão, quando foi aluno do Colégio Marista Santa Maria (No tarol, abaixo da placa Sulbanco)

Diário - Como começou a paixão pelo automobilismo?
Penna - Sempre gostei desde que conheci a Fórmula 1, através das revistas e do jornal. Me chamou atenção o piloto brasileiro Emerson Fittipaldi e comecei a acompanhar. Tenho recortes de jornal, comecei a comprar revistas especializadas em automobilismo e a me interessar por automóveis. Naquele tempo, na década de 1970, existiam ainda as corridas de carros de turismo. Uma chegou a ocorrer no centro de Santa Maria. Saiu até uma reportagem na revista Quatro Rodas. Na Avenida Presidente Vargas, aconteceram inúmeros Quilômetros de Arrancada e a segurança era apenas uma corda. Um carro de cada lado. A organização trancava a avenida. Aconteceu uma vez centro- -bairro e depois bairro-centro, do patronato até o centro. Eram carros daquela época, Gordini, DKV, Fusca, Simca Chambord, Aero Willys. Não sei se foi através do Código Nacional de Trânsito, ou criaram uma lei proibindo corridas de rua dentro da cidade, acabou tudo, nunca mais. Para acelerar, só em Autódromo, muito tempo depois, com o Autódromo Alto das Palmeiras.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">No Autódromo Internacional de Santa Cruz do Sul, durante a Stock Car

Diário - Quando surgiu a primeira chance no rádio?
Penna - Eu sempre gostei do rádio, era guri e ia nos estúdios da Rádio Medianeira, fiz amizades com o pessoal. Uma vez surgiu a oportunidade de fazer um teste, eu não sabia nem pronunciar em inglês e não tinha voz de locutor. Acho que não tenho até hoje. Antigamente, só se fazia rádio quem tinha voz. Tinha que ser um "trovão". Em 1982, eu fui conversar com o Padre Paulo Aripe, o famoso "Potrilho" e ele me deu o emprego na rádio. Comecei vendendo comerciais, fazendo cobrança. Então pedi um programa no ar sobre automóveis. Ele aceitou, mas tinha que vender comerciais também. Conversando com o famoso locutor de Santa Maria, Hugo Fontana, sobre como seria o programa, ele deu a sugestão para o nome ser Circuito e o prefixo da rádio, 1130. E aí ficou, Circuito 1130. O programa começava todas as segundas- -feiras das 22h à meia noite, na Rádio Medianeira, no Altar Monumento. Fiz até eu sair da rádio em janeiro de 1986.

Diário - Qual seu maior feito no rádio?
Penna
- Com certeza foi a entrevista por telefone com Emerson Fittipaldi, em 1983. Eu consegui o número da família Fittipaldi em São Paulo, e liguei da rádio, na noite anterior, quem me atendeu foi o Willsinho Fittipaldi, o irmão do Emerson, aí eu disse que era de Santa Maria e gostaria de uma entrevista com Emerson. Ele aceitou e marcamos para o dia seguinte. Naquela noite, mal consegui dormir de ansiedade. Todo mundo duvidava quando eu disse que ia fazer esta entrevista, acharam que era loucura e eu consegui fazer. Tenho a gravação para provar e as pessoas que estavam comigo, que estavam trabalhando na rádio e que foram testemunhas. Chegou o dia, liguei, a secretária me atendeu e um minuto depois o Emerson estava na linha. Conversamos por cerca de 20 minutos, mais ou menos. Isso que eu nem preparei pauta, pergunta. Eu consegui uma reportagem com um bicampeão mundial de Fórmula 1.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Apresentação do programa Fórmula Uni na Rádio Universidade, ao lado de Renato Molina

Diário - Qual a sua visão sobre o automobilismo atual?
Penna - O Brasil tem uma gama enorme de pilotos que já mostraram seu potencial. O problema é a falta de incentivo. Há um custo altíssimo. É preciso dinheiro de patrocinadores. Por isso que hoje, existem os pilotos "pagantes". Além disso, não temos academia de pilotos. A Confederação Brasileira de Automobilismo presta pouco apoio, e por vezes, é confusa. Poderia ser bem melhor. Mas temos pilotos em diferentes categorias, como a Fórmula Indy, e de acesso, como a Fórmula 2, que podem um dia chegar à Fórmula 1, que é a categoria máxima do automobilismo.

Diário - Qual foi sua contribuição para o Autódromo Alto das Palmeiras?
Penna - Eu e o Renato Molina, através do Fórmula Uni, trabalhamos com afinco para deixar isso em Santa Maria. Fiz tudo que estava ao meu alcance para poder elevar este esporte em Santa Maria. Aquilo que a gente fez ficou marcado e o que restaram foram as fotos. Atualmente na reta do autódromo existe a pista de arrancada, me parece que são 400 metros, agora em concreto. O que a gente conseguiu fazer, a gente fez.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Participando da organização de corridas no autódromo Alto das Palmeiras - CSA - Clube Santamariense de Automobilismo

*Colaborou Gabriel Marques

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