Seria ótimo dizer que a população, responsavelmente segue as orientações, respeita o trabalho da saúde e colabora no que for possível. Entretanto, infelizmente temos assistido, a nível nacional, a uma onda de políticos se achando no papel de donos da lei, invadindo os ambientes hospitalares com palavras de ordem, intimidando aqueles que, mesmo cansados, cumprem, honrosamente, o seu dever de cuidar. Cito aqui algumas notícias, veiculadas em diferentes locais:
“Em Guarulhos, parlamentares invadiram o Hospital Geral, provocando aglomeração em meio à pandemia de Covid-19, dizendo estarem fazendo uma fiscalização surpresa”;
“Deputados invadem o hospital de campanha do Anhembi/SP, provocando bate boca e empurra-empurra com seguranças e muita confusão. Aos gritos com celulares em punho para filmar mostraram equipamentos e pacientes”
“Grupo provocou tumulto e confusão em um hospital do Rio de Janeiro. Contrariando as normas de boa convivência e respeito para com doentes em tratamento, eles invadiram alas restritas a médicos, enfermeiros e pacientes, gritando, desferindo chutes nas portas e derrubando computadores”.
Essa moda descabida pousou por aqui também. Recentemente, um grupo de políticos adentrou a UPA com posturas nada educadas, filmando e, inclusive, divulgando imagens na internet, o que já demonstra a mais pura falta de ética.
Até onde sei, são eleitos para serem agentes políticos, com a função primordial de representar os interesses do povo perante o poder público. A população quer o pessoal da saúde trabalhando ou ouvindo ameaças em seu horário de trabalho? O que vimos foram posturas inadequadas e nada respeitosas com quem tem se dedicado para zelar da nossa saúde.
Considero que, na atual conjuntura, poderiam estar lutando no sentido de melhorar as condições de trabalho para que os profissionais tenham paz, respeito e dignidade no seu labor. Penetrar espaços reservados aos doentes infectados, que já estão passando por circunstâncias suficientemente difíceis no enfrentamento à pandemia e constranger os profissionais da saúde, certamente não são atitudes cabíveis.
Minha total solidariedade aos enfermeiros, médicos, equipe diretiva e demais membros dos serviços de saúde que fazem milagres em meio a desordem do Brasil em controlar essa pandemia.
O título “Quem cuida de quem cuida” foi inspirado no livro com este título, organizado pelas enfermeiras doutoras Regina Gema Santini Costenaro e Maria Ribeiro Lacerda.
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